LUA DE SANGUE

LUA DE SANGUE

Lua de sangue é o titulo com o qual batizaram a lua, durante o espetacular fenômeno ocorrido na semana passada, qundo segundo as autoridades especialistas no assunto, ocorreu o maior eclipse lunar do planeta.
Esse acontecimento conduzo-me de volta a minha infância na década de quarenta, quando em tenra idade eu assisti a um eclipse total do sol, que deixou a população da área rural apavorada. Eu brincava com meus boizinhos de sabugos, no terreiro de nossa casa, Não me lembro exatamente o ano, sei que eu deveria ter menos de sete anos de idade. A cozinheira de nossa casa sentada no baldrame à porta da sala com uma peneira de cambaúba no colo limpava a terra do feijão que seria consumido no jantar. Eis que de repente, começou a escurecer, as galinhas subiram aos seus poleiros. Aos poucos a terra foi tomada por uma escuridão total. O céu ficou estrelado, os trabalhadores que carpiam a roça de milho logo abaixo do curral, correram e se reuniram no terreiro da casa foi um pânico total. Lembro-me de alguém dizendo não olhe para o sol ele tá brigando com a lua, quem olhar fica cego. Aquela gente simples em sua maioria analfabetos ficou apavorada. Meu pai o único um pouco mais esclarecido, logo foi consultar a famosa folhinha Mariana com seu tradicional calendário, as fases da lua, horóscopo o regulamento do tempo. Um importante veículo de informação ao sertanejo daquela remota época. Nela constava o eclipse total do sol, para aquela data. Inclusive com instruções para não olhar diretamente para o sol, aconselhando a utilizar um espelho d’água em um recipiente, olhando a imagem no seu interior, para não prejudicar a visão. A população atribuía o fenômeno como um sinal dos tempos. Um aviso do criador para o fim do mundo.
A desinformação era tão grande que certa noite chuvosa e escura, ao voltar do Engenho pra casa, papai emprestou de meu tio Guilo uma lanterna a pilha. Foi a primeira que apareceu no povoado. No seu trajeto Desceu o morro próximo a casa, entusiasmado de lanterna acesa, Ninguém jamais teria visto tal objeto. No dia seguinte estava toda a vizinhança apavorada com a assombração que na noite anterior descera a vertente do famoso Grão Pará Ou seja, (Gompará) no linguajar sertanejo, o nosso monte mais alto no Vale Picão.



  ( Imagem googlo)
Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 30/07/2018
Reeditado em 03/08/2018
Código do texto: T6404658
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