Cotia - Parte 1
Estes causos fazem parte de uma homenagem ao meu Pai, Afonso Paulo da Silva, o “Cotia” como era bastante conhecido em Delfim Moreira - MG.
Não existe uma seqüência nas narrativas, mesmo porque a maioria dos fatos eu tomei conhecimento por intermédio de seus irmãos e amigos, após ele ter nos deixado.
De uma família de 12 irmãos, Cotia era uma figura rara. Trabalhador, severo quando convinha, alegre e acima de tudo possuidor de um carisma invejável.
Capítulo 1 – Cotia na Igreja
O Padre Arlindo de Delfim Moreira era daqueles que conhecia todos daquela pequena cidade. Em épocas de festas, ele visitava as fazendas arrecadando prendas, se fartava de boa comida e bebia cachaça na casa da maioria dos fazendeiros da região, e Cotia não era exceção.
Antes de começar uma celebração, conversava com muitos na igreja, sobre os mais diversos assuntos, fazendo com todos ficassem muito a vontade.
Pois bem, em uma dessas ocasiões, o Pároco fora substituído, por motivo de doença, por outro de um município vizinho, que tinha a fama de ser um tanto quanto severo. O famoso Padre Pedro.
Antes da celebração, o povo “mal acostumado” conversava animadamente. Cotia e seu irmão (Tio Toninho), falavam sobre venda e compra de vacas, cavalos, cabritos e outros animais.
Foram interrompidos por Padre Pedro, que passava no local, que sentenciou:
- Vocês querem vender vacas, então vão fazer isso lá fora.
Ao que Cotia respondeu prontamente:
- É melhor a gente negociar lá fora mesmo, porque aqui já tem animal sobrando.
E Antonio complementou:
- Burros, principalmente.
Conclusão: Cotia não apareceu na igreja por mais de dois meses, período em que Padre Pedro, ficou temporariamente na paróquia.
Quando Padre Arlindo retornou e ficou sabendo do entrevero, foi procurá-lo. Conversaram, riram muito e principalmente comeram e beberam muita cachaça em companhia do compadre Toninho.
De Padre Pedro, nunca mais se ouviu falar.