28 - DE PASSAGEM, NA CASA DOS AVÓS
Durante quase vinte anos Billy Lupércio Daniel viveu na Vila Macambiras, situada nas cercanias da comunidade Cafundós de Judas, que mais tarde foi emancipada, dando vida ao município que mantém o mesmo nome.
Ali, aos trancos e barrancos, ele pôde estudar as primeiras letras numa modesta escola particular de sua comunidade, até a conclusão da última série do ensino primário numa escola pública estadual, desta feita já no centro da cidade.
Até seus treze anos de idade, os pais dele moravam nas cercanias da zona urbana do município onde ele nasceu e ali mantinham em atividade uma pequena propriedade rural. Em virtude da necessidade premente de reurbanização e de crescimento da cidade, os proprietários de pequenas glebas de terras cultiváveis, contíguas ao núcleo urbano, foram intimados a ceder seus espaços agricultáveis para a criação de novos logradouros municipais, após um discutível processo indenizatório.
Depois dessas mudanças de reurbanização da cidade, os pais de Billy foram obrigados a se instalar numa propriedade rural um pouco mais distante do núcleo urbano. Lá eles tiveram de começar da estaca zero. Billy foi morar com eles, evidentemente, e como já estava trabalhando no centro da cidade, diariamente, saía pela manhã para trabalhar e só retornava para casa no fim da tarde, quase noite.
Antes do desfazimento das pequenas propriedades rurais próximas ao núcleo urbano, visando à mudança na estrutura urbanística do município, as pessoas que formavam a pequena comunidade suburbana, faziam parte de uma linhagem de parentescos muito próximos.
Os pais moravam próximos dos filhos, que viviam perto dos avós, e estes dos netos, respectivamente. Nessa comunidade familiar era possível brincar, brigar, cantar, sorrir e chorar, de uma maneira tão conjunta e participativa que, mesmo aqueles que estavam só de passagem na casa dos avós, já se sentiam como se nela já morassem há muito tempo.
Billy não conheceu seus avós paternos. Quando ele nasceu, ambos, avô e avó já tinham morrido. Billy cresceu vendo sua avó e seu avô maternos, todos os dias, porque a distância de sua casa para a deles era bem pequena.
Billy não se lembra de ter passado uma semana inteira vivendo e, ao mesmo tempo, dormindo na casa dos seus avós maternos; mesmo que ele quisesse fazê-lo, seus pais não lhe permitiriam, achando que ele estaria querendo fugir das responsabilidades diárias da casa onde viviam os demais membros de sua família.
A avó de Billy, em especial, era uma pessoa muito trabalhadora. Ela era uma artesã de mão cheia. Ela também tinha, por certo, as mãos cheias de calos, literalmente falando, de tanto manusear os fios de caroá, extraídos de uma planta bromeliácea que produz fibras têxteis.
Diariamente, ela ficava, ali, movimentando-se de um lado para o outro, frente ao seu tear improvisado, quando estava tecendo suas esteiras feitas com a palha de taboa, que é uma planta perene e herbácea, com cerca de dois metros e meio de altura, que, na época de reprodução, apresenta espigas da cor café, contendo milhões de sementes que se espalham com o vento.
Quanto ao seu avô, ele comentou que apesar de ser um homem de aparência carrancuda, com um modo de agir aparentemente enérgico, ele era um ser humano muito compreensível.
Trabalhava de sol a sol, na sua propriedade rural e ainda lhe sobrava tempo para conduzir sua frota de animais de carga, transportando sacos de farinha de mandioca de algumas cidades vizinhas, para vendê-los por atacado nas feiras livres de outras cidades vizinhas, também.
Depois de Billy ter passado todo esse tempo, sem a presença física deles, fica imaginando que tanto antes, quanto agora, tanto ele, quanto seus saudosos avós, todos só estaremos aqui de passagem.
Diz, ainda, que por uma questão de assunção antecipada da fila para a aquisição de passagens para a realização de suas viagens para o espaço extra sideral, é que seus avós já estão lá há mais tempo - relativiza.
Enquanto isso, do lado de cá, os netos de Billy também estão há já algum tempo, vivendo de passagem, na casa dos seus avós, maternos e paternos, respectivamente, graças a Deus e, que se Ele assim o permitir, que o seja por muitos e muitos anos.
Ali, aos trancos e barrancos, ele pôde estudar as primeiras letras numa modesta escola particular de sua comunidade, até a conclusão da última série do ensino primário numa escola pública estadual, desta feita já no centro da cidade.
Até seus treze anos de idade, os pais dele moravam nas cercanias da zona urbana do município onde ele nasceu e ali mantinham em atividade uma pequena propriedade rural. Em virtude da necessidade premente de reurbanização e de crescimento da cidade, os proprietários de pequenas glebas de terras cultiváveis, contíguas ao núcleo urbano, foram intimados a ceder seus espaços agricultáveis para a criação de novos logradouros municipais, após um discutível processo indenizatório.
Depois dessas mudanças de reurbanização da cidade, os pais de Billy foram obrigados a se instalar numa propriedade rural um pouco mais distante do núcleo urbano. Lá eles tiveram de começar da estaca zero. Billy foi morar com eles, evidentemente, e como já estava trabalhando no centro da cidade, diariamente, saía pela manhã para trabalhar e só retornava para casa no fim da tarde, quase noite.
Antes do desfazimento das pequenas propriedades rurais próximas ao núcleo urbano, visando à mudança na estrutura urbanística do município, as pessoas que formavam a pequena comunidade suburbana, faziam parte de uma linhagem de parentescos muito próximos.
Os pais moravam próximos dos filhos, que viviam perto dos avós, e estes dos netos, respectivamente. Nessa comunidade familiar era possível brincar, brigar, cantar, sorrir e chorar, de uma maneira tão conjunta e participativa que, mesmo aqueles que estavam só de passagem na casa dos avós, já se sentiam como se nela já morassem há muito tempo.
Billy não conheceu seus avós paternos. Quando ele nasceu, ambos, avô e avó já tinham morrido. Billy cresceu vendo sua avó e seu avô maternos, todos os dias, porque a distância de sua casa para a deles era bem pequena.
Billy não se lembra de ter passado uma semana inteira vivendo e, ao mesmo tempo, dormindo na casa dos seus avós maternos; mesmo que ele quisesse fazê-lo, seus pais não lhe permitiriam, achando que ele estaria querendo fugir das responsabilidades diárias da casa onde viviam os demais membros de sua família.
A avó de Billy, em especial, era uma pessoa muito trabalhadora. Ela era uma artesã de mão cheia. Ela também tinha, por certo, as mãos cheias de calos, literalmente falando, de tanto manusear os fios de caroá, extraídos de uma planta bromeliácea que produz fibras têxteis.
Diariamente, ela ficava, ali, movimentando-se de um lado para o outro, frente ao seu tear improvisado, quando estava tecendo suas esteiras feitas com a palha de taboa, que é uma planta perene e herbácea, com cerca de dois metros e meio de altura, que, na época de reprodução, apresenta espigas da cor café, contendo milhões de sementes que se espalham com o vento.
Quanto ao seu avô, ele comentou que apesar de ser um homem de aparência carrancuda, com um modo de agir aparentemente enérgico, ele era um ser humano muito compreensível.
Trabalhava de sol a sol, na sua propriedade rural e ainda lhe sobrava tempo para conduzir sua frota de animais de carga, transportando sacos de farinha de mandioca de algumas cidades vizinhas, para vendê-los por atacado nas feiras livres de outras cidades vizinhas, também.
Depois de Billy ter passado todo esse tempo, sem a presença física deles, fica imaginando que tanto antes, quanto agora, tanto ele, quanto seus saudosos avós, todos só estaremos aqui de passagem.
Diz, ainda, que por uma questão de assunção antecipada da fila para a aquisição de passagens para a realização de suas viagens para o espaço extra sideral, é que seus avós já estão lá há mais tempo - relativiza.
Enquanto isso, do lado de cá, os netos de Billy também estão há já algum tempo, vivendo de passagem, na casa dos seus avós, maternos e paternos, respectivamente, graças a Deus e, que se Ele assim o permitir, que o seja por muitos e muitos anos.