A DESCULPA DO PESCADOR
Vida agitada de uma pequena cidade interiorana.
Nas tardes de verão se reuniam toda a nata da sociedade, na praça, a sombra uma frondosa guaiuvira a frente da tradicional venda do povoado pois, apesar do progresso emergente do vilarejo, ali ainda continuava sendo o ponto de encontro, tanto dos moradores do povoado, quanto daqueles que viviam nos sítios da região, alguns as vezes a uma distancia considerada, era ali que se encontravam graças a uma simples artimanha do vendeiro que cativava a freguesia, talvez o protótipo dos estacionamento dos grande shopping Center de hoje:- era um grande terreno cercado de balaustre nos fundos da venda onde, os proprietários rurais que para o vilarejo se dirigiam, costumavam guardar suas montarias, carroças e charretes. Uma grande caixa d’água servia de bebedouro para os animais e era fornecido gratuitamente pelo vendeiro, com isso, comercio nenhum no pequeno povoado chegava a ter o movimento da conhecida venda.
Os políticos da cidade se reuniam nas imediações da venda, que dispunha de espaço suficiente para agradar a gregos e troianos, como dizia o seu Neco, homem letrado e conhecedor não só da cultura do sertanejo como também das coisas que ocorriam mundo afora e, era assim que transcorria o tempo naquele ermo de Deus.
Numa destas tarde de verão, la estavam os moradores mais ilustres do lugarejo e o velho Garrigós, nascido e criado nestas bandas se pôs a contar historias de sua pescaria na ceva do rio Novo, eram gargalhadas daqui, sorrisos dali e o peixe maior, como o costume de todo pescador, nunca conseguia ser fisgado, escapando sempre do anzol e o braço não era grande o suficiente para mostrar o tamanho do erado.
Foi num desses debates que chegou sorrateiramente o Biguiça, um caboclinho conhecido de todos por não querer nada com o serviço, ai o sentido da alcunha de Biguiça ou Bicho Preguiça, pois sempre que o assunto envolvia trabalho ele achava um desculpa para cabular a conversa e saia de fininho, gostava mesmo era de passar as tardes embrenhados nos brejos da região pescando para sobreviver e as vezes chegava a vender alguns lambaris para tira-gosto na vendinha, o que lhes rendia uns miseres trocados.
Como todo bom caboclo, Biguiça ficou de longe observando os proseadores, quando um deles, notando a presença do vagabundo sugeriu ao velho italiano:
__ Seu Garrigós, para dar jeito neste enorme peixe que escapou, leva o Biguiça, ele com certeza não deixara o danado escapar.
Brincadeiras a parte, o velho italiano olhou para o sertanejo que esta observando a conversa e fez o convite:-
__ Ta ai uma boa sugestão! Biguiça, vamos neste final de semana comigo lá pra ceva no rio Novo buscar o erado?
O Caboclo olhou para o tempo, matutou e questionou:
__ No final de semana seu Garrigós?
O pescador confirmou:
__ Sim, neste final de semana!
E o matuto justificou:
__ Sabe seu Garrigós, não gosto muito de ir para a beira do rio nos finais de semana não!
Admirado com a dispensa do convite, e curioso pela justificativa apresentada, sabedores que Biguiça adorava uma boa pescaria, um dos proseadores perguntou:
__ E o que tem demais nos finais de semana na beira do rio, Biguiça?
E Ele arrematou:
__ É que nos finais de semana na beira dos rios dá muito vagabundo !
Sem argumentos contra tal observação, nada mais restou ao bando senão caírem na gargalhada com a resposta do pescador.