ANTENA DAPENA: PEGA ATÉ PENSAMENTO !

Trabalhar na Konsil (conserto de TV e instalação de antena) foi bom enquanto durou... meu irmão deu mais sorte, pegou a vaga de "assistente técnico", traduzindo, carregador da maleta de ferramentas. Já eu cabeludo, com o cabelo mais ressecado do que milho plantado no deserto do "Sal-Ara", ou seja, não tinha boa apresentação, uma passagem grátis para o Inferno: assistente de instalador !

Assistente é o "baralho"... enquanto o instalador "se instala" numa poltrona macia, tomando café com bolacha diante da TV "chuviscada", o paiteta aqui treinava para porta-estandarte de Escola de Samba, carregando aquela alegoria esquelética para cima e para baixo por horas.

Não tinha erro: fosse aonde fosse, era mais fácil achar o ponto G da Monalisa, com aquele sorriso de quem nunca viu o "Kid Bengala" em ação (quem quiser o telefone dele...), do que achar o Ponto X da imagem ótima.

Na Tijuca, por causa das montanhas, tivemos que instalar a antena no jardim. Bom mesmo era a hora de "pegar no batente", 10, 11 horas da manhã! Nesse dia só tinha uma instalação para cada e fomos uns 6 para a praia, a 500 metros dali. Sol tinindo, tomávamos banho de cueca mesmo e usávamos jornais como esteira, enquanto secava a cueca. Na praia, no meio-dia, no meio da semana é totalmente vazia com exceção da "Bolsa", em frente ao Copacabana Palace... ali "mora o perigo"! As "damas" são tudo "profissa", "jogam nas onze" e, se meteres a mão no biquini vais apalpar "1 cenoura e 2 tomates", se fores vegetariano ou um "salaminho" se não fores, não tem "salsicha".

Nesse dia a praia estava quase vazia, com duas matronas se preparando para sair. Assim que começaram a calçar os chinelos meu instalador resolveu "aprontar feio"! Tirou rapidamente a cueca molhada e colou o jornal molhado na cara... ficou parecendo Adão com cara de notícia ruim ! Elas vêm vindo e eu me sentia um gelo seco, "evaporando terror"! Provavelmente eram hóspedes do Hotel "5 esteiras" ali em frente e mexer com êles é acionar a Polícia, com helicóptero, torpedeira e submarino.

Não deram queixa no Hotel pelo inusitado modelo do "bráulio" do "chefe": era uma "maçã" de bom tamanho pendurada num "galho", digo, num "dedo mindinho"! Então, o pior estava por vir: a instalação da antena infeliz era num dos prédios dali, a beira-mar. Eu, com "alturafobia" subia escada de costa para enganar o cérebro, tive que trabalhar num terraço com um muro de menos de 50 centímetros e ventos de cento e lá vai "cacos" assoviando nas minhas orelhas.

A visão do "inferno" predizia o perigo que eu corria... uma boa dezena de antenas despedaçadas pela força do El Niño "do inferninho" ! Levei horas para fazer um buraco de 2 palmos no superconcreto do muro, à beira do abismo, porque na época não tinha aspirador para sugar os resíduos do pó. Para piorar, tempo nublado com "cumulus nimbus" tão pretas que nem no enterro de Zumbi êle teve!

Escapei com vida e disse Adeus, sem remorso !