JECA TATU 1ª PARTE
JECA TATU 1ª PARTE
RECONTANDO A HISTÓRIA
DO JECA TATU
- Jeca porque você não trabalha? Foi com essa pergunta que Monteiro Lobado deu o pontapé inicial para que o caipira brasileiro se motivasse para sua grande evolução.
Ao criar o personagem jeca tatu o grande escritor abriu os olhos do caboclo brasileiro que estava morrendo de fome, embora tivesse uma grande riqueza a sua disposição, terra fértil. Aonde em si plantando tudo dá. Ao mesmo tempo lobato chamou a atenção da sociedade para o problema do caipira que vivia numa condição subumana, deplorável, sem motivação, e abaixo da linha da pobreza. Socialmente marginalizado e submetido ao desanimo, aniquilado pela miséria, se julgando imprestável. Ao escrever sobre as péssimas condições de vida do jeca tatu, Lobado não só traçou seu perfil como também pintou o cenário onde vivia ele com sua mulher magricela seus filhos e seu cachorro umas poucas galinhas e uns porquinhos. Uma colônia de miseráveis todos entregue ao desanimo. À margem da dignidade humana. Como narrou o nobre escritor.
Jeca tatu passava os dias de cócoras, pitando seus enormes cigarros de palha, sem animo nada fazia, como lenhador preguiçoso voltando pra casa com uns míseros pauzinhos de lenha que mal davam para sua pobre mulher esquentar um pouco de água. Quando a fome apertava Jeca ia ao mato colher palmitos, cortar cachos de brejaúva, mas não tinha idéia de plantar um pé de couve atrás da casa. Perto tinha um ribeirão,onde ele pescava uns lambaris de vez em a quando e um ou outro bagre. E assim ia vivendo, com um pouquinho de milho pilado ramos de agrião colhidos nas partes mais frescas do mato.
Dava pena ver tanta miséria no seu casebre. uns dois banquinhos de treis pernas seus trapos de roupas rasgadas, umas peneiras furadas nada que significasse comodidade uma espingardinha de carregar pela boca, coronha rachada amarrada de arame esse era o patrimônio do jeca e só; todos que passavam por ali murmuravam:
-Que grandíssimo preguiçoso!Jeca Tatu era tão fraco que quando ia lenhar vinha com um feixinho que parecia brincadeira. E vinha arcado, como se estivesse carregando um enorme peso.
- porque não traz um feixe de lenha maior jaca? Quando alguém perguntava. Ele coçava a barbicha e respondia:
-Não paga a pena, é muito pesado ieu fico muito cansado.
Não pagava a pena consertar a casa, nem fazer uma horta, nem plantar arvores frutíferas, nem remendar a roupa. Só pagava a pena beber pinga.
--Porque você bebe Jeca? Diziam-lhe:
-Bebo pra esquecer as desgraças da vida!E os passantes murmuravam:
-Alem de vadio bêbado!
Além de vadio, bêbado...
Uma bela tarde aportou por lá um doutor, cujo automóvel ficara preso num atoleiro vendo tanta miséria e tamanha pobreza material e espiritual o doutor compadecido estendeu a mão ao Jeca, primero aconselhando, após o examinou.
Jeca possuía muitos alqueires de terra, mas não sabia aproveitá-la. Plantava todos os anos uma rocinha de milho, outra de feijão, uns pés de abóbora e mais nada. Criava em redor da casa um ou outro porquinho e meia dúzia de galinhas. Mas o porco e as aves que cavassem a vida, porque Jeca não lhes dava o que comer. Por esse motivo o porquinho nunca engordava, e as galinhas punham poucos ovos.
Jeca possuía ainda um cachorro, o Brinquinho, magro e sarnento, mas bom companheiro e leal amigo.
Então lhe disse o doutor:
Na sua barriga! São os tais anquilostomos, uns bichinhos dos lugares úmidos, que entram pelos pés, vão varando pela carne adentro até alcançarem os intestinos. Chegando lá, grudam-se nas tripas e escangalham com o freguês. Tomando este remédio você bota pra fora todos os anquilostomos que tem no corpo. E andando sempre calçado, não deixa que entrem os que estão na terra. Assim fica livre da doença pelo resto da vida.
Jeca abriu a boca, maravilhado.
Os anjos digam amém, sêo doutor!
Mas Jeca não podia acreditar numa coisa: que os bichinhos entrassem pelo pé. Ele era "positivo" e dos tais que "só vendo". O doutor resolveu abrir-lhe os olhos. Levou-o a um lugar úmido, atrás da casa, e disse:
Tire a botina e ande um pouco por aí.
Jeca obedeceu.
Agora venha cá. Sente-se. Bote o pé em cima do joelho. Assim. Agora examine a pela com esta lente.
Jeca tomou a lente, olhou e percebeu vários vermes pequeninos que já estavam penetrando na sua pele, através dos poros. O pobre homem arregalou os olhos assombrado.
E não é que é mesmo? Quem "haverá" de dizer!...
Pois é isso, sêo Jeca, e daqui por diante não duvide mais do que a ciência disser.
Nunca mais! Daqui por diante nha ciência está dizendo e Jeca está jurando em cima! T'esconjuro! E pinga, então, nem pra remédio...
JECA TATU 1ª PARTE
RECONTANDO A HISTÓRIA
DO JECA TATU
- Jeca porque você não trabalha? Foi com essa pergunta que Monteiro Lobado deu o pontapé inicial para que o caipira brasileiro se motivasse para sua grande evolução.
Ao criar o personagem jeca tatu o grande escritor abriu os olhos do caboclo brasileiro que estava morrendo de fome, embora tivesse uma grande riqueza a sua disposição, terra fértil. Aonde em si plantando tudo dá. Ao mesmo tempo lobato chamou a atenção da sociedade para o problema do caipira que vivia numa condição subumana, deplorável, sem motivação, e abaixo da linha da pobreza. Socialmente marginalizado e submetido ao desanimo, aniquilado pela miséria, se julgando imprestável. Ao escrever sobre as péssimas condições de vida do jeca tatu, Lobado não só traçou seu perfil como também pintou o cenário onde vivia ele com sua mulher magricela seus filhos e seu cachorro umas poucas galinhas e uns porquinhos. Uma colônia de miseráveis todos entregue ao desanimo. À margem da dignidade humana. Como narrou o nobre escritor.
Jeca tatu passava os dias de cócoras, pitando seus enormes cigarros de palha, sem animo nada fazia, como lenhador preguiçoso voltando pra casa com uns míseros pauzinhos de lenha que mal davam para sua pobre mulher esquentar um pouco de água. Quando a fome apertava Jeca ia ao mato colher palmitos, cortar cachos de brejaúva, mas não tinha idéia de plantar um pé de couve atrás da casa. Perto tinha um ribeirão,onde ele pescava uns lambaris de vez em a quando e um ou outro bagre. E assim ia vivendo, com um pouquinho de milho pilado ramos de agrião colhidos nas partes mais frescas do mato.
Dava pena ver tanta miséria no seu casebre. uns dois banquinhos de treis pernas seus trapos de roupas rasgadas, umas peneiras furadas nada que significasse comodidade uma espingardinha de carregar pela boca, coronha rachada amarrada de arame esse era o patrimônio do jeca e só; todos que passavam por ali murmuravam:
-Que grandíssimo preguiçoso!Jeca Tatu era tão fraco que quando ia lenhar vinha com um feixinho que parecia brincadeira. E vinha arcado, como se estivesse carregando um enorme peso.
- porque não traz um feixe de lenha maior jaca? Quando alguém perguntava. Ele coçava a barbicha e respondia:
-Não paga a pena, é muito pesado ieu fico muito cansado.
Não pagava a pena consertar a casa, nem fazer uma horta, nem plantar arvores frutíferas, nem remendar a roupa. Só pagava a pena beber pinga.
--Porque você bebe Jeca? Diziam-lhe:
-Bebo pra esquecer as desgraças da vida!E os passantes murmuravam:
-Alem de vadio bêbado!
Além de vadio, bêbado...
Uma bela tarde aportou por lá um doutor, cujo automóvel ficara preso num atoleiro vendo tanta miséria e tamanha pobreza material e espiritual o doutor compadecido estendeu a mão ao Jeca, primero aconselhando, após o examinou.
Jeca possuía muitos alqueires de terra, mas não sabia aproveitá-la. Plantava todos os anos uma rocinha de milho, outra de feijão, uns pés de abóbora e mais nada. Criava em redor da casa um ou outro porquinho e meia dúzia de galinhas. Mas o porco e as aves que cavassem a vida, porque Jeca não lhes dava o que comer. Por esse motivo o porquinho nunca engordava, e as galinhas punham poucos ovos.
Jeca possuía ainda um cachorro, o Brinquinho, magro e sarnento, mas bom companheiro e leal amigo.
Então lhe disse o doutor:
Na sua barriga! São os tais anquilostomos, uns bichinhos dos lugares úmidos, que entram pelos pés, vão varando pela carne adentro até alcançarem os intestinos. Chegando lá, grudam-se nas tripas e escangalham com o freguês. Tomando este remédio você bota pra fora todos os anquilostomos que tem no corpo. E andando sempre calçado, não deixa que entrem os que estão na terra. Assim fica livre da doença pelo resto da vida.
Jeca abriu a boca, maravilhado.
Os anjos digam amém, sêo doutor!
Mas Jeca não podia acreditar numa coisa: que os bichinhos entrassem pelo pé. Ele era "positivo" e dos tais que "só vendo". O doutor resolveu abrir-lhe os olhos. Levou-o a um lugar úmido, atrás da casa, e disse:
Tire a botina e ande um pouco por aí.
Jeca obedeceu.
Agora venha cá. Sente-se. Bote o pé em cima do joelho. Assim. Agora examine a pela com esta lente.
Jeca tomou a lente, olhou e percebeu vários vermes pequeninos que já estavam penetrando na sua pele, através dos poros. O pobre homem arregalou os olhos assombrado.
E não é que é mesmo? Quem "haverá" de dizer!...
Pois é isso, sêo Jeca, e daqui por diante não duvide mais do que a ciência disser.
Nunca mais! Daqui por diante nha ciência está dizendo e Jeca está jurando em cima! T'esconjuro! E pinga, então, nem pra remédio...