As Peripécias e 10sventuras: Chave de Ouro!!!
Chave de Ouro!
Estava de serviço, andando pela Presidente Vargas no RJ, 12,30 quando encontro meu Professor o Lua Rasta! Ele me convida para ir a São Paulo, topo na hora. Fui no ônibus de janela aberta, vestindo camiseta sem manga e calça Lee. Cheguei lá resfriado!
A Missão era das mais honrosas possíveis:
Salvar o Teatro Oficina!
Ficamos na casa do famoso teatrólogo Zé Celso. Eu fiquei num quarto com um fanático da religião dos caminhoneiros, o Budismo! Ai 4-5 horas da madruga, o xiita abre a janela e totalmente nu, na posição de Lótus virado para um invisível Sol e com aquele rabão côr de maisena virado pra mim, começou sua monótona ladainha imitando o motor de caminhão: HUUUUMMMM, HUUUUMMMM, HUUUMMMM, interminável!
Passamos a manhã de sábado sem fazer nada e de tarde a mulher do Lua e Bebeto chegam. A noite nos dirigimos para o Ginásio Ibirapuera, aonde seria um Super Show com grandes nomes da MPB!
Já na ida para o ponto do ônibus, íamos tocando e cantando, animadíssimos para uma noite que prometia. Entramos no coletivo e reiniciamos o batuque. Pra quê:
O motora parou o ônibus e ameaçou:
Ou acaba o fuzuê, ou vai todo mundo pra delegacia!
Naquela hora caiu a ficha:
Eu estava em Sampa, a Terra da Garoa!
Já no Ibirapuera, enquanto o Show rolava para umas 5000 pessoas, nós e muitos outros, vendíamos posteres grandes e pequenos para a platéia. Não havia contabilidade, voçe pegava um tanto, vendia, entregava o dinheiro e pegava mais posteres. Aí, eu vi 2 ou 3 patifes embolsando parte do dinheiro e resolvi não "trabalhar" mais.
Foi a minha sorte! Fiquei atrás do Palco e vi e:
Dominguinhos tocar, Pepeu Gomes, Caetano Veloso e Gilberto Gil cantando a lindissíma Oração Musical:
PRECISO FALAR com DEUS!
Fiquei com medo de fechar os olhos, tamanha a Interação-Elevação Espiritual que a música me causou.
Nisto Bebeto encosta e quem vai para o Palco:
ZEZÉ MOTA!
Zezé canta:
Tem Capoeira, na Bahia, na Mangueira!
Invadimos o palco com paus de Maculele e batemos por cima dela, (ela ficou com receio) e na frente dela. Eram nossos 3 minutos de fama no Ginásio Ibirapuera! Saímos e fui pro vestiário tomar banho, (era quente) e dou de cara com Caetano e Gil a 1 metro de mim.
Não tive coragem de pedir autografo, mas depois apareceu Zezé Mota e eu consegui o dela! Não me lembro oque comi nestas 2 noites e 1 dia, só sei que na manhã de domingo amanheci com fome! Do jeito que eu estava comia até Cupim ao Môlho Madeira!
O céu de Sábado tinha sido totalmente cinzento e a manhã de Domingo na mesma côr!
Paisagem de outro Planeta, Avenida de largura gigantesca, sem uma Viva Alma. Nem carro, nem gente. De cá, avistamos do lado de lá, um Bar PS, que serve PF! Não tinhamos vindo do RJ, para comer Prato Feito num Bar Pé Sujo!
Só tinha um Restaurante aberto e era Japonês! A vitrine era de cair os cabelos, tripas, galinhas e coelhos abertos na barriga e provavelmente "chupados" por um Vampiro, tamanha a brancura dos mesmos!
Entramos, só um senhor uns 45 anos, e um jovem uns 15 anos comendo. Sentamos na frente deles e a garçonete nos trouxe o cardápio. Lua escolheu a famosa YAKISOBA (+) que no RJ seria Y-AKI-SOBRA!
Era ruim só de olhar quanto mais de comer!
Era uma água branca, provavelmente maisena, com uns matinhos verdes, talvez couve retalhada, sem tempero ou sal. Encostamos e Lua pediu outra, nº 98! Vieram uns canos de massa de Pastel e dentro uns macarrõeszinhos com carne moída, pingando um óleo avermelhado em abundância.
Sal e Tempero: Abaixo de Zero!
Comi porque, pra quem comeu uma rapadura inteira, aquilo era galho fraco!
Aí, foi minha vez de escolher: Entre 100 pratos, meia dúzia em português, pedi:
Carne de porco agridoce!
Cada pedido nosso demorava meia hora para ser atendido. Enquanto isso a dupla de mortos de fome chinesa ou japonesa, nunca se sabe ao certo, devorava tigelas e tigelas de comida!
Meia hora depois chegou nosso prato, feito com pedacinhos de carne de porco, e pedacinhos de abacaxi no suco de laranja e açucar queimado!
Por isso o agridoce !
Na 1ª engolida, pensei que tinha tomado um sal de frutas, ou o famoso Sonrisal! Quase vomitei. Chupei devagar os minúsculos pedacinhos de carne, mas meu domingo tinha acabado."Lua" pediu a conta mas não queria pagar a yakissoba.
A garçonete disse que tínhamos mexido e era verdade, mas mesmo assim o Lua insistiu! Então, ela que era nordestina e falava chinês, chamou o cozinheiro. Desse eu não tive dúvida, era chinês mesmo!
Olhos bem abertos, 2 metros de altura por 1 de largura, 200 quilos mais ou menos.
Vinha com uma frigideirinha de ferro de 50 cm de circunferência, na possibilidade de ter que jogar tênis com nossas cabeças. Discute de lá, rebate de cá, Lua queria pagar com cheque do RJ. Chegou-se a um denominador:
Levamos a yakissoba para viagem!
Colocada na geladeira do "Zé" Celso junto a um tomate e meio saco de pipoca, a dita cuja resistiu 5 longas horas, (o tomate e a pipoca "tomaram Doril") hora em que saímos para o Teatro Oficina, sem que uns 15 zombies, que circulavam em sua volta, tivessem coragem e apetite para devorá-la. No Teatro Oficina lindas homenagens, culminando com o fechamento do filme "Rei da Vela" com os ícones dos tempos da Rádio Nacional:
Emilinha Borba e Marlene (na época, inimigas) agora cantando juntas esta magistral música:
Que meus inimigos tenham longa vida
Para verem de perto a minha vitória
E com razão, fazerem a louvação, da minha História
É a Lei que determina, Sou Povo, venho debaixo pra cima
Trabalhei e consegui lutar
Venci a maldade como um caracol
Para ver a Luz do Sol/Para ver a Luz do Sol!
Findo o espetáculo me arrumaram uma carona até a rodoviária. Na rodoviária a garota me deu um beijo de cinema, e olhe que eu nem a conhecia! Era umas 11 horas da noite e eu com a mesma roupa, camiseta e calça Lee. O ônibus da 1 hora era leito e eu só tinha dinheiro para o normal, às 3 horas da "madruga".
Enquanto eu estava no Teatro, iluminação de cinema, 30 pessoas em volta, logo entrei no carro, provavelmente motor quente, não senti nada! Mas, depois de uma hora numa rodoviária aberta, vento ártico soprando, comecei a congelar. Três dias de má alimentação, só de camiseta, 1 hora da manhã, já me sentia um pinguim.
A calça Lee estava sensivelmente dura por causa do frio! Aguentei até as 3 horas, mas não conseguia mais articular palavras, o queixo batia descontroladamente. Não deixei o preenchedor de bilhetes nem perguntar o meu nome, não ia conseguir falar mesmo!
Joguei minha carteira de identidade sobre sua mesa!
Adeus São Paulo, se um dia voltar, venho com duas malas:
Uma de roupa e outra de comida!
Vão comer mal assim lá no Inferno !
Texto com fotos no Link
http://professorleiteiro.blogspot.com/2008/02/as-peripcias-e-desventuras-de-bebeto-no.html