Toco Cru pegando fogo!!!
A 1ª polícia que teve no nosso morro foi a Puliça Mineira la por volta de 1960!
Era feita por homens sem emprego e começavam a sua pertubação do sossego alheio la pelas 23:00 horas! Apitavam na frente de uma residência que tinha cachorro, ele latia, os dos vizinhos idem e logo-logo o morro inteiro ouvia a sinfonia dos Beethovens vira-latas! Assim foi todas as noites por uns 3 meses ouvindo as 9 sinfonias de Beethoven e acordando as 6:00 da matina para o basquete, (leia-se trabalho) com um ódio de tudo e de todos!
Finalmente alguém com bom senso deu fim naquela patifaria e pudemos dormir em paz!
La por 1975, desempregado, sol espetacular pendurado no firmamento, corpo pedindo uma água salgada, la ia eu comer pastel de vento, mas vendo as últimas novidades a nível de maiôs e bikinis no melhor point da cidade maravilhosa:
A Praia de Ipanema Posto 9!
Putz, derepenguete la estava ele, o Fio Dentuço!
O Fio Dental era uma cópia melhorada, (leia-se reduzida) do V8 e tinha umas malucas que não passavam o terçado no "matagal" tornado o Fio extremamente excitante! Para piorar, digo melhorar, pouco tempo depois tiram o Dental deixando só o Fio, ou seja, era um minúsculo tapa sexo frontal e só um fio na "área de serviço"
Ficava assim de patife convidando-as para jogarem frescobol só para verem elas se abaixando para pegarem a bolinha! Piorava quando elas passavam bronzeador e expunha ao Deus Ra a sua poupança premiada!
Em pouco tempo de exposição voçe podia ler a frase invisível:
Toco Cru pegando fogo!!!
Dureza mesmo era chegar na Praia, pois além dos 500 metros que me separavam da escadinha mais próxima para se chegar ao asfalto, ainda tinha os 4 km torcendo para não encontrar nenhum Camburão, (carro de polícia) se não era fatal:
Visitar a delegacia na marra!
Por 3 vezes eu mofei umas 5 horas na delegacia de Copacabana, mas o mais chocante foi uma blitz que teve umas 6,30 da matina. Eu desempregado, conversava com um negro pedra 90, honesto, trabalhador, sapateiro, que escovava os dentes!
Derepente um corre-corre e eles invadiram nossa vila.
Pensei comigo:
Estou frito, desempregado no morro é sinônimo de vagabundo!
O Manda chuva perguntou rispidamente para o sapateiro:
Documentos?
Está la dentro do barraco!
Leva! falou friamente e levaram-no com a boca cheia de espuma!!!!
Chegou minha vez, eu moreno jambo de sol, cabelo louro parafina ressecado por falta de xampu, fui conduzido até a porta de meu barraco, de lá via eles derrubando tudo que estivesse em cima de mesa ou armário!
Destruíram um bocado de coisa, mas a "tradição de plantar maconha no barraco" não fizeram! Desconheço a razão porque não me levaram, mas meu amigo só apareceu 3 dias depois!
Apareceu e sumiu, possivelmente achou emocionante demais morar em morro!
Devemos ao Governador Brizola (lembrando que brizola muitos anos antes era um tipo de droga) o sossego para viver e trafegar no morro, por outro lado....
Quem viveu nos morros do Rio de Janeiro antes da tal UPP-Unidade Policial de Pacificação, sabe o terror que era uma blitz policial. A coisa só diminuiu com a eleição de Brizola que proibiu os policiAis de prenderem só para cumprir tabela de eficiência!
Aí os vendedores e traficantes de drogas arrumaram amigos e conhecidos com pequenas empresas e viraram "empregados" dos mesmos. Quando a patrulha vinha eles não corriam mais. Bem documentados e de carteira assinada, desafiavam a lei sem medo.
Foi assim que o Rio virou oque é hoje!