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Imagem: valiteratura.blogspot.com

                O SORTUDO
 
            Zé Gordo era visado pelos bandidos porque tinha fama de ter muito dinheiro. Fazendeiro próspero, mas não abria a mão pra nada. Costumava andar malvestido. Usava um chapéu preto. Os filhos nem se importavam com ele. Estavam acostumados. Pouca conversa, só falava o necessário. Era conhecido também como “O Sortudo”. .
 
            Sempre levava a melhor em tudo. Várias tentativas de assalto achava um meio para escapar. Numa feita conseguiu prender os ladrões dentro da casa. Fugiu com a chave e deixou-os trancados. Em seguida chamou a polícia e os larápios foram ver o sol nascer quadrado.
 
            Um dia de muita chuva Zé foi juntar lenhas no mato perto da sua casa. Era seu costume sair e não avisar ninguém. Passou o vau do rio que serpenteava dentro da sua fazenda.  Ao voltar, foi arrastado pela forte correnteza. Fizeram as buscas possíveis e nada de encontrá-lo. O velho chapéu preto foi encontraram a alguns quilômetros pra baixo. Desistiram. Achavam os moradores e a família que o corpo do Sortudo já estava no oceano.
 
            Na fazenda do Gordo existia um pequeno depósito de cereais. Quando a água o arrastou, conseguiu sair a alguns metros para baixo. Foi até o ranchinho. Lá havia alguns alimentos, reservas de roupas e até um chapéu preto,  igual ao que fora levado pelas águas barrentas do rio. Tinha também cama e cobertas. Esses apetrechos sempre eram deixados naquele lugar, pra serem usados caso necessário quando estivesse lá trabalhando.  O homem chegou, acendeu uma fogueira, secou a roupa e ficou ali bem sossegado, enquanto procuravam o seu corpo ao longo do rio.
           
             Queriam fazer um enterro decente, mas sem o corpo não daria. Alguém da família teve uma ideia. Cortou um tronco de bananeira, fez algo parecido com um judas de Sábado de Aleluia. Vestiram, ou seja, envolveram aquele “corpo” num lençol, colocaram o chapéu e fizeram o “Velório”. Chamaram um padre que oficializou o enterro.

 
            A chuvarada parou e as águas baixaram. No dia do sepultamento Zé Gordo atravessou o rio e voltou para a casa. Passou no cemitério que era caminho e viu aquele tumulto. Pessoas da família chorando. Em prantos diziam:
            - Coitado do Zé.
 
            Outros falavam com voz de choro:
           -Pobrezinho do Gordo!
 
          Outros diziam com ar de deboche:
         - O Sortudo dessa vez levou azar!
 
      Coitado do fazendeiro não entendeu nada. Subiu numa árvore e ficou assistindo do alto o seu próprio “enterro”. Chorava junto com os outros, mas ninguém o via. Sepultaram o tronco de bananeira em sua memória juntamente com o chapéu. Acenderam velas em cima do monte de terra.
 
         No momento em que começaram a queimar as velas, Zé Gordo desceu da árvore, usando um chapéu preto, assustando todo o mundo daquele local. Foi um corre-corre danado. Desespero total. Cada qual correu para um lado. Sortudo correu pra casa junto à família assustada...
 
(Christiano Nunes)



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