A Vila Vermelha de Vítor V.

Na pequena Vila Vermelha, antes conhecida como Vila da Vida, comemoravam a vitória de Vitoria V. e Vítor V. em cada pedacinho daquele conjunto habitacional de chão vermelho.

Foi ideia de Vítor V. mudar o nome de Vila da Vida para Vila Vermelha. Sem imposição e de forma democrática, sugeriu e os habitantes daquele lugarejo gostaram. Aceitaram fazer as mudanças. Pintaram as casas da vila de vermelho e decoraram os jardins com belas rosas vermelhas.

E Vítor V. tratava-as com afeição. A cada amanhecer, dedicava horas de sua vida para aquelas vidas filhas da natureza da antiga Vila da Vida. E bem cedinho, antes que iniciasse um contraste elevado entre as luzes amarelas do sol e as cores vermelhas da vila, ou até mesmo no desentendimento saudável entre as gotas brilhantes transparentes que brincavam de cutucar o chão vermelho, lá estava Vítor V. Considerava a atividade satisfatória.

Com o sorriso estampado no rosto, sereno, vinha com o balde vermelho e o corpo coberto com roupas vermelhas para encher as rosas vermelhas de carinho.

Caprichoso, tinha zelo por cada pétala. E as rosas da Vila Vermelha retribuíam a atenção. Deixavam aquele ambiente charmoso. Despertava nos olhares dos moradores e visitantes da vila uma sensação de estarem num fantástico mundo vermelho. Mágico. O mundo que Vítor V. ajudou a criar. Um mundo que Vítor V. Júnior, antes mesmo de nascer, já era notícia.

E enquanto aguardavam a vinda da vida de Vítor V. Júnior, ele vivia numa outra vida. Noutro cantinho. Por ali mesmo. Cercado por glóbulos vermelhos.

O futuro habitante da vila vivia num mundo misterioso e interessante. Natural e comum. Levava uma vida que já foi vivida por todas as pessoas. As da Vila Vermelha e de outras vilas de cores diferentes. Moradores de vilas sem cores espalhadas pelo mundo e mesmo quem nunca morou em vilas, já viveram como Vítor V Júnior. Até quem não morou em casas vermelhas, sem rosas vermelhas e quem não gosta da cor vermelha, já viveu como ele e valorizavam a vida vivida nesta fase da vida.

E Vítor V. Júnior teria que esperar para viver de outro jeito. É o destino. É a vida. São meses. É preciso paciência. Não tem outro caminho.

Só restava Vítor V. compreender que há instantes em que a vida exige que se viva do jeito que determina as leis da existência. E surgem momentos em que a vida sugere que se viva de outra maneira. É onde entram as escolhas e decisões. Situações e necessidades. O sim e o não. Vitórias e derrotas. É a vida! E a vida é única. Só tem uma forma, mesmo sendo vivida de várias maneiras.

Vítor V. Júnior, orgulho dos pais, Vítor V. e Vitória V. era festejado! Logo conheceria outras vidas. Já imaginavam ele brincando e correndo pelas ruas tingidas de vermelho da Vila Vermelha. Entrando e escondendo nas casas vermelhas e sem dúvida, não resistira a tentação de colher as pétalas vermelhas, para desespero dos moradores.

Vitória V. não para de sorrir, assim como Vítor V. Os dois celebram e vibram com familiares e amigos da Vila Vermelha a vida de Vítor V. Júnior. Estão ansiosos para gritarem “viva a vinda de Vítor V. Júnior, o novo caçula da vila Vermelha”.

Cláudio Francisco
Enviado por Cláudio Francisco em 15/01/2016
Reeditado em 15/01/2016
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