Mensagem do meu amigo Barnabé Varejeira - O Dodó Doido e a rã.
Cérjim, meu amigo, ôje conto p'ocê uma instória do Dodó Doido. Ocê asselembra dele? O Dodó Doido é aquele doido-varrido que vive de caçá sapo no cemitério. E agora, Cérjim, alembrôusse dele? Pois saiba que agora aquele doido-de-pedra, além de caçá sapo, deu-se na cachola, e no bestunto, a mania de caçar rã. Ônte ele correu pelas rua do bairro, de um lado pr'ôtro, berrando, como um endoidecido: "Achei rã que voa! Achei rã que voa! Achei rã que voa!" Só fartava anunciá a notícia no jornal. E ele carregava com ele um bicho, bicho que ele mostrava pá todo mundo. E eu, o Gumercindo, o Tião e o Mané Marreco 'tava na praça, jogando truco, e veio até nós cuatro o Dodó Doido, que, enquanto nos exibia, pá nós vê, o bicho que tinha consigo, berrava, ferindo-nos os tímpano: "Achei rã que voa! Achei rã que voa! Achei rã que voa!" Olhamos bem po bicho, po bicho, que fique bem entendido, que o Dodó Doido trazia nas mão, e não po Dodó Doido, que também é um bicho, um bicho bem doido; então, prossigo, olhamos po bicho, e olhamos bem, e não ficamos espantado com o que vimos; e olhamos nós cuatro cada um de nós pá os ôtro três, mas pá cada um dos ôtro três de cada vez e não pá os três de uma vez só, e sorrimos. E falamos todos de uma vez, como se fosse combinado de antemão, po Dodó: "Dodó, esse bicho nas sua mão não é uma rã; é um morcego." E o Dodó Doido, doido que só ele, saiu como quem não qué nada e quem nada tinha ovido, com o refrão: "Achei a rã que voa! Achei a rã que voa! Achei a rã que voa!" E o Mané Marreco observô: "Daqui a pôco o Dodó vai cacá perereca, pegá uma, e dizê que é um tamanduá." Pois é, Cérjim, o Dodó 'tá cada dia mais doido. Vãmo rezá p'alma dele.