Quem será? Bernardão ou Boi Tatá?
Dizem ser um caso verídico.
Seu Lugão quase foi vítima desta coisa horrível. Acontece que todos que por aquelas ruas transitavam em horários noturnos ou até sobre a luz do dia acabavam nas garras de deste animal terrível.
Não sei se podemos dizer estupro, ou atentado violento ao pudor, é que este personagem aparentava duas naturezas, hora parecia homem, hora parecia animal monstro. Alguns diziam que se tratava do Bernardão, outros diziam ser o Boi tatá; personagem folclore.
O velho índio quando dormia enrolado entre as folhas da vegetação á beira do rio em uma destas manhãs, sofreu ataque, ai coisa foi feia, o mostro o abraçou pelas costas, tapou lhe a boca e em seguida o violentou, dizia dona Margô que neste exato momento estava ela chegando para lavar sua roupa na correnteza deste riacho; de manhã cedinho, o pobre nativo estava jogado ao chão quase desmaiado, fedendo urina, pois, o tal bicho tinha o costume de depois terminar seu serviço urinar sobre as vítimas, neste momento estava ele com o traseiro todo ensanguentado e gemia de dores, enquanto o autor deste crime já havia se evadido deste mesmo local.
Dona Margô aproximou e constatou o estrago que o bicho fez, o tal bicho arrombou os fundilhos do velho índio... Barbáries...! O mês passado quase todas as vítimas eram pescadores, ou tinha alguma relação com pesca, interessante como este animal é organizado, parece que desta vez os vitimados serão os nativos destas imediações...
Quando surgia o dia lá estavam todos habitantes deste lugarejo comentando o acontecido, fuxicando pelas ruas:
_Sinhá Zéfa já ouviu falar do caso desta manhã, o bicho voltou a atacar novamente, desta vez foi o índio velho; aquele que passa o dia todo nos bares bebendo enchendo a cuca de cachaça e depois fica por ai cantando todas as mulheres enquanto vai falando todo tipo de palavrões... Tome fio de uma égua, desta vez achou o dele, levou no rabo até encostar os guebas...
_ Diga isso não minha amiga, coitado sô, disse dona Zefa... Nós mulheres até que aguentamos com mais facilidades estas relações anais, os homens não... Eles não estão acostumados com isso, a não ser que o caba é veado mesmo, e este Boi tatá desta vez foi cruel, afrouxou o fiófo do caba.
Dia após dia aumentava a estatística dos homossexuais nesta cidade, é que todos que foram mal acometidos por este tarado acabam por ser contaminado pelas vaidades pederastas; os caras viram veados logo após o primeiro ato sofrido pelo tal Bernardão, ou quer dizer... Boi tatá.
_ Tô preocupada com meu marido, saiu hoje cedinho até agora não voltou, to com mau pressentimento, acho que ele foi atacado pelo o tal bicho, Deus me livre, nem quero pensar nisso, tomara que seja só mau impressão de minha parte, cruz credo...
_ É... Comadre... Ta na hora de preocupar-nos, se ele pratica crime em série e agora começou estes atos criminosos com os índios, ta mesmo na hora de nos preocupar, pois é... Lembre-se que nossos maridos são descendentes de indígenas, nem quero imaginar, Boi tatá ataca meu marido, ai ele fica todo florido; meu home que sempre comparece exibindo panca de machão, ele que não me deixa dormir de noite, sempre querendo minha fruta, depois disso venha me pousando de mulherzinha... Olha comadre, certeza que eu me mato nunca mais eu quero viver... Deus me livre sô.
Este suposto animal desordeiro era mesmo assim, praticava seus atos libidinosos violento por etapa, suas vítimas eram selecionadas por gênero, seguimento ou origem raciais.
Jucão um personagem lendária destas zonas rurais, sentava suas residências neste pequeno vilarejo agora temia muito o fato de ser capturado por esta fera, nem só ele, mas, todos moradores deste local, temiam serem surpreendido por este bicho homem que não deixava nada a perder, nesta tarde passou horas e horas bebendo suas cachaças no barzinho daquela vila, sempre era assim, vinha para o patrimônio fazer suas compras das despesas de primeiras necessidades e ficava por ai nestes botecos do copo sujo.
Naquela tardinha meio que temperatura baixa seguia ele; Jucão por aquelas trilhas, que o levava ao seu rancho lá no roçado, tomado por muito medo e preocupadíssimo olhando a seus redores, não podia mover uma folha que ele tão assustado já ficava em prontidão, caminhava meio que cambaleando devido a várias pingas ingeridas lá no boteco, com aquele saco de compras pesando lhes aos ombros caminhava olhando para os céus presenciando o mundo rodar aos seus pés.tamanha era o estado de sua embriagues e pensava lá com seus botões – Morro de medo de ser atacado por este monstro - aqui não bicho da peste, aqui é aroeira, se quiser comer fiofó, que vá comer o da sua avó, cão da peste. E até dizia em voz alta mesmo que ninguém estava lá neste sertão para escutar.
Havia uma árvore um pouco frondosa que com seus galhos longos atravessava aquela pequena trilha, Jucão teria que passar lá por baixo deste lugar; um ponto estratégico para estes ataques deste tarado estuprador que não perdoava nem furico de caba home, neste momento Juca estava transtornada de medo, se espantava até com as borboletas, imaginem que tensão ele vivia neste momento, meio que desnorteado acabou por cometer um tropeção em uma pedra do caminho e foi atirado ao chão naquela posição de cata cavaco, enquanto neste momento seu saco de compras foi para cima de suas costas até cobrindo seu cangote.
Jucão muito alucinado com sua bebedeira pensou que fosse esta hora este ataque e dando-se por vencido gritou bem alto assim:
_Come caba da peste, bicho do cão, mas, fique sabendo que você ta comendo um caba macho, seu eis comungado do Diabo.
Permaneceu por várias horas dormindo naquele mesmo lugar onde caio tomado de medo, ali ele corria muitos riscos de ser pego por este bicho estuprador, mas neste momento se curava da bebedeira.
Lá pelas tantas da noite acordou muito assustado não se lembrando o que teria acontecido, tentou recobrar a memória ai até que se lembrou do monstro estuprador, quando se despertou seus sacos de compras ainda pesava lhes suas cacundas. e ainda acreditava que poderia ter sido vitimado deste impiedoso animal homem, preocupado com sua honradez foi logo conferido seu traseiro para certificar se estava tudo bem, e logo percebeu que estava tudo em seus devidos lugares, tudo estava inviolado, virgem como sempre, seu Jucão ficou muito contente por não ter sido mais uma vítima deste tal Boi tatá, ou quer dizer... Bernardão.l..
Mas algo não estava em seu devido lugar, Jucão sentiu falta de seu precioso relógio de pulso que a partir deste momento desapareceu de seu braço, só isso lhe causou decepção; a falta de seu relógio, certeza que alguém passou por ali e o roubou de seu braço esta jóia que para seu Juca era realmente reconhecida até debaixo d’água, logo ele descobrirá o ladrão.
Dia destes lá estava Jucão bebericando suas pingas entre seus amigos gozadores e brincalhões, que os quais diziam e grande algazarra formando um coro de gargalhadas:
_ Companheiros!!!... Sabem vocês quem foi atacado por este tal Boi Tatá em uma destas noites?... Jucão foi o Jucão que desta vez acabou caindo na vara deste tal Bernardão...
_ Na, na, na, não, Não fui eu não, esse bicho nem passou perto de onde eu estava, acho que ele estava lá pras banda da casa de nego Jão.
_ Epa!!!. Lá em casa não!
Logo Jucão percebeu que aquele relógio que estava no braço de um daqueles fanfarrões não lhe era estranho, foi o relógio roubado de seu pulso naquele dia que caiu na trilha, na hora do medo do bicho papão, ai indignado com este fato humilhante disse em voz bravia:
_ Ei, este relógio é meu, vai devolvendo já meu objeto, seu ladrão safado.
_ A é?.. este relógio é seu? é? Pois, este relógio pertencia a um bêbado que estava deitado naquela trilha que vai pro rio, lá quase chegando ao roçado, comi lhe seu fiofó e depois tomei lhe este relógio, então era você o dono deste relógio?
Jucão muito que envergonhado disse:
_ Não é meu não, desculpa, só parece com o meu relógio desaparecido, deve ser de algum destes bêbados que caem por ai nestas estradinhas.
_ Sabe como é... Cu de bêbado não tem dono.
_ Então!
_ Brincadeira Juca, este relógio é seu sim, fui eu quem passou por lá e tirei de seu pulso evitando que alguém o roubasse não se preocupe não seu Juca, ninguém comeu ninguém, nunca eu faria isso com amigo, pode dormir sossegado e em paz, se o Boi Tatá não comeu, muito menos eu.
Antonio Herrero Portilho – 22 de julho de 2.015