O ANDARILHO E O MILHAGRE DAS PEÉTALAS
Recém casados, Genaro e Marinha, moravam à beira da matinha próximo dum ribeirão. A única via de acesso que interligava os municípios mais populosos daquela região era a estrada de terra batida que margeava a encosta atravessando o Ribeirão pela ponte logo acima do casebre do casal de caipiras. Apesar da pobreza e do analfabetismo eram hospitaleiros. Tratavam com muito carinho os transeuntes andarilhos que por La passavam em busca de água fresca para saciar a sede. Além da água sempre ganhavam um cafezinho acompanhado de um simpático sorriso.
A patroa que morava no patamar da encosta noutra margem do ribeirão vivia de implicância com a pobre Mariinha taxando-a de oferecida mal dizendo sua hospitalidade. Vivia de cara feia e amargurada, era o oposto da empregada que desde criança trabalhava como domestica na casa grande de sua fazenda, era praticamente uma escrava na labuta de domingo a domingo, recebendo míseros trocados que mal davam para seus vestidinhos de chita e os chinelinhos de dedos. Genaro dava duro no batente pesado da fazenda, mas, não conseguia quitar a divida, contraída por ocasião de seu casamento. Estava sempre devendo ao patrão. O homem até que era compreensivo, mas, a mulher, esta era o diabo em pessoa, detestava gente pobre.
Certa tarde estando ela assando as quitandas a serem consumidas na fazenda, como fazia semanalmente, o intenso cheiro se espalhava pelo derredor carregado pelo vento que soprava na direção da estrada. Atraído pelo maravilhoso aroma do alecrim com o qual fizeram a varredura do forno, um andarilho faminto que passava pela estrada o seguiu até a fazenda. Mariinha monitorada pela patroa acabara de colocar a ultima fornada para assar.
Da porteira do curral tinha-se uma visão perfeita do forno que ficava nos fundos da casa. Avistando o pobre homem à porteira fazendo sinal, Mariinha dirigiu-se para atendê-lo, mas, foi barrada pela patroa que a repreendeu exigindo voltar ao serviço, e tomando a frente foi até a ele:
- O que tu queres oh seu velho desocupado?
–Estou faminto e La de muito longe percebi o delicioso cheiro de suas quitandas, e imaginei que se a dona me fizesse à caridade matando minha fome Deus a abençoaria muito.
–O que isso seu porco imundo aqui não tem quitanda nenhuma estou apenas secando estrume de vaca para queimar a noite espantando muriçoca, vai cassar serviço seu desocupado...!
Aquelas palavras cortaram o coração da Mariinha que nada pode fazer guardando mais um cesto de belas quitandas. O pobre homem seguiu seu destino.
Mariinha foi dispensada logo após, ficando a ultima fornada a cargo da patroa, uma tática usada por ela para que a empregada saísse antes da chegada do patrão que sempre exigia da mulher doar um pouco para ela e o marido Genaro.
O sol já mergulhava no horizonte, Mariinha botou pé na estrada rumo a sua humilde casinha, ao atravessar a ponte deparou-se com o pobre andarilho deitado a margem da estrada. Perguntou-lhe se estava doente, ele respondeu:-
Fraqueza filha apenas fraqueza-, estou viajando há dias e não encontro comida! Amparado por ela ele se pôs de pé e foi conduzido até aquele cantinho onde o amor falava mais alto. Um ranchinho de sapé à beira da matinho. Naquele momento as roseiras plantadas por Mariinha que até então só haviam vegetado sem nenhuma flor desabrocharam inúmeras flores em todas elas. Um delicioso perfume inundou todo o ambiente. Enquanto o clarão do crepúsculo refletia sobre a barba branca do pobre homem sentado sobre um pilão no terreiro do casebre, e o fogo crepitava na fornalha. Mariinha amassa numa cuia um pouco de fubá com rapadura o único alimento disponível no momento, com o qual ela pretendia alimentar pobre velho. O velho a chamou pelo nome. Surpresa ela o perguntou:
- Eu lhe disse meu nome? Não me lembro!
-Isso não faz diferença-, pegue um pouco de pétalas das tuas rosas e coloque nesta massa!
- Senhor eu não tenho rosas!
-Tens e muita veja quantas desabrocharam!
-Boquiaberta Mariinha obedeceu colocando as pétalas na massa e as levou ao fogo assando numa caçarola, coberta por uma tampa de brasas como costumava fazer. E qual não foi à surpresa, um cheiro delicioso invadiu seu casebre ao retirar do fogo, as mais belas e deliciosas broas estavam prontas, tão crescidas que já não cabiam na caçarola. Genaro acabara de chegar e ficou surpreso com o milagre que viu.
Os três se fartaram deliciando-as com o café recém-preparado. Quando o velho se preparava para partir sob os protestos do casal que insistiam pelo seu pernoite; a megera patroa chegou blasfemando, sem perceber a presença do andarilho, foi logo dizendo:
- Oh sua bruxa maldita o que fizeste com o meu forno? Eu o abri sua maldita e só encontrei estrume de vaca, fui conferir meus cestos, em lugar de quitandas encontrei estrume secos... Bruxa! E este perfume de onde vem? A essa altura o andarilho respondeu:
-Minha senhora este perfume vem das flores que representam o amor e a ternura que habita os corações e as almas de Mariinha e seu esposo Genaro, que acolhe a todos com carinho e amor! -, quanto aos estrume de vaca é para que a senhora espante as muriçocas não é isso que a senhora queria?
Recém casados, Genaro e Marinha, moravam à beira da matinha próximo dum ribeirão. A única via de acesso que interligava os municípios mais populosos daquela região era a estrada de terra batida que margeava a encosta atravessando o Ribeirão pela ponte logo acima do casebre do casal de caipiras. Apesar da pobreza e do analfabetismo eram hospitaleiros. Tratavam com muito carinho os transeuntes andarilhos que por La passavam em busca de água fresca para saciar a sede. Além da água sempre ganhavam um cafezinho acompanhado de um simpático sorriso.
A patroa que morava no patamar da encosta noutra margem do ribeirão vivia de implicância com a pobre Mariinha taxando-a de oferecida mal dizendo sua hospitalidade. Vivia de cara feia e amargurada, era o oposto da empregada que desde criança trabalhava como domestica na casa grande de sua fazenda, era praticamente uma escrava na labuta de domingo a domingo, recebendo míseros trocados que mal davam para seus vestidinhos de chita e os chinelinhos de dedos. Genaro dava duro no batente pesado da fazenda, mas, não conseguia quitar a divida, contraída por ocasião de seu casamento. Estava sempre devendo ao patrão. O homem até que era compreensivo, mas, a mulher, esta era o diabo em pessoa, detestava gente pobre.
Certa tarde estando ela assando as quitandas a serem consumidas na fazenda, como fazia semanalmente, o intenso cheiro se espalhava pelo derredor carregado pelo vento que soprava na direção da estrada. Atraído pelo maravilhoso aroma do alecrim com o qual fizeram a varredura do forno, um andarilho faminto que passava pela estrada o seguiu até a fazenda. Mariinha monitorada pela patroa acabara de colocar a ultima fornada para assar.
Da porteira do curral tinha-se uma visão perfeita do forno que ficava nos fundos da casa. Avistando o pobre homem à porteira fazendo sinal, Mariinha dirigiu-se para atendê-lo, mas, foi barrada pela patroa que a repreendeu exigindo voltar ao serviço, e tomando a frente foi até a ele:
- O que tu queres oh seu velho desocupado?
–Estou faminto e La de muito longe percebi o delicioso cheiro de suas quitandas, e imaginei que se a dona me fizesse à caridade matando minha fome Deus a abençoaria muito.
–O que isso seu porco imundo aqui não tem quitanda nenhuma estou apenas secando estrume de vaca para queimar a noite espantando muriçoca, vai cassar serviço seu desocupado...!
Aquelas palavras cortaram o coração da Mariinha que nada pode fazer guardando mais um cesto de belas quitandas. O pobre homem seguiu seu destino.
Mariinha foi dispensada logo após, ficando a ultima fornada a cargo da patroa, uma tática usada por ela para que a empregada saísse antes da chegada do patrão que sempre exigia da mulher doar um pouco para ela e o marido Genaro.
O sol já mergulhava no horizonte, Mariinha botou pé na estrada rumo a sua humilde casinha, ao atravessar a ponte deparou-se com o pobre andarilho deitado a margem da estrada. Perguntou-lhe se estava doente, ele respondeu:-
Fraqueza filha apenas fraqueza-, estou viajando há dias e não encontro comida! Amparado por ela ele se pôs de pé e foi conduzido até aquele cantinho onde o amor falava mais alto. Um ranchinho de sapé à beira da matinho. Naquele momento as roseiras plantadas por Mariinha que até então só haviam vegetado sem nenhuma flor desabrocharam inúmeras flores em todas elas. Um delicioso perfume inundou todo o ambiente. Enquanto o clarão do crepúsculo refletia sobre a barba branca do pobre homem sentado sobre um pilão no terreiro do casebre, e o fogo crepitava na fornalha. Mariinha amassa numa cuia um pouco de fubá com rapadura o único alimento disponível no momento, com o qual ela pretendia alimentar pobre velho. O velho a chamou pelo nome. Surpresa ela o perguntou:
- Eu lhe disse meu nome? Não me lembro!
-Isso não faz diferença-, pegue um pouco de pétalas das tuas rosas e coloque nesta massa!
- Senhor eu não tenho rosas!
-Tens e muita veja quantas desabrocharam!
-Boquiaberta Mariinha obedeceu colocando as pétalas na massa e as levou ao fogo assando numa caçarola, coberta por uma tampa de brasas como costumava fazer. E qual não foi à surpresa, um cheiro delicioso invadiu seu casebre ao retirar do fogo, as mais belas e deliciosas broas estavam prontas, tão crescidas que já não cabiam na caçarola. Genaro acabara de chegar e ficou surpreso com o milagre que viu.
Os três se fartaram deliciando-as com o café recém-preparado. Quando o velho se preparava para partir sob os protestos do casal que insistiam pelo seu pernoite; a megera patroa chegou blasfemando, sem perceber a presença do andarilho, foi logo dizendo:
- Oh sua bruxa maldita o que fizeste com o meu forno? Eu o abri sua maldita e só encontrei estrume de vaca, fui conferir meus cestos, em lugar de quitandas encontrei estrume secos... Bruxa! E este perfume de onde vem? A essa altura o andarilho respondeu:
-Minha senhora este perfume vem das flores que representam o amor e a ternura que habita os corações e as almas de Mariinha e seu esposo Genaro, que acolhe a todos com carinho e amor! -, quanto aos estrume de vaca é para que a senhora espante as muriçocas não é isso que a senhora queria?