BARTOLOMEU - O RICO MISSERÁVEL

- O RICO MISSERÁVEL

O pior pobre é aquele que tem dinheiro e se apegam a ele, tornando escravo, ficando muquirana, mão de vaca, pão duro, amarrado e outros adjetivos que se pode dar. É um verdadeiro miserável.

Este fato que vou narrar é real, mudarei o nome do personagem e o local para evitar problemas futuros.

No alto sertão da Paraíba, nos arredores da cidade de Itaporanga, existia um senhor conhecido como Seu Bartolomeu, riquíssimo, porém, conhecido por ser miserável. Ele era dono de vários prédios naquela cidade e num deles funcionava uma soverteria, todos os meses pegava seu cavalo, colocava uma cela gasta, sem cor,desbotada pelo tempo e uso, um *coxim abarrotado de surjo e vinha cobrar o aluguel. Descia do cavalo, que já conhecia as manhas do seu Bartolomeu, ficava pacientemente esperando, a volta de seu dono. Na soverteria a rotina era a mesma. O dono da soverteria querendo ser cortês ou para tirar sarro da cara do miserável,quando o estabelecimento estava cheio, oferecia um picolé, seu Bartolomeu ficava uma fera, sua feição mudava de maneira assustadora, ficava vermelho e gritava bem alto, como tivesse sido mordido de cobra ou coisa parecido, ecoava no salão um estrondoso nãaaaaaaaao. Vocês tem esta mania de oferecer sorvete, picolé e depois descontar no aluguel. O dono da soverteria ficava sorrindo e dava-lhe um picolé dizendo é por conta da casa.

Um fato curioso e chamava atenção quando ele passava era a maneira dos calçados. Um pé num chinelo e o outro no sapato, além de ser estranho chamava atenção de quem via, até que um curioso não se conteve e perguntou: Seu Bartolomeu o senhor está com o pé doente? “ ele respondeu, descaradamente e sem nenhum constrangimento não, é para economiza, não tem para que gastar dois sapatos de uma vez, assim quando este não prestar mais eu uso o outro pé com a outra alpargata.

Certa feita o nosso mão de vaca estava gripado e foi se consultar em PATOS. O médico receitou um xarope ele foi comprar reclamando do preço que era um absurdo além da exorbitante quantia que pagou pela consulta. Distraidamente, reclamando, foi colocar no **alforjes .desastre total o xarope cai espatifando sobre a calçada. Ele não mediu esforços se ajoelhou e lambeu literalmente a calçada sugando a ultima gota do xarope. O tiro saiu pela culatra, por mais que o pessoal da farmácia e os que iam passando na rua , pedissem, ele lambeu a calçada até não deixar vestígio do xarope, dando-lhe uma intoxicação , tendo que parar no hospital.

Numa destas idas para receber os alugues na cidade perdeu todo dinheiro que trazia. Ficou ofegante a sua face deixava transparecer, a angustia, a apreensão e o desespero em que se encontrava. Um garoto de 11 a 12 anos aproximadamente, vendo aquele desespero, aproximou-se e perguntou o SR. Está sentindo alguma coisa? Grosseiramente ele respondeu vai prá lá! Depois pensou melhor e disse eu perdi o dinheiro na estrada, você vem comigo cada um de um lado, procurando na beira da estada se você avistar uma trouxa feita com um lenço surjo não pegue me chame. O garoto achou estranho, porém vindo de Seu Bartolomeu tudo era possível. Em um dado momento o rapazinho gritou aqui, aquiii, as feições do homem trasbordou de alegria, era todo contentamento, de repente um grito ecoou na deserte estrada, não pegue..não pegue...o rapazinho tomou foi um susto e disse:não tenho coragem de pegar nesta imundice. Ele respondeu ainda bem e ajoelhando com certa dificuldade, abriu o lenço desbotado e sujo, cheio de catarro e, lá estava um bolo de dinheiro; Eufórico ele pergunta ao rapaz se alguém tivesse visto tinha coragem de pegar e abrir? Enquanto perguntava cobria de beijos aquele imundo lenço abarrotado de dinheiro. O garoto respondeu-lhe não Sr, é muito seboso, pois você vai ganhar um picolé quando chegarmos a cidade, já pensado no picolé que o dono da sorveteria ia lhe dar.

Inicio de inverno a casa velha lá do sitio, apareceram algumas goteiras. Ele contratou um homem para retelhar o casarão. Em um dado momento o rapaz ao levantar uma telha viu aquela trouxa de roupa imunda e gritou: “seu Bartolomeu o que é isto aqui ? o velho pegou, deu uma risada e disse: veja: Era um bolo de dinheiro enrolado em uma cueca surja, estava perdido,disse ele, já que você achou e me chamou, agora é meu de novo. Um dia eu perguntei seu Bartolomeu o senhor é mais rico que seu Euclides? Ele respondeu : Não Euclides tem no curaisgado ( curral gado). Assim vivia o seu Bartolomeu cheio de dinheiro , rico e pobre de felicidade, não desfrutava das coisas boas da vida que o dinheiro pode proporcionar. Este é o pior dos miseráveis.

• Cuxim feito de pano acolchoado(com algodão) se atravessa na sela com um bolso de cada lado, e senta-se nele.

**Alforjes dois bisados feitos de couro sustentados por duas tiras para colocá-los um de cada lado da sela

João pessoa, 19/07/2013 Francisco Solange Fonseca

FSFonseca
Enviado por FSFonseca em 04/01/2020
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