CABOCLINHO DA PRÓLE GRANDE
Veio parar naqueles cantos um caboclinho franzino de corpo, rude tanto no jeito de falar quanto no trato com as pessoas apesar disso aparentava certa sabedoria, sempre atento, prudente e desconfiado na convivência com as pessoas do lugar mas logo ficou conhecido em toda a região.
Por ser um homem sofrido, se zelava pela educação dada aos filhos, todos, com exceção dos dois meninos mais novo que ainda não tinham idade escolar, frequentaram a escola pelo menos até o quarto ano primário, mas nada de moleza em casa, chegavam de escola e iam direto para a roça trabalhar, e ele sempre dizia:
___ “Trabaio di criança é pôco, mais quem perde é lôco”
Apesar de ser uma pessoa de pouca prosa, como todo bom caboclinho era chegado a um “mata bicho” quando vinha ao patrimonio para aviar suas compras não ia embora sem antes passar pela venda do Aristides para tomar a “saideira”, tendo em vista que era a ultima venda na saída para o bairro onde morava.
Certo dia, o boteco estava num marasmo só, por ser meio de semana, o dia estava preguiçoso e Seu Aristides, o dono do boteco, cochilava no bancão quando adentrou no estabelecimento o dito cujo caboclinho acompanhado de um dos filhos menores para a devida saideira. O vendeiro atende o homem e na tentativa de puxar conversa, pergunta:
___ Mal lhe pergunte, sua prole é mesmo grande?
O homem dá um passo atrás e desconfiado e ralhou:
___ Homi, isso é pergunta que se faiz prum pai de famía, ainda mais pertu duma criança. Ocê tá me istranhanu home?!
Diante da reação do homem o vendeiro explicou:
___ Homem de Deus, só perguntei se sua família é grande mesmo como falam por ai. O que tem de mal nisso?
Ao entender a pergunta, embora desconfiado, se achega no balcão, pede sua cachaça e responde:
___ Em casa tenho oito meninas, quatro meninos mais eu e a patroa, fora os três que não vingaram.
Tomou as cachaça, pagou, despediu e foi embora ressabiado mas feliz da vida.