Os mistérios do beco da rua Azul
O nome da rua era Azul porque ao anoitecer as luzes que a iluminavam eram de cor azul. Além da cor azul, era uma rua cheia de mistérios. Não se via ninguém perambulando após anoitecer. Uns diziam que era por causa da cor, outros, por causa do beco. O beco da rua Azul, descambava para um matagal sem fim. Muitas histórias foram contadas sobre os mistérios desse beco, se são fábulas ou não, ninguém sabe.
Certa vez caminhando pela rua Azul em plena luz do dia, Sancho não entendera o porquê desse nome. Parou num boteco e pediu uma cerveja. Enquanto bebia, indagava; - por que o nome da rua é Azul?
- Ai seu moço, não se sabe ao certo, uns dizem que é porque as luzes da rua são azul, outros dizem que é por causa do beco que antigamente quando anoitecia, a luz da lua refletia na parede daquele muro lá de trás e deixava tudo azul, e outros dizem que é por causa dos mistérios do beco. Mas saber mesmo não sei não.
- Que mistérios são esses?
- Ora o senhor nunca ouviu falar não da mulher que rondava o beco? Ela quando falava tinha os dentes tudo azul... diziam que na verdade era ela que iluminava a rua com essa cor. Ela já deu cabo de muita gente nesse beco. Quando eu era menino eu me lascava de medo dela.
- Mas você a conheceu?
- Eu não! Mas o povo falava né... aí era anoitecer e eu nem pisava fora de casa.
- Ah, mas isso deve ser apenas um desses causos que se contam por aí. Isso é história...
- Né não seu moço... e olha nem aconselho o senhor a demorar de ir embora, já está anoitecendo, daqui a pouco as luzes dos postes se acendem e vai ficar tudo azul.
- Essa eu quero ver! Me dê mais uma cerveja que vou é esperar anoitecer.
E assim que anoiteceu Sancho pagou a conta e saiu andando pela rua Azul em direção ao beco. Ao chegar lá, ficou parado, acendeu um cigarro, depois outro, caminhou mais um pouco e quando avistou o matagal resolveu voltar. Passou novamente pelo bar, já estava fechado. Então foi embora.
No dia seguinte, ao final da tarde, Sancho curioso, voltou ao bar, pediu uma cerveja e perguntou ao dono do boteco se ele poderia lhe contar o que fazia a mulher de dentes azul do beco da rua Azul.
- Olha seu moço, saber mesmo eu não sei não...eu nunca vi nem ouvi nada, mas o povo fala né...então se o povo fala tá falado.