Assim eu ouvi
Assim eu ouvi do velho Martins, que parava sempre na venda de Seu Dirceu para uma boa prosa e um dedo de cachaça, esse que muito já adentrou a matas de São Rebento, e dessa vez falou que tinha visto o catiço em pessoa ,cidade pequena mas bem pacata, apesar das histórias a que a cercavam ,coisas de seres da mata, criaturas antigas de lendas e fábulas do imaginário do povo do interior ,eu sempre ouvi da minha querida vovó Alcira, que Deus a tenha, era muito amiga da parteira, a velha Jundiara, rezadeira, curandeira que lhe falava de pé junto que já vira perto de seu casebre várias dessas entidades, mas a respeitavam ,pois sabia que ela conseguia ver o outro mundo ,diz que tinha a visão e a vidência e essas histórias me prendiam.
O velho falou que virá um negro de uma única perna com uma calça curta vermelha e um barrete vermelho e o mais louco o mesmo subiu em uma espécie de porco brabo gigante e saiu em disparada pela mata enquanto soltava uma histérica gargalhada ,e assim eu ouvi:
“- Estava eu a caminhar pela mata e acabo sempre fazendo as mesmas trilhas, onde pego minhas frutas e verifico minhas pequenas armadilhas ,meu fio! Ainda gosto muito da carnes de caça ,poucas coisas tão prazer a esse velho, mas senti uma sensação estranha um vento que na era normal, andava devagar pois já havia algumas aves na minha capoeira ,foi que cheguei a pequena clareira e percebi que não estava sozinho, sentado em uma pedra estava um negro de ombro largo tacando fogo num pito e vi que que me olhava com uma cara de riso, de deboche e ainda falou a mim:
-você é esperto véio, mas ainda te prego uma peça.
Levantou tão rápido e praticamente caiu sentado no porco brabo, que até eu não tinha visto e saiu em disparada, ele para um lado eu pro outro e do bufando até agora! ”
Assim eu vi disse o véio, depois de mais uma talagada na danada.
-E Deus me leve se estiver mentindo!!!!
Marcelo Saci Mendes by Cara de porco 1999