PERTO DA NATUREZA MAS NEM TANTO

Há muitas pessoas que preferem viver nos grandes centros urbanos, enquanto outras preferem cidades pequenas do interior. Há ainda aquelas que não se importam, tanto faz como fez. Há ainda outras que vivem na cidade grande, são jovens com muito folego, querem trabalhar e fazer um pé de meia, mas a partir dos 40 já estão dispostos a rever seus conceitos. Para alguns o ideal seria unir em um mesmo local, os benefícios da cidade grande com aqueles da pequena. Enfim, como diz o ditado cada macaco no seu galho, ou no nosso caso, cada cidadão na sua cidade.

O tio Pedro estava incluído naquele grupo que ia além, daqueles que cansaram da cidade, seja ela grande ou pequena e agora só pensavam numa coisa: morar na zona rural. Eram amantes da natureza, do ar puro, das cachoeiras e cascatas, da liberdade e do sossego do campo. E para esfriar um pouco a cabeça, resolveu passar uns tempos no sítio do meu pai. Lá havia uma casa pequena e simples e bem em frente, um resto de mata atlântica que insistia em continuar de pé. Mas naquele momento era tudo que queria – desfrutar do sossego da roça, apreciar a natureza e deixar o tempo passar. Afinal de contas, estava buscando outros caminhos para satisfazer seu estado de espirito. E naquele momento, para ele o melhor caminho seria o da roça, sem nenhuma dúvida. Queria acordar com o canto dos pássaros, sentir o cheiro de mato molhado, fazer uma horta de verduras e quem sabe caçar algum animal para ajudar na alimentação. E mudou-se para lá. Aos poucos foi se ajeitando e logo a horta já estava cheia de verduras. Pensou em criar galinhas, mas como era próximo da mata, havia muitos predadores tipo cinco para cada galinha, incluindo ai lobo guara, lontra, gamba, cachorro do mato e ariranha. De resto, a natureza estava ali com toda a sua força e beleza. De manhãzinha, ao nascer do sol, ouvia-se uma bela sinfonia de pássaros.

E a vida seguia bem tranquila para quem já parecia ser bem tranquilo, somando-se a isso o fato de estar curtindo a natureza, então tudo ficou “ bão demais da conta”. E todos os dias o tio Pedro tirava uma soneca na parte da tarde. Afinal de contas estava aposentado, os filhos estavam criados, nada o impedia de dormir tranquilamente.

Mas um dia, dormia bem tranquilo quando deu um pulo e acordou assustado. Olhou na janela e viu bem pertinho, um casal de seriema que cantava tão alto que podia ouvir o seu canto a uns quatro quilômetros de distância. Ele então levou as mãos aos olhos, bocejou e falou:

-Ei seriema, tanto lugar por ai tinha que cantar bem pertinho da minha janela.

Samuel araujo
Enviado por Samuel araujo em 12/09/2017
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