O desabafo de Euclides

Euclides era um bodegueiro do vilarejo de Aparecida, distrito de Sousa PB. Para sobreviver Euclides mantinha uma agricultura de subsistência numa terrinha de uns seis hectares, que fazia divisa com as terras dos Gadelhas. Ali ele plantava milho, feijão e algodão. Era uma forma de ajudar nas despesas de uma família de mais de 10 filhos.

Naquele ano o inverno começara cedo, Ocrides como era mais conhecido, já estando com o seu terreno limpo, inicia o plantio das sementes que guardara da safra anterior. Com a ajuda da mulher dos filhos mais velhos, ao cabo de 15 dias o roçado estava plantado, agora era só esperar as chuvas.

Durante o mês de fevereiro chovera normalmente, Euclides não cabia em si de tanta felicidade, o milho já começava a soltar os pendões e o feijão as flores..

Diariamente Euclides ia até ao roçado para limpar o mato e chamar terra para os pés das covas. Geralmente à noite mesmo cansado Euclides ia até a sua bodega, ali ele se juntava com os seus amigos, para jogar dominó e tomar algumas lapadas de cana, até que desse a hora de dormir.

Euclides estava tão eufórico com 0 inverno quem não parava de falar

um instante para os amigos do lucro que iria ter. Até o momento as coisas iam as mil maravilhas, se a chuva continuasse o lucro estaria garantido.

A partir do meado do mês de março as chuvas passaram a rarear, para arrematar surge um praga de lagartas que passa a devorar a plantação do Eucliudes. Por sorte ele consegue umas latas de inseticida na Emater e dá cabo das lagartas. Agora o maior problema era a falta de chuvas, por falta d’agua o milho começou a murchar e o feijão a perder as flores.

Certo dia Euclides estava na bodega quando escutou um barulho de um trovão, ele corre até a calçada olhando em direção ao nascente, no horizonte o céu estava carregado de nuvens de chuva. De repente chega a chuva acompanhada por fortes trovões e relâmpagos, era cada estrondo de derrubar o reboca das paredes.

Euclides ficou tão contente com a chegada da chuva, que pega a bicicleta, mesmo debaixo daquele aguaceiro, parte em direção ao roçado. Ele queria ter a certeza que a chuva molharia a sua roça. A medida que Euclides se aproximava das suas terras, o vento foi mudando direção levando as nuvens em outro sentido.

Quando Euclides chegou ao roçado, aconteceu uma coisa que ele jamais esperaria, ele não acreditava no que estava vendo. O vento havia empurrado as nuvens de chuva para o lado oposto da sua cerca, exatamente para o lado das terras dos Gadelhas, chovia tão forte de “sapo pedir canoa”, enquanto no seu roçado apenas respingava sobre a lavoura esturricada pela seca. Euclides ficou tão desesperado com aquela situação que chegou a pensar em voz alta:

- Isso só pode ser marcação da natureza, eu um homem pobre, pai de dez filhos, necessitando tanto das chuvas para molhar a minha lavoura, não chove no meu terreno! Enquanto nas terras dos Gadelhas, gente rica, que este ano não chegou a plantar, chove desta forma !

- ISTO É UMA COVARDIA, SÓ PODE SEWR MARCAÇÃO !

Mau Euclides acabara de falar um forte clarão iluminou o céu, seguido de um estrondo de um trovão como nunca ele havia escutado, uma faísca risca o céu e um “corisco ´acerta em cheio um velha e frondosa Baraúnas a poucos metros do Euclides, Da enxada que Euclides trasia na mão só sobrara o cabo.

Com o susto provocado pelo estrondo do trovão, Euclides cai de costa. Passado uns instantes e já refeito do susto, ele se levanta e passa a esbravejar como um desvalido, e. . .

- Além de “Xeleléu” de políticos, ainda por cima e “babão” seu RAIO DA CILIBRINA. ! ! !