O SONHO DE UM CORONEL MACHISTA 25º EPISÓDIO
Se antes o pistoleiro estava balançado para seguir em frente com a sua empreitada, agora ao encontrar a irmã que não via a mais de vinte anos, foi que a coisa complicou. Estava para desistir de subir o rio indo ao encontro do coronel Certorio, mas trato é trato imaginou ele. Pensou duas vezes. A única coisa que sempre cumpriu foi com a sua palavra e como pistoleiro, teria que honrá-la, poderia até desistir de alguma empreitada, mas com a palavra empenhada jamais fugiu.
Após o almoço apanhou seu material de pescaria entrou em sua canoa e subiu rio acima. Lá chegando, fez uma faxina no seu esconderijo usando uma vassoura de ramos de alecrim do campo e em seguida ateou fogo na fornalha donde por diversas preparou sua comida. Atirou a vassoura de alecrim no fogo incinerando-a. Seu cheiro aromático espalhou um agradável odor pelos derredores mata adentro.
Os ramos ainda fumegavam na fornalha, quando chegou o coronel Certorio, esbarrou sua montaria a margem do sangradouro, apeou amarrando-a a sombra da grande copaíba e bastante otimista entrou na gruta:
--Bom dia Dentuço, tô gostano de vê voismicê é memo um home caprichoso, seu iscunderijo tá limpinho, inté cherano a fulorada do campo, alem de tudo tá pontuá tumem, chegô primero qui ieu!
--- É coroné, má num sei se voismicê vai gostá, essa semana a impreitada num rendeu nada, ieu achei qui ia primiá o coroné cua morte do boi, ma deu tudo errado, aquele mardito né desse mundo não, nadivê coroné cu mardito aprecebeu qui tinha o pó de erva no cocho d’água, quando distrelaros ele mais a suas pareia do ingem ele correu mais qui os zotos seus cumpanheros, infiô os chifres de baxo do cocho intornô tudo misturando a erva cum isterco do currá. Pur sorte cumo a erva é da mema cor do isterco ninguém precebeu. Ficaro tudo mundo imaginano o qui deu na cabeça dele, ma só ieu sabia o mutivo, pru mim aquele mardito é um diabo in forma de boi!
--Oia dentuço ieu tô veno qui ta cumprino diriitinho cum o nosso trato, sei tumem qui num tem curpa se num dano certo. Intonse nois vamo mudá nosso prano. Ieu num vô mais levá voismicê, pru lugá de Barba ruiva cunforme ieu pranejei, ma isso num quer dizê qui tô disistino do nosso trato não. Acuntece qui ieu priciso qui voismicê cuntinua lá na Bocaina, fais o siguinte pur inquanto num fais nada mode iliminá ninguém nem memo o boi. Isquece esse negoço de pexe invenenado. Voismicê vai trabaiano lá de zóio bem aberto, se Nico aparecê pru lá, caça jeito de tumá tento da prosa dele, e me trais nutiça. Ieu tô cuntratano um capatais mais um capitão do mato qui trabaia, pru coronè Tenório, ele ta mim cedeno os dois, aí nois vamo ixicutá um prano qui ieu tem na cabeça, i voismicê nessa hora tem de tá lá pra da cubertura e intra da nossa banda, a gente vai disfarsado na minha carruage eze vai pensá qui é Nicó qui ta ino lá, ieu tô discunfiado quele ta quereno fazê um pacto de pais e cabá quesse perrengue, achano qui vai casá caquela mardita fia Do Tiburcio, ma num vai memo. Ieu vô fazê vista grossa fazeno de conta qui num tô mais importano quele namora a mardita.
Ma quando nois fô pranejá esse ataque é bem capais de sê priciso de nois prusiá aqui no meio da semana tumem só no dumingo vai sê poco pra gente cumbiná tudo diriitinho. No próximo dumingo ieu vô faia, vô recebê a visita de coroné Tenório cua famia dele, num vem aqui não, ma no Oto voismicê num dexa de vim não par mim dizê cumo tá andano as coisa lá na Bocaina ieu tô bem discunfiado qui Nicó vai lá essa semana.
--Dexa cumigo se ele fô ieu aviso pru Sinhô. E quando Fô priciso de vim no mei da semana, ieu invento uha discurpa, apruveito pra pescá e agrada eze cus pexe lá ninguém pesca ma tudo mundo gosta de cumê pexe.
--Outra coisa qui ieu só alembro de ti preguntá quando tamo longe, nois tamo niguciano já fais um tempo, ieu inda num sei seu nome verdadero cumo é memo seu nome?
-- Uai Coroné o sinhô isqueceu, ieu te contei assim qui cheguei in vossa casa qui meu nome Verdadero é Pedo Gerardo Rosa, intonse o sinhô priguntô meu apilido, mode num misturá cotro Pedo qui já trabaiava pro sinhô.
--Ah é memo, agora ieu lembrei, o Oto era o banguela qui morreu, ma tumem num fais diferença, pra mim é Dentuço memo e pronto morreu a prosa.
O pistoleiro começou enrolar o coronel desde seu primeiro contato, depois veio à morte dos seus capangas, ele chegou da Bocaina fingindo que não sabia de nada, sendo que na tarde anterior ele fugiu de medo dos três cadáveres esticados no chão da cabana onde depois foram queimados. No fundo, ele deve ter uma carta na manga e vai surpreender o coronel Certorio de uma forma espetacular, não foi à toa que pediu a irmã para não revelar seu parentesco com ela. Que seu nome verdadeiro é Venâncio não resta à menor duvida. Vamos aguardar o desfecho, o próprio enredo é que vai decidir esse final.
Tudo acertado entre ambos, o coronel seguiu seu destino, dentuço desceu rio abaixo pescando, como sempre quando amarrou sua pequena embarcação na sangra d’água no seu porto de sempre, ela estava abarrotada de peixes. Ele os ensacou e arquejando com o peso subiu o pequeno aclive até a palhoça do velho Miro. O encontrou sentado no pilão de madeiram à sua porta fumando cachimbo.
--Boa tarde sinhô Miro tai tirano umas baforadas no cachimbo?
-- Boa tarde sinhô Venâncio, tô sim ispantano as muriçoca, ma voismicê hoje feis a festa, istudo ai é pexe?
--É sim vô tira um poco pra o sinhô, e o resto vô leva lá pra senzala. Vou dá um poco pro Maneco tumem, ieu hoje quando fui à capela cunhici a muié dele, tivemo lá um dedo de prosa, parece sê gente boa pru dimais!
- Mais é memo cum certeza, tá veno cumo é bão i na capela, memo num sabeno rezá, lá é lugá de pais de cunhecê o lado bão da vida trocá ixpiriênça prusiano cas pessoa.
- É verdade sinhô Miro, tive imaginano os povo qui reza parece sê mais filiz ieu só num pido arguém mode mim insiná rezá pru quê burro véi num aprende nada.
--Tem disso nun sinhô, ieu vô insiná pru sinhô, num sei muito não, mais o poco qui sei insino cum prazê!
E lá se foi o pistolero levando o saco de peixes Maneco estava no curral colocado sal no cocho, ele o abordou:
´--É voismicê memo qui é Maneco, ieu fiquei cunhiceno vossa muié na capela hoje cedo, e com tudo respeito ieu gostei de prusiá cuela, intonse se mi pirmiti quer dá pra voismiceis um mucado de pexe qui hoje ieu peguei foi muito!
-Oia minha casa vai tá sempre de porta aberta pra voismicê, ieu mais Isaura num tem segredo um cuoto não, voismicê pidiu mode ela num contá nem pra ieu qui ceis dois é irmão, ma fica sucessegado, qui o segredo dela é meu tumém ninguém vai sabê até qui voismicê resorva seu perrengue, pur aqui, cuntano qui voismicê num vai fazê nada de errado cus povo daqui. Vai lá leva os pexe pra ela e quando arresorvê seu pobrema, quereno pode inté mora Ca gente.
Desde sua prosa com o coronel Certorio, suspendendo o assassinato planejado até aquele momento em que Maneco o recebeu de braços abertos, Dentuço se sentia aliviado com se tivessem tirado um peso enorme de suas costas, saber que pelo menos provisioramente sua empreitada estava suspensa o deixou irradiante de alegria. Ao entregar aquela porção de peixes para irmã e colocá-la a par da sua prosa com o seu marido, ele sentiu uma paz jamais sentida em seu quase meio século de vida. Despedindo da irmã ele passou pela senzala deixou lá o restante dos peixes. E retornando ao casebre do velho Miro na beira do rio, ao passar pela trilha que cortava a pastagem sem esperar deu de cara com o boi pretête. Tomou um susto tão grande que quase desmaiou. Mas o boi era mesmo mágico, percebendo seu estado de espírito o ignorou como se nada tivesse acontecido. Ai vieram sua mente às imagens de seus pais, implorando sua conversão, momento em que ele ouviu imaginariamente a mãe dizendo:
--Ta veno meu fio, até o boi ficô alegre cum voismicê, Tuma tento e muda de vida vai sempre lá pra capela jesuis ta lá te isperano.
De alma abalada com tudo que aconteceu naquele domingo, Dentuço permaneceu cabisbaixo e silencioso. Notando seu estado de devaneio em seu distanciamento da realidade, alheio ao seu cotidiano criminoso, o velho Miro indagou:
- O qui tá cunteceno sinhô Venâncio parece qui tá viajano no tempo voismicê ta bem?
-- Ieu tô memo viajano, tô aqui matutano, nadivê qui dei de cara cum o boi pretête imaginei qui ele ia ismagaiá ieu no chão, ma ele feis de conta qui num mim viu, o qui será quesse boi intende?
-- Ieu num sei nun sinhô isso é coisa de Deus, má qui é um mistério o sinhô num tenha durda, as vêis ieu inté já maginei sê coroné Ataide qui renasceu in forma de boi mode da proteção pro seu povo. Esse apego dele cua Dusanjo, protejeno ela me dexa incafifado. Má é mió dexá isso pra lá pra num aburrecê coroné Tiburcio mais sinhá Maricota qui é gente boa pur dimais.
Se antes o pistoleiro estava balançado para seguir em frente com a sua empreitada, agora ao encontrar a irmã que não via a mais de vinte anos, foi que a coisa complicou. Estava para desistir de subir o rio indo ao encontro do coronel Certorio, mas trato é trato imaginou ele. Pensou duas vezes. A única coisa que sempre cumpriu foi com a sua palavra e como pistoleiro, teria que honrá-la, poderia até desistir de alguma empreitada, mas com a palavra empenhada jamais fugiu.
Após o almoço apanhou seu material de pescaria entrou em sua canoa e subiu rio acima. Lá chegando, fez uma faxina no seu esconderijo usando uma vassoura de ramos de alecrim do campo e em seguida ateou fogo na fornalha donde por diversas preparou sua comida. Atirou a vassoura de alecrim no fogo incinerando-a. Seu cheiro aromático espalhou um agradável odor pelos derredores mata adentro.
Os ramos ainda fumegavam na fornalha, quando chegou o coronel Certorio, esbarrou sua montaria a margem do sangradouro, apeou amarrando-a a sombra da grande copaíba e bastante otimista entrou na gruta:
--Bom dia Dentuço, tô gostano de vê voismicê é memo um home caprichoso, seu iscunderijo tá limpinho, inté cherano a fulorada do campo, alem de tudo tá pontuá tumem, chegô primero qui ieu!
--- É coroné, má num sei se voismicê vai gostá, essa semana a impreitada num rendeu nada, ieu achei qui ia primiá o coroné cua morte do boi, ma deu tudo errado, aquele mardito né desse mundo não, nadivê coroné cu mardito aprecebeu qui tinha o pó de erva no cocho d’água, quando distrelaros ele mais a suas pareia do ingem ele correu mais qui os zotos seus cumpanheros, infiô os chifres de baxo do cocho intornô tudo misturando a erva cum isterco do currá. Pur sorte cumo a erva é da mema cor do isterco ninguém precebeu. Ficaro tudo mundo imaginano o qui deu na cabeça dele, ma só ieu sabia o mutivo, pru mim aquele mardito é um diabo in forma de boi!
--Oia dentuço ieu tô veno qui ta cumprino diriitinho cum o nosso trato, sei tumem qui num tem curpa se num dano certo. Intonse nois vamo mudá nosso prano. Ieu num vô mais levá voismicê, pru lugá de Barba ruiva cunforme ieu pranejei, ma isso num quer dizê qui tô disistino do nosso trato não. Acuntece qui ieu priciso qui voismicê cuntinua lá na Bocaina, fais o siguinte pur inquanto num fais nada mode iliminá ninguém nem memo o boi. Isquece esse negoço de pexe invenenado. Voismicê vai trabaiano lá de zóio bem aberto, se Nico aparecê pru lá, caça jeito de tumá tento da prosa dele, e me trais nutiça. Ieu tô cuntratano um capatais mais um capitão do mato qui trabaia, pru coronè Tenório, ele ta mim cedeno os dois, aí nois vamo ixicutá um prano qui ieu tem na cabeça, i voismicê nessa hora tem de tá lá pra da cubertura e intra da nossa banda, a gente vai disfarsado na minha carruage eze vai pensá qui é Nicó qui ta ino lá, ieu tô discunfiado quele ta quereno fazê um pacto de pais e cabá quesse perrengue, achano qui vai casá caquela mardita fia Do Tiburcio, ma num vai memo. Ieu vô fazê vista grossa fazeno de conta qui num tô mais importano quele namora a mardita.
Ma quando nois fô pranejá esse ataque é bem capais de sê priciso de nois prusiá aqui no meio da semana tumem só no dumingo vai sê poco pra gente cumbiná tudo diriitinho. No próximo dumingo ieu vô faia, vô recebê a visita de coroné Tenório cua famia dele, num vem aqui não, ma no Oto voismicê num dexa de vim não par mim dizê cumo tá andano as coisa lá na Bocaina ieu tô bem discunfiado qui Nicó vai lá essa semana.
--Dexa cumigo se ele fô ieu aviso pru Sinhô. E quando Fô priciso de vim no mei da semana, ieu invento uha discurpa, apruveito pra pescá e agrada eze cus pexe lá ninguém pesca ma tudo mundo gosta de cumê pexe.
--Outra coisa qui ieu só alembro de ti preguntá quando tamo longe, nois tamo niguciano já fais um tempo, ieu inda num sei seu nome verdadero cumo é memo seu nome?
-- Uai Coroné o sinhô isqueceu, ieu te contei assim qui cheguei in vossa casa qui meu nome Verdadero é Pedo Gerardo Rosa, intonse o sinhô priguntô meu apilido, mode num misturá cotro Pedo qui já trabaiava pro sinhô.
--Ah é memo, agora ieu lembrei, o Oto era o banguela qui morreu, ma tumem num fais diferença, pra mim é Dentuço memo e pronto morreu a prosa.
O pistoleiro começou enrolar o coronel desde seu primeiro contato, depois veio à morte dos seus capangas, ele chegou da Bocaina fingindo que não sabia de nada, sendo que na tarde anterior ele fugiu de medo dos três cadáveres esticados no chão da cabana onde depois foram queimados. No fundo, ele deve ter uma carta na manga e vai surpreender o coronel Certorio de uma forma espetacular, não foi à toa que pediu a irmã para não revelar seu parentesco com ela. Que seu nome verdadeiro é Venâncio não resta à menor duvida. Vamos aguardar o desfecho, o próprio enredo é que vai decidir esse final.
Tudo acertado entre ambos, o coronel seguiu seu destino, dentuço desceu rio abaixo pescando, como sempre quando amarrou sua pequena embarcação na sangra d’água no seu porto de sempre, ela estava abarrotada de peixes. Ele os ensacou e arquejando com o peso subiu o pequeno aclive até a palhoça do velho Miro. O encontrou sentado no pilão de madeiram à sua porta fumando cachimbo.
--Boa tarde sinhô Miro tai tirano umas baforadas no cachimbo?
-- Boa tarde sinhô Venâncio, tô sim ispantano as muriçoca, ma voismicê hoje feis a festa, istudo ai é pexe?
--É sim vô tira um poco pra o sinhô, e o resto vô leva lá pra senzala. Vou dá um poco pro Maneco tumem, ieu hoje quando fui à capela cunhici a muié dele, tivemo lá um dedo de prosa, parece sê gente boa pru dimais!
- Mais é memo cum certeza, tá veno cumo é bão i na capela, memo num sabeno rezá, lá é lugá de pais de cunhecê o lado bão da vida trocá ixpiriênça prusiano cas pessoa.
- É verdade sinhô Miro, tive imaginano os povo qui reza parece sê mais filiz ieu só num pido arguém mode mim insiná rezá pru quê burro véi num aprende nada.
--Tem disso nun sinhô, ieu vô insiná pru sinhô, num sei muito não, mais o poco qui sei insino cum prazê!
E lá se foi o pistolero levando o saco de peixes Maneco estava no curral colocado sal no cocho, ele o abordou:
´--É voismicê memo qui é Maneco, ieu fiquei cunhiceno vossa muié na capela hoje cedo, e com tudo respeito ieu gostei de prusiá cuela, intonse se mi pirmiti quer dá pra voismiceis um mucado de pexe qui hoje ieu peguei foi muito!
-Oia minha casa vai tá sempre de porta aberta pra voismicê, ieu mais Isaura num tem segredo um cuoto não, voismicê pidiu mode ela num contá nem pra ieu qui ceis dois é irmão, ma fica sucessegado, qui o segredo dela é meu tumém ninguém vai sabê até qui voismicê resorva seu perrengue, pur aqui, cuntano qui voismicê num vai fazê nada de errado cus povo daqui. Vai lá leva os pexe pra ela e quando arresorvê seu pobrema, quereno pode inté mora Ca gente.
Desde sua prosa com o coronel Certorio, suspendendo o assassinato planejado até aquele momento em que Maneco o recebeu de braços abertos, Dentuço se sentia aliviado com se tivessem tirado um peso enorme de suas costas, saber que pelo menos provisioramente sua empreitada estava suspensa o deixou irradiante de alegria. Ao entregar aquela porção de peixes para irmã e colocá-la a par da sua prosa com o seu marido, ele sentiu uma paz jamais sentida em seu quase meio século de vida. Despedindo da irmã ele passou pela senzala deixou lá o restante dos peixes. E retornando ao casebre do velho Miro na beira do rio, ao passar pela trilha que cortava a pastagem sem esperar deu de cara com o boi pretête. Tomou um susto tão grande que quase desmaiou. Mas o boi era mesmo mágico, percebendo seu estado de espírito o ignorou como se nada tivesse acontecido. Ai vieram sua mente às imagens de seus pais, implorando sua conversão, momento em que ele ouviu imaginariamente a mãe dizendo:
--Ta veno meu fio, até o boi ficô alegre cum voismicê, Tuma tento e muda de vida vai sempre lá pra capela jesuis ta lá te isperano.
De alma abalada com tudo que aconteceu naquele domingo, Dentuço permaneceu cabisbaixo e silencioso. Notando seu estado de devaneio em seu distanciamento da realidade, alheio ao seu cotidiano criminoso, o velho Miro indagou:
- O qui tá cunteceno sinhô Venâncio parece qui tá viajano no tempo voismicê ta bem?
-- Ieu tô memo viajano, tô aqui matutano, nadivê qui dei de cara cum o boi pretête imaginei qui ele ia ismagaiá ieu no chão, ma ele feis de conta qui num mim viu, o qui será quesse boi intende?
-- Ieu num sei nun sinhô isso é coisa de Deus, má qui é um mistério o sinhô num tenha durda, as vêis ieu inté já maginei sê coroné Ataide qui renasceu in forma de boi mode da proteção pro seu povo. Esse apego dele cua Dusanjo, protejeno ela me dexa incafifado. Má é mió dexá isso pra lá pra num aburrecê coroné Tiburcio mais sinhá Maricota qui é gente boa pur dimais.