As Peripécias e 10sventuras: Ih Cacilda: Os Karas de Pau!!!
Oh, Cacilda!
Debate no Teatro Cacilda Becker, Bebeto tem a infeliz idéia de levar Pereira, aquela cópia adubada de Karatê Kid. Chegamos e eu me escondi no escurinho da arquibancada, longe do grupo de debatedores.
Bebeto e aquela cópia fajuta de Chuck Norris juntos, era promessa de vexame na certa. Estávamos ali convidamos por Marcos com K, que tinha um espaço na Mostra de Teatro e Dança que aconteceria, e nos convidou para participar de sua apresentação.
Conversa vai, conversa vem, entra o tema Dança. O coisa ruim pede um aparte e me entra com essa:
Quando Moisés desceu a enevoada montanha com as tábuas da lei, veio pé-ante-pé, com cuidado pra não pisar em falso nas pedras soltas, neste exato momento ele estava dando os primeiros passos da Dança Contemporânea!
Enquanto falava imitava os possíveis passos descendo a arquibancada. Deu um espaço esperando aplausos e deve ter ouvido uma mosca voando, se não ouviu, eu ouvi. Continuou a sandice: Quando a madame no supermercado vê a criança com o carrinho de compras, olha seus pés e lá vem o carrinho e a criança, em direção aos seus pés. Enquanto falava, encenava o possível choque e o pavor da madame.
Terminou com a tenebrosa risada. Foi um balde de água fria no abalizado grupo. Quem estava esperando uma oportunidade de tirar o time, aproveitou.
Com K, fuzilou Bebeto com um olhar tipo:
De onde veio essa múmia!
Seguido da expressão facial:
Aonde fui amarrar o meu burro!
Eu pedi a Deus que me transformasse numa tartaruga, para poder enfiar a cabeça dentro do corpo!
Me fiz de Ninja e sumi silenciosamente!
Nesta eu Dancei!
A Mostra de Teatro se dividiu em 2 dias:
No 1º Musica e Dança, no 2º Teatro. Bebeto e eu tínhamos sidos contratados por Marcos Com K para darmos um toque afro com atabaque e berimbau, a sua performance.
O 1º a se apresentar foi Marcos 100 k com boa exibição.
Depois um Mini E.T., invertebrado, que misturou Break, muita criatividade, plasticidade, merecendo até um clip da Plim-Plim!
Logo após um cantor negro, desconhecido, que com um violão e um chapéu de couro, cantou um Aboio, um senhor Aboio!
Era Raimundo Sodré que depois ganhou o Festival de Musica com a MASSA!
Relembrando um pequeno trecho:
Quando eu vejo a massa na mandioca Mãe: A Massa!
A Massa que passa fome mãe: A Massa!
Le-lé, meu amor le-lé
No cabo da minha enxada não conheço Coroné!
Minha estréia de peso no Teatro começaria de cócoras.
Com K viria, breu total, e só após eu tocar 7 badaladas num pedaço de trilho de trem, embaixo de uma escada, ele começaria a dança!
Espaço exiguo, mal dava para puxar o braço pra bater no trilho.
Com K aparece com uma vela na mão e caminha para o centro do palco. A luz bruxeleante cria sombras fantasmagóricas impressionantes. Esqueço da badalada. Silêncio denso, Com K estático, lembrei e dou uma senhora raquetada: Peíiimmm!
Ferro com ferro, agudo longo, demorado.
Dou-lhe a 2ª madeirada: Peiiimmm!
Na 3ª o inesperado: A cada pancada o trilho ia balançado e na 3ª ele já estava voando baixo, por isso errei a 4ª e a 5ª porradas, e só acertei a 6ª de raspão, saindo um Peim muito do mixuruca.
Nervoso e irritado segurei o trilho pelo pescoço, digo pela corda e dei uma surra no FDP: Peim, Peim, Peim!
Pego de surpresa Com K ficou mais duro do que já estava, e eu, conforme o combinado, no atabaque e Bebeto no Berimbau nos dirigimos para o palco.
Bebeto tinha bolado um refrão Afro que me pareceu interessante:
Ô Muzenza keobata, Muzenzá!
Ô Muzenza kapulê, Muzenzá!
O problema é que Com K estava demorando demais na performance.
Comecei a achar a cantoria monótona, me perdi 2 vezes no atabaque, "senti" que não estava só "pagando o mico" estava "Recebendo" também, ou na giria Umbandística, eu era o "Cavalo" ou seria o Burro.
Mesmo com Com K dançando bem, achei que Nós Dançamos também!