A LEI DA GRAVIDADE
Era um caboclinho matuto mas muito servil e prestativo, levava uma vida humilde e sossegado em sua casinha com esposa e filhos em um bairro distante do vilarejo quando, certo dia apareceu por lá um político, candidato a prefeito da pequena cidadezinha que, de olho nos eleitores do bairro e percebendo a popularidade do caboclinho acabou induzindo o pobre homem a se candidatar para vereador pelo seu partido político e, apesar das ponderações dos parentes mais próximos, levado pelas malfadas promessas políticas, iludido o rapaz acabou rechaçando os conselhos e aceitando o convite.
O tempo passou, o período eleitoral chegou e o rapaz acabou tendo uma boa votação, o suficiente para ser eleito. Uma vez eleito, como era um homem de boa índole, o que na política isto é uma raridade, procurou trabalhar segundo a sua maneira de pensar, mas como sempre acontece, o rapaz cujo único defeito era a sinceridade e o desejo de fazer algo pela população, passou a não ser bem visto nem pelo prefeito e tampouco pelos demais “nobres colegas”.
A cidade era pequena, com uma arrecadação baixíssima, portanto sem recursos financeiro e com um orçamento anual pequeno, faltava os serviços públicos essenciais como educação, saúde e sobretudo o saneamento básico do qual nem se ouvia falar. Acontece que numa visita feita em uma cidade de maior porte, o caboclinho vereador ficou maravilhado com as água nas torneiras da casas e voltou com este ideal, propondo que também em sua cidade as donas de casa pudessem ter aquelas regalias, levou a proposta para a Câmara de Vereadores porem, no ardor das discutições a desculpa era sempre a mesma:
__ Não temos recursos financeiros para a compra de encanamentos, motores e demais materiais para a execução de tal obra.
Discussão vai, discussão vem, o caboclinho ganhou a simpatia das donas de casa com tal empenho e isto colocou o senhor prefeito em maus lençóis até que um dia um dos colegas vereadores da situação, que defendia com unha e dentes a posição do executivo foi categórico em dizer.
__ Esta é uma obra que esta fora dos alcance da prefeitura, alem do mais, a cidade esta situada no espigão, precisamos de vultuosos recursos para bombear a água do rio que passa bem abaixo do nível das casa.
O Caboclinho insistia:
__ Que nada, é só comprar os canos e trazer a água até as casas...
O Caboclinho tentava explicar uma forma de fazer a água chegar até as residencia mas, irritado com a teimosia, o defensor do prefeito o interrompeu
__ Nobre colega, Vossa excelência esqueceu que a Lei da Gravidade não deixa a água subir morro acima?!?!?
Num sobressalto, o caboclinho se levantou e olhando firmemente no olho do nobre colega, questionou
__ P’intão, o qui tamo fazendo aqui que não mudamos esta mardita lei? siô!
E a seção foi encerrada pelo presidente entre risos.