O universo de um quarto.
De longe se ouvia os passos sobre o capim do pasto naquela noite de sábado, eram três jovens que estavam atrás de cubensis , ou melhor dizendo, cogumelos azuis. Os três caminhavam lentamente olhando para o chão, as vezes um deles diziam:
- Achei, mais um! – e o silencio entre eles voltava a ser como antes, o único som produzido era o de seus passos sobre a grama.
Foram algumas horas de procura até que eles conseguiram encontrar quatro cogumelos, colocaram em uma sacola e voltaram para a casa de um dos jovens e foram pensar em como dividiriam aquela colheita entre eles.
- Vamos comer eles? Perguntou um dos jovens, nesse momento outro respondeu:
- Comer a viajem é mais longa, só que demora muito para fazer efeito, não quero ficar esperando muito. O terceiro jovem disse:
- Vamos fazer chá deles, fervemos três copos de água com os cogumelos e assim dividimos por igual, faz efeito mais rápido e vem mais suave a brisa.
Ambos concordaram em tomar o chá, foram logo prepara-lo, enquanto não estava pronto ficaram conversando e rindo até que já estava tudo preparado e só restava beber aquela substancia alucinógena.
- Espera, antes do bebermos vamos fazer um brinde. Propôs um dos rapazes e em seguido todos levantaram seu copo e disseram em coro:
- Há nossa mediocridade!
Dizendo isso beberam de uma vez o chá e foram para sala assistir um pouco de teve antes que embarcassem em suas alucinações.
Meia hora depois terem bebido o chá um dos jovens levantou do sofá e disse:
- Aff! Vou embora, essa merda não vai fazer mais efeito, chá faz efeito com dez minutos, já se passaram muito mais que isso. Falou para vocês!
Um singelo aceno de mão e ele foi embora. Caminhou por alguns quarteirões até chegar em sua casa, assim que chegou e entrou na sala olhou para TV e o home theater e exclamou:
- Putz! Aquelas luzinhas são vermelhas, agora elas estão verdes, até que enfim fez efeito o chá!
Ao perceber que já estava chapado, ele correu para seu quarto, para poder aproveitar suas alucinações, chegado a ele, ascendeu a luz, trancou a porta, sentou em sua cama e ficou todo eufórico esperando suas alucinações, ele olhou o umidificador de ar que estava próximo aos pés de sua cama, uma troca de roupa jogada no chão, uma lata de massa para polir carro, com uma garrafa de cera liquida em cima da lata de massa, no chão próximo ao seu guarda-roupa, ficou assim por um logo período até que percebeu que não estava tendo nenhuma alucinação, então resolver ir dormir, apagou a luz e deitou-se, nesse momento percebeu que a janela do seu quarto estava aberta e entrava por ela um fecho de luz que o incomodava, decidiu fecha-la e quando se levantou olhou para o chão perto do seu guarda-roupa e exclamou:
- Caraca mano! Quando foi que eu ganhei aquela estatueta do Oscar?!
Esse foi o ponto de partida para sua viajem, a partir daí seu quarto era um universo paralelo a realidade e aquele rapaz não tinha se dado conta disso ainda, mas viveria uma vida inteira em apenas algumas horas durante aquela madrugada de sábado para domingo.
- Eu sou famoso, hahaha, eu sou famoso! Putz, sou famoso e não sabia! Nossa, eu sou famoso! Ele fez essas exclamações com suas mãos tampando sua boca em uma tentativa falia de conter seu riso.
Dizendo isso ele se jogou em sua cama, sentindo todo o seu ser, sendo possuído por uma felicidade e auto satisfação nunca experimentada por ele antes, foi então que ele teve a sensação de esta flutuando e que repentinamente começasse a girar, rápido, muito rápido, até que ela parou repentinamente, com isso ele abriu seu olhos e ao sentar na cama ele perguntou-se:
- Onde é que estou? Não, como que vim parar aqui?
Ele se encontrava em uma planície cercada por rochedos, ela não era muito grande, tinha mais ou menos o tamanho de um campo de futebol, tanto ela quanto o topo dos rochedos eram gramados, de um verde extremamente vivo que se destacavam ainda mais em contraste com as paredes marrons claro dos rochedos e com o azul do céu. Até ai tudo bem, tudo lindo, uma paisagem linda, magnífica, até que o céu ficou nublado, tornando toda a paisagem cinza, deixando o lugar com um ar sombrio, ele ficou um pouco assustado, mas seu medo floresceu, quando toda aquela planície foi invadida por uma manada de girafas com próteses biônicas substituindo suas pernas, a cada passo dado por elas, fazia com que ecoasse um som medonho de metal e esguichasse fluido de óleo pelas as articulações e assim deixando aquele jovem completamente apavorado. Suas pupilas junto com suas narinas se dilataram, ele sentiu seus olhos encherem de lagrimas, que começaram a escorrerem pelo seu rosto, junto com seu suor, que era frio e o deixava mais apavorado ainda. O pânico tomou conta de todo o seu ser, sua respiração e seus batimentos cardíacos eram irregulares, todo o seu corpo tremia, deixando-o mais agoniado, nesse momento ele já estava deitado em sua cama, pensava apenas em sair dali, foi quando seu pavor atingiu o ápice, ele assistiu em câmera lenta, a decida de uma daquelas pernas gigantescas de metal vindo em sua direção, ele seria pisoteado, “É o fim”, ele pensou e no ultimo momento ele consegui saltar de sua cama ficando em pé, com os olhos fechado e ainda possuído pelo medo.
Quando o rapaz abriu os olhos ele estava no meio do seu quarto, sentiu-se aliviado e sussurrou:
- Que loucura... cara, que loucura!
Ele olhou para um espelho que tinha dependurado na parede de seu quarto, era um espelho grande, de onde ele estava conseguia ver todo o seu corpo refletido no espelho, mas como o local estava mal iluminado, ele viu apenas a silueta de seu ser refletida ali e com isso fez com que ele tivesse a sensação de estar uns dez ou doze anos mais velho, com a aparência de um homem de uns trinta e poucos anos de idade. Como a ultima alucinação que tivera o deixou cansado resolveu deitar-se para descansar um pouco, após deitar e fechar os olhos novamente sua cama começou a flutuar e girar loucamente. Era mais uma viajem, mais uma alucinação, que o levaria para mais um lugar e lá ele viveria uma nova aventura, ele só disse uma coisa antes de começar a viver aquela nova alucinação:
- Por favor, sem girafas biônicas pisando em mim...
Tudo estava escuro ele não conseguia enxergar nada, até que ele viu uma luz bem fraca e envolta dessa luz começou a se formar uma cidade em poucos minutos o centro de uma cidade estava todo formado, com uma aparência típica de uma cidade europeia da década de vinte retratadas nos filmes mudos. O rapaz ficou maravilhado com aquela visão, ficou encantado com as fachadas das lojas que ele via, com as ruas de paralelepípedos, com os postes todos ornamentais, ele resolveu olha as roupas de uma das vitrines e ficou confuso, viu roupas futurísticas que lembravam trajes espaciais, com isso ele falou e viu em sua mente uma tela preta com sua fala escrita nela que era a seguinte “Nossa que roupas diferentes para a época!”, quando ele percebeu isso e exclamou e novamente pareceu aquela tela com seu dizeres que eram, “Caraca, estou no filme mudo!” só então que ele percebeu que toda a paisagem estava em preto e branco, o jovem ficou super feliz, seus olhos brilhavam maravilhado como o de uma criança visitando pela primeira vez um parque de diversão. Ele corria de um lado para o outro sorrindo, até que ele parou na frente de uma loja de caça e pesca para olhar sua vitrine, foi quando ele começou a ouvir uma musica eletrônica bem baixinha e conforme ela ia ficando mais alta aparecia mulheres usando aqueles trajes futurísticos e dançando aquela musica, o jovem parou e começou a observar aquelas mulheres, curioso, pois ele não conseguia ver o rosto delas e quando ele conseguiu ficou pasmo, em choque, toda a paisagem era preto em banco, menos as mascaras de girafa que as mulheres usavam. Essas mulheres pararam de dançar repentinamente, elas começaram a observa-lo, a musica foi ficando mais alta, o clima ficou mais tenso e essas mulheres começaram a agredi-lo no ritmo da musica fazendo com que aquele jovem chorasse e chamasse por sua mãe em seu pensamento. Essa situação durou alguns minutos, a musica parou e quando o rapaz percebeu ele estava sentado em sua cama todo encolhido e enrolado no lençol. Ele ficou aliviado, podia em fim parar de chora, mas uma coisa era certa, nascia ali uma fobia de girafas. O jovem levantou da cama para ir beber água, nessa hora ele olhou para cima e disse espantado:
- Porra, como que eu vim para no teto!
No meio de seu espanto ele olhou novamente para o espelho, mais uma vez ele sentiu seu ser sendo possuído por uma felicidade inexplicável e começou a rir descontroladamente enquanto toca todo seu corpo e ficava maravilhado com a imagem que via refletida no espelho. Ele estava gigantesco, com orelhas igual a de elfos, todo seu corpo estava azul, mas isso não o deixou feliz, o que o deixou feliz mesmo, foi o fato dele ter um rabo e quando ele percebeu esse rabo ele começou a rir e falar:
- Eu tenho um rabo, ai meu deus eu tenho um rabo, meu sonho foi realizado, eu tenho um rabo!
Ele entrou em um espasmo de felicidade inacreditável, ele dançava com o rabo, beijava rabo, pulava de felicidade, girava, girava, girava e foi assim até que ele perder todas as suas forças e cair no chão em um sono profundo.
Era domingo por volta das 16 horas quando todos da vizinhança daquele rapaz são surpreendidos com um grito seguido de um choro inconformado, era a mãe daquele jovem que acabará de encontrar o filho morto dentro de seu quarto, com seus olhos arregalados, com sua língua para fora da boca e estrangulado com o lençol de sua cama.