O BEBÊ BEBUM (humor)
E falando de coisas pueris, tem o caso daquele microscópico ser que resolveu nascer antes da hora, e se não bastasse, ao ser parido, já saiu de dentro de sua nave mãe, falando, isso mesmo falando, e simplesmente exigindo uma caninha, aquela água, que quando boa desce redondo, podem crer, a criaturinha desdentada queria cachaça. Médico, enfermeira, mãe e pai, já chamando padre, isso era milagre, anestesista clamando por pai de santo, aquilo só podia ser mandinga da braba, um verdadeiro furdúncio se formou na sala de parto. O padre chegou, benzeu todo mundo e o molequinho continuava aos berros pedindo cana, a mãe lhe ofereceu o peito, ele cuspiu fora, ela, botava o seio na boca do pequenino e ele punha o leite para fora, nada de leitinho quente, ele queria cachaça mesmo. O médico disse que iria fazer mal, mas, ele só berrava e esperneava. Depois de uns quinze minutos de intensa choradeira, o pai aflito, correu à vendinha mais próxima, trouxe um copinho descartável da tal caninha que desce redondo e assumindo os riscos, colocou o líquido no embolo de uma seringa sem agulha e ofertou ao bebum recém-nascido, e pasmem, assim que sorveu o líquido alcoólico, ele adormeceu sereno como todo bebê. Ânimos serenados, o padre recomendou que batizassem logo a criança, para evitar algum mando do Demo, que parecia estar querendo se apossar daquela pequena alma insólita.
Assim foi feito, e em sendo uma cidade mineira pequenina, o assunto logo se espalhou. A boca pequena se comentava, pelas vendinhas, botequins e na pracinha, que Maria Eunice parira um ébrio e Orlando concordando com tudo, só alimentava o rebento com a água que passarinho não bebe. Se bem que isso, não poderia ser chamado de fofoca, pois era a pura verdade. Durante a semana, Maria Eunice ia doando todo o leite que produzia para o hospital da cidade, pois o seu pequeno José Henrique só queria saber de manguaça, para que ele não morresse de fome, ela misturava caldo de frango caipira no líquido ardente. O engraçado é que, o menino não falava nenhuma outra palavra, que não fosse cana, no mais, era um bebê como todos os outros. No domingo seguinte, sendo o dia do batizado, Orlando tratou logo de abastecer o filho com a bendita caninha, para que ele não fizesse escândalo em plena igreja, na frente de todo mundo, andava meio vexado com aquilo tudo, até Maria Eunice, andava meio cabisbaixa, que situação!
No dia do batizado, tudo corria bem, até que o padre cobriu com a água benta, parte da cabeça do pequeno José Henrique, aí foi um Deus no acuda! A criaturinha começou a berrar cana, cana, cana! A assembléia veio abaixo de tanto riso e gargalhadas, as beatas se jogaram de joelhos no chão pedindo bênçãos para a criaturinha, a situação estava saindo do controle na casa de Deus, o padre não sabendo mais o que fazer, pediu ao pai que resolvesse aquilo, José Henrique bradava cana, cana, cana! Sem parar, o padre, já sem paciência, decidiu dar por terminado o bendito batizado, e em comemoração foram todos para o bar mais próximo, abastecer o rebento não mais pagão, com muita cachaça da boa, exceto, o padre e as beatas. Depois de uma embriaguez mineiro/caipirinha, José Henrique dormindo enfastiado de cana, já era considerado um parceiro de fé irmão camarada. Se isso é um causo ou verdade, nem eu sei, só sei que me diverti e ri bastante, quando ouvi essa história, de um matutinho simpático e mulatinho, enquanto, estava bebendo umas cervejas, numa tendinha lá no interior de Minas Gerais.
Cristina Gaspar
Rio de Janeiro, 24 de julho de 2015.
E falando de coisas pueris, tem o caso daquele microscópico ser que resolveu nascer antes da hora, e se não bastasse, ao ser parido, já saiu de dentro de sua nave mãe, falando, isso mesmo falando, e simplesmente exigindo uma caninha, aquela água, que quando boa desce redondo, podem crer, a criaturinha desdentada queria cachaça. Médico, enfermeira, mãe e pai, já chamando padre, isso era milagre, anestesista clamando por pai de santo, aquilo só podia ser mandinga da braba, um verdadeiro furdúncio se formou na sala de parto. O padre chegou, benzeu todo mundo e o molequinho continuava aos berros pedindo cana, a mãe lhe ofereceu o peito, ele cuspiu fora, ela, botava o seio na boca do pequenino e ele punha o leite para fora, nada de leitinho quente, ele queria cachaça mesmo. O médico disse que iria fazer mal, mas, ele só berrava e esperneava. Depois de uns quinze minutos de intensa choradeira, o pai aflito, correu à vendinha mais próxima, trouxe um copinho descartável da tal caninha que desce redondo e assumindo os riscos, colocou o líquido no embolo de uma seringa sem agulha e ofertou ao bebum recém-nascido, e pasmem, assim que sorveu o líquido alcoólico, ele adormeceu sereno como todo bebê. Ânimos serenados, o padre recomendou que batizassem logo a criança, para evitar algum mando do Demo, que parecia estar querendo se apossar daquela pequena alma insólita.
Assim foi feito, e em sendo uma cidade mineira pequenina, o assunto logo se espalhou. A boca pequena se comentava, pelas vendinhas, botequins e na pracinha, que Maria Eunice parira um ébrio e Orlando concordando com tudo, só alimentava o rebento com a água que passarinho não bebe. Se bem que isso, não poderia ser chamado de fofoca, pois era a pura verdade. Durante a semana, Maria Eunice ia doando todo o leite que produzia para o hospital da cidade, pois o seu pequeno José Henrique só queria saber de manguaça, para que ele não morresse de fome, ela misturava caldo de frango caipira no líquido ardente. O engraçado é que, o menino não falava nenhuma outra palavra, que não fosse cana, no mais, era um bebê como todos os outros. No domingo seguinte, sendo o dia do batizado, Orlando tratou logo de abastecer o filho com a bendita caninha, para que ele não fizesse escândalo em plena igreja, na frente de todo mundo, andava meio vexado com aquilo tudo, até Maria Eunice, andava meio cabisbaixa, que situação!
No dia do batizado, tudo corria bem, até que o padre cobriu com a água benta, parte da cabeça do pequeno José Henrique, aí foi um Deus no acuda! A criaturinha começou a berrar cana, cana, cana! A assembléia veio abaixo de tanto riso e gargalhadas, as beatas se jogaram de joelhos no chão pedindo bênçãos para a criaturinha, a situação estava saindo do controle na casa de Deus, o padre não sabendo mais o que fazer, pediu ao pai que resolvesse aquilo, José Henrique bradava cana, cana, cana! Sem parar, o padre, já sem paciência, decidiu dar por terminado o bendito batizado, e em comemoração foram todos para o bar mais próximo, abastecer o rebento não mais pagão, com muita cachaça da boa, exceto, o padre e as beatas. Depois de uma embriaguez mineiro/caipirinha, José Henrique dormindo enfastiado de cana, já era considerado um parceiro de fé irmão camarada. Se isso é um causo ou verdade, nem eu sei, só sei que me diverti e ri bastante, quando ouvi essa história, de um matutinho simpático e mulatinho, enquanto, estava bebendo umas cervejas, numa tendinha lá no interior de Minas Gerais.
Cristina Gaspar
Rio de Janeiro, 24 de julho de 2015.