Diante dos factos
Tem uma história interessante que diz que a população de uma cidade alemã, nas cercanias de um campo de concentração nazista, não acreditava nos horrores produzidos pelo regime do "mito" Adolf Hitler, que tantos admiravam mesmo diante da catástrofe iminente. Recusavam-se a crer nos boatos dos verdugos que trabalhavam nos campos de extermínio, que bêbados, falavam abertamente sobre o que era aquela fumaça que saia negra das chaminés do campo como a cor da morte - ela era produto da morte industrializada. Muitos desconfiavam de tal fato, mas se negavam a aceitá-lo como verdade, grande parte ainda se deixava seduzir pelo canto da sereia da propaganda nazista até que as tropas aliadas tomaram o campo das mãos da SS. A população do vilarejo então foi convocada a fazer um "tour" macabro com o objetivo didático de forçá-los a ter um encontro com a realidade que de algum modo ajudaram a construir. Uma vez no interior do campo e diante dos horrores jamais vistos, pilhas de cadáveres calcinados, outros tantos empilhados aos montes, os sobreviventes que restaram pouco mais de uma dezena, eram homens-esqueletos vagando a esmo, essa cena dantesca provocou náusea nas boas senhoras do lugar, nas mulheres que se enamoravam dos verdugos, nos velhos, nos jovens que apoiaram entusiasticamente aquelas ideias de pureza racial e da grandeza da Alemanha tão bem martelada pela propaganda nos incautos, chocados com a cena bizarra, muitos desmaiaram, outros lamentavam a sorte daqueles seres, outros simplesmente se negavam a crer que aquilo fora produzido por aquele homem-mito que se apresentava como a encarnação do ser do “volk” alemão.