UM SUSTO NO CARNAVAL


UM GRANDE SUSTO NO CARNAVAL

Num passado não muito distante, uma das formas mais sadias de se brincar o carnaval foram os blocos de ruas, com suas saudosas marchinhas e os bailes de mascaras realizados nos clubes, por grupos dotados de moral ética. Onde os foliões se comportavam de forma respeitosa com certa exigência na maneira de dançar. Mas ninguém estava imune a uma paixão entre homem e mulher, e os romances aconteciam.
Aconteceu por ocasião em um baile de gala de uma cidade histórica. No encerramento de uma terça gorda de carnaval. Com muita diversão e entretenimento, a universitária Silvia Regina se deu ao luxo de ser cortejada, pelo folião mais cobiçado naquele baile de mascara de um requintado clube daquela importante cidade interiorana, onde ela cursava medicina. Um ambiente frequentado pela elite. As regras eram rígidas e cumpridas a risca pelos participantes. Um ambiente sadio onde todos se respeitavam. Identificados individualmente por um comitê responsável por manter a ordem e segurança, cada um recebia sua senha numerada. Ninguém poderia tirar sua mascara durante o evento. Só se identificavam ao terminar o baile. Se optassem poderiam permanecer anônimos, entrando e saindo sem se identificar publicamente.
Silvia Regina, cujo pai, um magnata muito rico de apenas quarenta, viúvo, conhecido como o barão do café, homem famoso e respeitado, jamais admitiu qualquer deslize ou ato ilícito de um de seus filhos. Mantinha suas aventuras amorosas, satisfazendo suas necessidades como homem, com absoluto sigilo, mas longe do seu universo patrimonial. Um exemplar cidadão.
Dedicada aos estudos e longe de casa, sua filha Silvia Regina frequentava os bailes no requintado clube da elite metropolitana, onde extravasava seu estressante  cansaço nos estudos, recompondo as forças para seguir em frente.
Ao término de uma terça feira gorda de carnaval após dançar o dia todo, ela apaixonada, pelo seu par um coroa galanteador, maduro, vinte anos mais velho que ela, embora oculto por sua luxuosa fantasia. Fascinada por tamanha gentileza ela aceitou acompanhá-lo ao hotel, onde seu príncipe encantado estava hospedado numa luxuosa suíte. Abraçados se misturando aos blocos que invadiam as ruas, dirigiram-se ao hotel a apenas duas quadras do clube onde dançaram o dia o dia todo.
Na suíte mais uma brincadeira carinhosa aconteceu. Disputaram no cara ou coroa qual deles se despiria primeiro livrando da mascara, ficando o vencedor com o direito de escolha. Vencendo o gentil cavalheiro aguardou pacientemente a ela tomar um delicioso banho , ao sair embrulhada na toalha, um grande susto. Seria cômico, se não tivesse um fim tão trágico. Ansioso para abraçá-la ele aguardava de pé. Ao vê-la saindo do banheiro semi nua, com os seios a mostra ele a reconheceu, aterrorizado soltou grito de espanto e caiu de costas sobre a cama, imóvel.
Desesperada ela se vestiu e pediu socorro ao gerente na recepção do hotel. De imediato chamaram um medido, que o examinou constatando morte súbita por um enfarto fulminante. Ao retirarem sua mascara  ocultando seu rosto, em estado de choque ela desmaiou. Socorrida pelo médico, aos poucos recobrou o sentido, trêmula e assustada, mas muito inteligente. Procurou se equilibrar psicologicamente e respirou fundo, eapoderou-se de uma imensa coragem. Quando o medico dirigiu a ela perguntando:
-- Este senhor é seu marido senhora?
Banhada em lágrimas e soluçando ela o respondeu:- Não Doutor este é meu querido pai, que se sacrificando por mim e me acompanhou no clube durante o dia todo para que eu me divertisse, neste carnaval, viemos aqui apenas para eu tomar um banho e aconteceu esta tragédia!

OBS:( IMAGEM GOOGLE )
Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 26/02/2020
Reeditado em 29/02/2020
Código do texto: T6874474
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