A CONTA

Iolanda só queria ter uma família, um marido dois filhos casa própria. Emprego dividir as despesas com o amado e ser muito feliz. Mas como dizia sua mãe o dedo podre lhe espreitava a cada intenção remota de um relacionamento. Trinta e oito anos o relógio biológico quase parando por conta das inúmeras decepções. As amigas aconselhavam a partir para uma produção independente, tão moderno. Arriscado assustador, pensava já nem tão convicta...

Gustavo parecia um bom homem trabalhador alegre queria compromisso. A intuição lhe dizia que não era bem isso que ele mostrava. Mas intuição assim como regras haviam de serem quebradas ignoradas... Coisa de mulher desesperada. O namoro foi breve queriam dividir logo o mesmo teto. Iolanda queria um casamento tradicional mesmo que fosse breve, mas o que custava dar uma chegadinha no cartório. Na igreja com dois convidados e quatro padrinhos? Algumas fotos no álbum de casamento “às pressas”?

Ela morava sozinha não que quisesse, mas a mãe casava tanto que não agüentou a inveja. Gustavo morava com amigos de farras. Num lugar tão insalubre quanto às noitadas com mulheres... Iolanda estava quase se arrependendo daquela união. Com tantos indícios de uma tragédia anunciada. Carinhoso atencioso e mão aberta, Iolanda não conseguia associar aqueles requisitos naquele Gustavo que estava levando suas “trouxas” para sua casa. Sem casamento sem glamour.

Engravidou na primeira noite como cônjuges quase nem acreditou que um mês depois confirmava suas suspeitas. Parecia até golpe da barriga, Gustavo nem ligou, mas ela não cabia em si esquecendo-se do mau passo que dera ao unir-se a um desconhecido. Bêbado.

Não apanhava nem havia gritos pela casa, mas não se relacionavam desde a descoberta da gravidez. Os amigos comemoraram os seus os dele as famílias. Mas o casal não. Sempre bêbado a casa o quarto fediam tanto que dormia na sala com a janela aberta. Um dia revirando os bolsos dele a procura de documentos antes de por na maquina. Descobriu havia outra duas casas duas contas de luz. Ele não negou dizendo que sempre fora casado só haviam separado, mas agora estavam juntos. Iolanda era a amante, aquela que o aguentava quando a esposa o colocava para fora. Nunca quis ter filhos com ela só um lugar para morar nas brigas com a esposa. Faltava tão pouco para o bebê nascer e nunca comprou nem um alfinete para o filho. Agora entendia tanto descaso... Briga boba, sempre perto do pagamento, sumia voltava bêbado sem dinheiro...

Final de ano Iolanda decidiu não brigar o casamento acabou mesmo antes de começar. Não havia razão para protelar, seria mãe solteira tendo em vista que nem casada era. Gustavo chegou mais uma vez embriagado atirou-se atravessado na cama desmaiado. Iolanda vasculhou suas roupas encontrando todo o dinheiro dele férias décimo terceiro e o salário do mês. Escondido no fundo das calças enrolado com cuidado no jornal e cordão. Iolanda tirou uma nota de dez reais e guardou no bolso. Fora para a cozinha preparar o jantar comeu ligou a TV para assistir a novela.

Gustavo acordou apavorado ainda com resquícios da bebedeira dizendo que fora assaltado nem sabia como chegou lá, pois seu destino era a casa da legitima esposa.

Cambaleando saiu porta a fora procurando o tal ladrão... Iolanda continuou sentada acariciando a barriga. Teria um final de ano glorioso.

RÔCRÔNISTA
Enviado por RÔCRÔNISTA em 23/01/2018
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