A PODEROSA ORAÇÃO
O povoado estava calmo naquela tarde de domingo até que Tonhão, um rapaz ainda novo e conhecido de todos dali, surtou. Saiu gritando pela rua, Seu Severino, o pai apavorado corria atrás do rapaz até que ele, chegando na praça, tão rápido quanto um macaco, subiu num alto pé de coqueiro e la de cima ameaçava saltar, o que seria morte na certa.
Com aquele alvoroço todo em pouco tempo a pracinha do povoado estava cheia, vieram pessoas de todos os lados e todos davam conselho ao velho Severino que já não sabia mais o que fazer com o filho doido que ameaçava se suicidar.
Alguém chamou a policia que não demorou chegar mas ao se aproximar do coqueiro, o rapaz alertou:
__ Não chega perto senão eu pulo!
Ressabiados e não tendo o que fazer diante da situação optaram apenas por observar até que chegou o padre do lugarejo veio ver o que estava acontecendo e ofereceu ajuda mas ao se aproximar do coqueiro veio o recado de Tonhão:
__ Não chega perto senão eu pulo!
O padre também obedeceu o rapaz até que chegou o Pastor de uma igreja evangélica que ao ver a situação comentou:
__ O rapaz esta possuído por um demônio
E ao se aproximar do coqueiro para fazer suas orações, veio a resposta:
__ Não chega perto senão eu pulo!
O Pastor não quis se arriscar, afinal de conta lidar com o tinhosos requer muita astucia e oração ele não estava devidamente preparado para um desafio deste aquela hora do dia.
A situação parecia não ter solução até que alguém lembrou do velho Custodio, prestigiado benzedor que já havia realizado muitos prodígios por aquela terra e a quem o Tonhão respeitava muito, uma bondosa alma se prontificou em buscar o santo homem já que pela idade ele tinha dificuldade em deambular.
Assim que o velho Custódio chegou e se aproximou do coqueiro veio o alerta:
__ Não chega perto senão eu pulo!
Apesar do alerta o experiente benzedor não recuou como os demais, pelo contrário se aproximou do coqueiro e bem próximo, ficou por alguns instantes olhando para Tonhão e Tonhão ficou olhando para ele, de repente, mesmo com certa dificuldade, o benzedor levantou os braços, desceu na vertical e depois na horizontal, fazendo um imaginário sinal da cruz sobre o coqueiro.
Imediatamente e com a mesma agilidade com que subira no coqueiro, Tonhão desceu e foi uma salva de palma como nunca haviam visto pois não é que velho benzedor, apesar da fragilidade da idade ainda não havia perdido a mão, acabara de realizar mais um milagre no povoado.
Passado aquele momento de euforia quando já se preparavam para levar o milagroso homem para sua residência, uma jovem não se conteve e foi perguntar qual teria sido a poderosa oração que fez com que o rapaz desistisse da ideia de suicídio e o Homem respondeu num sorriso:
__ Ahhh minha fia, o véio num feiz oração nenhuma não, vice! O véio só disse pra ele: ou ocê desce ou corto o coqueiro!