Cotia - Parte 3
Estes causos fazem parte de uma homenagem ao meu Pai, Afonso Paulo da Silva, o “Cotia”... (Vide Cotia Parte 1).
Capítulo 3 – Cotia e o tiro pela culatra
Velório que era velório tinha que ter a presença do Cotia. Quem já o conhecia sabia que ele tinha a péssima mania de “soltar bufas”, bem alto, na presença do falecido e dos demais presentes. Dizia ele que era uma forma de protesto pela presença de pessoas que ele julgava hipócritas, nunca em desrespeito ao defunto.
O fato inusitado ocorreu por ocasião da passagem do falecimento de seu amigo, o Negro Bicudo. “Nego bão” como ele costumava dizer, trabalhador da antiga fábrica de massas CICA, em Delfim Moreira.
Nesta feita, chegou a cavalo na casa do falecido, acompanhado de seu compadre e irmão Sebastião Silva, mais conhecido pela alcunha de “Mandiocão”, o qual já premeditara o que estaria por vir.
Ao adentrarem a sala onde estavam entre os presentes, além de Bicudo é claro, um de seus compadres, João Eva, metido a afazeres da igreja, mas que no fundo era um carrasco com a esposa e familiares, como era do conhecimento de todos na região. Após um breve cumprimento a todos e uma oração mais breve ainda, resolveu sair, e ao passar diante do “Benedito-Cujo”, caprichou na soltura do rojão.
Acontece que o esforço fora tanto, que sentiu imediatamente a ceroula (naquele tempo não existia cueca) encher de merda e escorrer perna abaixo.
Apressou a saída, a fim de encontrar refúgio e reparar o estrago que havia cometido.
Montou a cavalo, sem dizer nada a ninguém, a fim de voltar a sua casa na cidade que ficava a uns 5 km aproximadamente, onde chegaria certamente juntando mosquitos.
Retornou de madrugada, contou o fato aos amigos, bebeu cachaça, contou e ouvi causos e também rezou é lógico, como convinha a ocasião.
Conseqüência: Continuou a comparecer a velórios, continuou a “soltar rojões”, porém só fez isso na presença de João Eva apenas uma vez, no dia do velório deste seu desafeto.