ASSOMBRANDO A ASSOMBRAÇÃO

Eram tempos diferentes, eram modos diferentes, naquela época a rapaziada mais nova sempre parava para escutar os mais velhos contarem seus causos e o que mais chamavam a atenção eram os causos de assombração, os causos pitorescos chegavam a se tornais reais na boca dos contadores de causos e a Vó Bastiana sabia contar estes causos como ninguém, tanto que contava as mais horripilantes estorias com tamanha convicção que acabava por dar vida aos fatos.

Como naquele tempo não havia a televisão, o radio e outra forma de entretenimento, um grupo de jovens, toda tarde se deslocavam da colônia onde moravam e iam até a casa de Vó Bastiana, com o objetivo de enamorar sua linda neta, mas com o pretexto de ouvir as historias da bondosa senhora.

Eram ao todo cinco rapazotes, um misto de adolescente e jovens que retornavam depois para casa morrendo de medo, pois alem das estórias que ouviam, o caminho passava obrigatoriamente ao lado do cemitério do lugarejo, mas sempre juntos venciam este obstáculo, sempre um dando força para o outro.

Entre eles existia um que era o mais corajoso da turma, porem logo começou um namorico com a neta de Vó Bastiana, assim os quatro vinham embora e ele sempre acabava ficando para trás e chegando na curva do cemitério eles precisavam ficar esperando o rapaz namorador, pois era ele que encorajava os demais, porem isto estava sendo inoportuno aos quatro colegas..

No cemitério havia um tumulo grande, bem conservado e que ficava a beira do caminho e de onde muitas coisas se ouvia dizer e tão logo se contornasse a curva, a primeira visão que tinha era desse tumulo, assim os quatro tiveram a ideia de pregarem um peça no rapazote, visto que este toda noite ficava para trás e eles tinham que espera-lo para passarem juntos aquele trecho do cemitério.

A plano era que cada um levasse, as escondidas, um lençol e deixasse guardados numa moita de capim a beira do caminho, próximo ao cemitério, assim quando retornassem, sentariam no túmulo, colocariam os lençóis sobre a cabeça e queria ver a coragem do rapaz ao se deparar com quatro fantasmas sentado no famoso tumulo, não se sabe de onde tiraram coragem mas assim fizeram.

Na noite seguinte, saíram da casa da Vó Bastiana deixando para trás o rapaz namorador e chegando no cemitério se prepararam conforme combinado, o tempo passou, e nada do retardatário chegar ate que o medo começou a inquietar os rapazes, ja aproximava da meia noite quando um deles contou cinco pessoas no grupo, se arrepiou todo e perguntou ao colega baixinho:

___ Em quanto somos?

O Outro também com medo respondeu

___ Seu bobo, somos em quatro!

Com a voz tremula ele retrucou:

___ Então tem alguma coisa errada, tem cinco.

Com o alerta, perceberam que estavam em cinco no grupo, jogaram os lençóis da cabeça saíram em disparada e só mais tarde ficaram sabendo que na noite anterior enquanto combinavam tudo não perceberam que a Ritinha, Neta da Vó Bastiana ouviu tudo e contou para o namorado, que sabendo dos planos dos colegas também se preparou e, naquela noite fez parecer que ficou namorando como de costume, mas não ficou, seguiu os colegas que entretidos na malvadeza nem perceberam a sua presença entre eles. Era o quinto fantasma.

Maciel de Lima
Enviado por Maciel de Lima em 21/05/2015
Código do texto: T5250132
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