ACÁCIO
Foi outro personagem que povoou meu mundo de criança na pequena cidade do interior.
Atiçou minha imaginação e meus medos. Chamavam-no de louco e, certamente, tinha alguma doença mental, pois seu comportamento era errático.
Homem violento e nós crianças o temíamos.
Quando eu andava pela rua e via que ele vinha em minha direção, meu instinto era correr e fugir, mas sabia que seria pior, então, atravessava a rua e passava por ele com medo, controlando seus movimentos com o rabo do olho para não chamar-lhe a atenção.
Era um sujeito moreno, magro e ágil.
Tornara-se o terror das donas de casa que costumavam deixar suas roupas no varal para secarem ao sol.
Naqueles tempos as casas não tinham grades ou muros altos e Acácio roubava roupas que vestia umas sobre as outras.
A molecada não o deixava em paz. Ele andava apressadamente, passos largos. Ia de um extremo ao outro da avenida principal, vociferando contra os garotos. Seu vocabulário incluía alguns palavrões.
Mas o que o deixava colérico, era dizer-lhe:
"Acácio, vai tomar banho!"
Passava horas repetindo:
"Banho não presta!" "Banho não presta!"
"Banho não presta!"