BODE
Se nominasse 'chifrudo' ficaria claro, o assunto desse causo, Bento era tão corno, mas, tão corno, que os bodes que criava, eram os animais mais amados do mundo. Como ele adorava aqueles chifrudinhos, tinha uma verdadeira identidade com eles. Sua mulher Djanira era um mulherão, ele nem acreditou quando a cortejou e em menos de duas semanas, já estavam vivendo juntos e seis meses depois, nascia daquele amor rápido e moreno, um lindo menino forte loirinho de enormes olhos azuis, façam as contas caros leitores. Djanira disse que o filho iria se chamar Hans, pois a fazia lembrar de um filme que vira na única vez, que fora ao cinema na cidade. Bento achava estranho uma criança tão linda ter nome de um tipo de sapo,'rãs', mas, se era desejo da mulher ele aceitava. No vilarejo, todo mundo dizia que o filho não era dele, Bento dizia que o guri só viera mais depressa e era russinho pois nascera de dia, ele não deixava render mais comentários. Com a chegada do rebento, precisou de mais dinheiro, pegou uma empreitada que o deixaria afastado de casa, por uns quatro meses, uma Djanira chorosa se despediu dele junto à cerca do terreno da casa, um aceno final e lá se foi Bento, com a benção da mulher.
Quando Bento retorna, Djanira o recebe meio curvada com um barrigão de quase nove meses, continuem fazendo as contas, Bento achou estranho, mas, a mulher dizia em meio a pranto e riso.
- Bento, Deus nos abençoou de novo, desta vez deve ser uma menininha.
E o tonto acreditava, quando Djanira pariu numa noite de chuva, nasceu uma garotinha loirinha de lindos olhos azuis, Bento se derreteu inteiro de felicidade, quando o povo da cidade o interpelava, sacaneando, perguntando se ela também nascera de dia, Bento respondia que sua filhinha chamava Clara, pois era clara como a água da chuva, que caíra copiosa na noite de seu nascimento, virava as costas e deixava o povo pra lá, ouvindo no seu caminhar os gritinhos de:
- Corno! Corno!
Um dia, voltando da lida na lavoura, junto com seus parceiros chifrudos, que pastavam lá por perto da plantação, ele vê saindo de sua casa um rapaz todo faceiro, muito alto, muito loiro, sorrindo e ajeitando a braguilha, andando com uma pose de satisfação, Bento acelera o passo, passa pelo rapaz furioso, encara seus olhos azuis, nada fala e entrando atabalhoadamente dentro de casa, vai logo gritando.
- Djanira, já não disse que não quero o compadre ZéLemão visitando os meninos, quando eu não estiver por aqui, não fica bem pra uma mulher casada, receber um homem solteiro em casa!
Acho que respondi suas dúvidas, caros leitores.
Se nominasse 'chifrudo' ficaria claro, o assunto desse causo, Bento era tão corno, mas, tão corno, que os bodes que criava, eram os animais mais amados do mundo. Como ele adorava aqueles chifrudinhos, tinha uma verdadeira identidade com eles. Sua mulher Djanira era um mulherão, ele nem acreditou quando a cortejou e em menos de duas semanas, já estavam vivendo juntos e seis meses depois, nascia daquele amor rápido e moreno, um lindo menino forte loirinho de enormes olhos azuis, façam as contas caros leitores. Djanira disse que o filho iria se chamar Hans, pois a fazia lembrar de um filme que vira na única vez, que fora ao cinema na cidade. Bento achava estranho uma criança tão linda ter nome de um tipo de sapo,'rãs', mas, se era desejo da mulher ele aceitava. No vilarejo, todo mundo dizia que o filho não era dele, Bento dizia que o guri só viera mais depressa e era russinho pois nascera de dia, ele não deixava render mais comentários. Com a chegada do rebento, precisou de mais dinheiro, pegou uma empreitada que o deixaria afastado de casa, por uns quatro meses, uma Djanira chorosa se despediu dele junto à cerca do terreno da casa, um aceno final e lá se foi Bento, com a benção da mulher.
Quando Bento retorna, Djanira o recebe meio curvada com um barrigão de quase nove meses, continuem fazendo as contas, Bento achou estranho, mas, a mulher dizia em meio a pranto e riso.
- Bento, Deus nos abençoou de novo, desta vez deve ser uma menininha.
E o tonto acreditava, quando Djanira pariu numa noite de chuva, nasceu uma garotinha loirinha de lindos olhos azuis, Bento se derreteu inteiro de felicidade, quando o povo da cidade o interpelava, sacaneando, perguntando se ela também nascera de dia, Bento respondia que sua filhinha chamava Clara, pois era clara como a água da chuva, que caíra copiosa na noite de seu nascimento, virava as costas e deixava o povo pra lá, ouvindo no seu caminhar os gritinhos de:
- Corno! Corno!
Um dia, voltando da lida na lavoura, junto com seus parceiros chifrudos, que pastavam lá por perto da plantação, ele vê saindo de sua casa um rapaz todo faceiro, muito alto, muito loiro, sorrindo e ajeitando a braguilha, andando com uma pose de satisfação, Bento acelera o passo, passa pelo rapaz furioso, encara seus olhos azuis, nada fala e entrando atabalhoadamente dentro de casa, vai logo gritando.
- Djanira, já não disse que não quero o compadre ZéLemão visitando os meninos, quando eu não estiver por aqui, não fica bem pra uma mulher casada, receber um homem solteiro em casa!
Acho que respondi suas dúvidas, caros leitores.