TO COM SEDE!
Desejos Sexuais
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Em Torres, também em minha vida tudo corria normalmente
era mais um ensolarado e esplêndido dia de verão.
Aqui neste paraíso abençoado os dias são quentes,
feitos de paz e luz um convite para se refestelar a beira mar,
caminhar pela orla de areia macias e brancas com a brisa fresca
a bronzear o rosto, sentir no vai e vem das ondas a respiração da vida, absorver as energias que revigoram organismo, sentir a pureza
de um clima saudável transformando em jovialidade os belos momentos.
Todos os dias pela tarde, eu e meu amor nos dirigimos para praia
onde passamos momentos de extrema calmaria e doce felicidade
Ao voltarmos à tardinha percorremos algumas lojas do centro
e até em casa chegarmos já se faz noite, um banho agradável
para retirarmos do corpo a maresia, um lanche com aquele sabor
de “meu bem” para nos manter ativos e depois sentarmos
placidamente para um descanso favorável e também para
conversarmos sobre mais uma aventura feliz vivida por nós .
Sentamos tranquilamente em um sofá da sala voCê
com uma linda sainha, colorida e bem curtinha deixando
a mostra todo os seus encantos, uma daquelas belezas,
que sei, seus idealizadores a confeccionaram justamente
para em ocasiõesde intimidades a amada estontear o parceiro
pois a vista do belo, o provocar dos instintos onde
a imaginação encaminha desejos direcionando-os para o leito.
Acomodamo-nos lascivamente no tal sofá, voCê
se ajeitava em meu colo, se remexia toda tentando
acomodar o “mi dick” em suas partes peripopéticas
e ali ficamos a trocar carícias e a olhar televisão.
Foi de repente e não sei por que cargas d’águas,
depois eu percebi não havia água, só a carga,
mas foi na troca de um beijo que de repente
resolvemos principiar uma boba conversa sobre antigos namoros,
eu a ouvia em silêncio tentando evitar a invasão de ciúmes,
embora pelo seu bem querer e exclusiva vontade voCê
particularmente estava a tempos pertencendo a mim.
Em meus arrolamentos nunca fui possessivo e afinal já era passado,
voCê ajeitada em meu colo tentava me explicar que nenhum foi importante e que só a mim viestes verdadeiramente a amar
e eu sei que foi realmente assim, pois desde a primeira vez já senti
voCê em volúpias de carinhos inteiramente se entregar.
Chegou a minha vez, eu fiquei por minutos a pensar
no que iria lhe falar, precisava ter cuidado ao relatar
minha peripécias amorosas e com elas não lhe magoar,
nisto pensando e tendo conhecimento de sua sensibilidade
e que dela as vezes partia pontinhas de ciúmes condenando
as minhas proezas passadas, resolvi na melhor das intenções
fazer uma brincadeira, não queria lhe contar
os fatos reais, pois sei, a deixaria abismada!
Com a mais perfeita carinha de simplório lhe disse
que só namorava porque de vez enquanto eu sentia sede
e então corria para beber direto da fonte e já que nosso corpo
é feito basicamente de setenta por cento de água
eu namorava para diretamente do pote me abastecer.
Meu Deus do céu, em que vespeiro fui me meter,
voCê não entendeu, ou não quis entender o meu brincar
e a metáfora que fiz comparando o ato sexual a uma ânfora de água
cristalina que era por mim usada em dias de sede para me saciar.
Explodindo em cólera se contorceu e deu um pulo
que fez o coitadinho do “ mi dick” sentir dores atrozes
pois nesta altura dos acontecimentos se encontrava
devidamente encaixado em suas parte delicadas e que
já se preparava para mais um copo d’água beber!
Nem prestastes atenção em minha expressão de surpresa
e no recolhimento do pobre infeliz que tinha sido brutalmente
impedido de mergulhar em sua vertente e como um andarilho
de escaldante deserto se afogar no poço de sua água preferida.
Confesso que ainda hoje não consigo entender
que bicho lhe mordeu, de dedo em riste, o rosto contraído,
parada a minha frente me acusando de ser um libertino
que usava o desfrute do sexo como desculpas para aquilo que
realmente eu era, uma caixinha fabricante de ilusórias sacanagens.
Poxa. Se acalme, não precisa ficar assim, eu só fiz uma brincadeira
e de seus vários amores eu nada falei, porque entendo que na liberdade
você devia sim buscar aquele algo mais que a viesse completar,
parando ao sentir-se preenchida, sugada pelo viajante
que morrendo de sede a penetrasse procurando em
fartos goles secar a fonte existente em seu interior.
De nada adiantou e ao elevar-se a voz,
da sala rápido me retirei ouvindo ainda seus
contrariado argumentos sobre a minha descabida libertinagem.
Ainda tentei, isto foi passado, não sinto mais sede por que voCê
me traz fartamente saciado. Foi inútil em sua tola e desproporcional incompreensão que gritava alertando os vizinhos, amigos que
prestimosos correram para saber o que estava com nós acontecendo,
envergonhado tratei de os tranquilizar depois consciente
a porta eu abri, um aceno e de voCê me despedi.
Judicialmente nos separamos, pois tinhas já direitos adquiridos
e eu fiquei por tempos a lamentar a tolice que cometeste,
uma simples brincadeira lhe levou a atos extremos,
busquei pretextos, talvez por ser ainda muito jovem
lhe faltava uma melhor preparação no conviver a dois.
Eu fiquei a lamentar porque em andanças pelo deserto abrasador
que envolve a humanidade finalmente tinha encontrado
o meu oásis salvador onde sua fonte seria um beber inesgotável.
Mas deste bicho que lhe mordeu passeia desconfiar,
pois não encontro explicações cabíveis onde possa
se enquadrar a sua explosão desatinada!
Só sei que nesta minha brincadeira eu perdi mais uma casa mobiliada,
mas isto não é o pior, lamento porque perdi também aquela que
com seus dotes corporais me despertava o libido, me enlouquecia
e saciava totalmente minha sede em horas que eu me deliciava
a beber em sua fonte de águas translúcidas e energéticas.
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Elio MoReira -_ Torres -_ RS