A Lenda do CABEÇA DE CUIA

"Lenda do Cabeça de Cuia" narra a triste e trágica vida de Crispim - garoto pobre que morava com a mãe, na região onde se situa o bairro Poty Velho, aqui emTeresina: área ribeirinha ao Rio Parnaíba, próxima à desembocadura do Rio Poty. Esse encontro dos rios, torna a capital piauiense uma linda e calorenta mesopotâmia.

E, o que nos conta essa magnífica lenda? Certa vez, Crispim saiu cedinho para pescar. Voltou pra casa tarde da noite... cansado, com fome e zangado por não conseguir um mísero peixe, por menor que fosse.

Dia seguinte... no almoço, a mãe lhe serviu apenas “sopinha de ossos”. Nada mais. Era o que tinham em casa. Injuriado, Crispim lhe arremeçou um osso na cabeça. Em consequência da pancada, a mulher morreu agonizante. 

No último suspiro... desencantada com a traiçoeira atitude do filho, ela o amaldiçoou: "doravante, sua vida seria navegar pelo Parnaíba, sem destino, dia e noite... e a cabeça cresceria tanto, que ficaria disforme e enorme, semelhante a uma cuia", vasilhame utilizado pelos ribeirinhos para transporte e consumo d'água.

Reza a lenda, que o cabeçudo Crispim permaneceu desorientado, vagando sem parar, até morrer afogado. Somente, teria se libertado da maldição, caso “comesse 7 moças virgens, todas com nomes de Maria".

Entre ribeirinhos é verdadeira a triste história. Muitos acreditam que Crispim, ainda, está vivo. Por isso... há uma espécie de "tácita proibição" para que virgens, com nome Maria, não tomem banho e lavem roupas no Rio Parnaíba... e nem fiquem saracoteando, sozinhas, por suas margens.

É a mais conhecida e importante, dentre as diversas lendas que compõem o fantástico foclore piauiense.

E... em noites enluaradas, quando passeio pelas margens do "Velho Monge", como carinhosamente é apelidado nosso majestoso Parnaíba, contemplo fixamente suas águas barrentas (colaração proveniente do assoreamento e da captação dos esgostos urbanos). Nesses momentos, tenho a tênue esperança de ver um pequenino barco à vela, navegando à esmo... e dentro, o nosso infortunado CRISPIM!

Bom... por muito tempo, não se soube que alguém tenha visto vestígios de Crispim e sua enorme Cabeça de Cuia. Até que, aqui em Teresina, o nosso Mozaniel Almeida (conhecido pelo epíteto "Um Piauiense Armengador de Versos") e mais dois amigos, depararam-se com o amaldissoado, boiando numa vazante do Rio Parnaíba, debaixo de alguns pés de "maria mole".

A aventura é narrada no causo "Cabeça de Cuia", postado em sua escrivaninha. LEIAM, por favor!

Antônio NT
Enviado por Antônio NT em 14/05/2020
Reeditado em 17/01/2023
Código do texto: T6946698
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