O POLIGLOTA A MULA EO TATU CANASTRA
Sô Carlos Quirino era descendente de uma familia nobre e tradicional pertencente à elite de nossos antepassados. Oriundo dos primeiros desbravadores que adentraram os sertões no inicio da colonização do Brasil. Podendo afirmar que ele foi um digno representante de nossas raízes. Pelo seu dom de conquistar as pessoas, e pela facilidade e elegância com que constituía suas amizades.
Filho de pais abastados conseguiu o que para época era inédito; estudar numa boa escola. Não tenho conhecimento da causa que o levou abandonar os estudos. O fato é que ele além do domínio gramatical e ortográfico, falava varias língua e possuía um grau de instrução que poucos dos seus contemporâneos tiveram.
Conhecido pelo apelido de tio Carro, ele teve carta branca para entrar se sair em qualquer residência familiar, nas suas andanças pelo Vale do picão.
Por ocasião do espólio no vultoso patrimônio deixado pelo pai, ele abriu mão de tudo que lhe coubera, exigiu apenas um cavalo de sela e algumas mudas de roupa, nada mais.
Era cleptomaníaco, e cometia pequenos furtos. Roubava objetos como vara de ferrão, torquês, martelo, canivete, chicote, coisas insignificantes, pegava de um, e o doava, a outro, ao primeiro que encontrasse pela frente.
Respeitador e prestativo,exceto essa sua mania, nunca souberam de qualquer deslize que o desabonasse perante a sociedade. Estava sempre pelas estradas tangendo gado para os fazendeiros, sem nenhuma remuneração. Também não se sabe se lhe faltara nada, aonde chegasse tinha cama e comida.
Gostava de uma varinha de perobinha com ferrão para tanger o gado. Uma beldade dessas seria para ele o melhor presente. Certa vez cortei uma a margem do córrego da extrema, e a preparei com a intenção de lhe presentear.
Levou um tempo, ela guardada em minha casa. Um belo dia ele apareceu estava de passagem para uma de suas temporadas na fazenda do sô Pedro Araujo, ou Pedro Gato, com queiram.
--Bom dia ti Carro, há quanto tempo -, eu guardei esta varinha para lhe dar, e o senhor não aparecia!
--Acontece Nego que eu perdi minha minha mula, e demorei um tempo até que me arranjassem esse pangaré!
--Mas o que aconteceu-, sua mula ,foi picada de cobra e morreu?
-- Que nada Nego ela sumiu chão adentro!
--Como sumiu chão adentro tio Carro, caiu num buraco!
--Quase isso Nego, eu tava passando La pela mata do doutor Miguel na fazenda da ressaca, Vi um Tatu canastra cavando na beirinha da estrada,tentei arrancar o bicho do buraco, não consegui, amarrei a mula no rabo dele, e fui à fazenda arranjar um enxadão para arrancar o bicho, quando eu voltei, vi só o rabo da mula abanado lá no fundão da terra, era uma vez uma mula, fiquei a pé um tempão Nego!
Agora, essa varinha veio em boa hora, faz tempo que o Pedrinho do sô Pedro me pediu que arranjasse uma varinha para ele tocar os bezerros, eu vou levar ela a ele, você concorda?
--A vara é sua, tio Carro faça dela o que bem querer!
Sô Carlos Quirino era descendente de uma familia nobre e tradicional pertencente à elite de nossos antepassados. Oriundo dos primeiros desbravadores que adentraram os sertões no inicio da colonização do Brasil. Podendo afirmar que ele foi um digno representante de nossas raízes. Pelo seu dom de conquistar as pessoas, e pela facilidade e elegância com que constituía suas amizades.
Filho de pais abastados conseguiu o que para época era inédito; estudar numa boa escola. Não tenho conhecimento da causa que o levou abandonar os estudos. O fato é que ele além do domínio gramatical e ortográfico, falava varias língua e possuía um grau de instrução que poucos dos seus contemporâneos tiveram.
Conhecido pelo apelido de tio Carro, ele teve carta branca para entrar se sair em qualquer residência familiar, nas suas andanças pelo Vale do picão.
Por ocasião do espólio no vultoso patrimônio deixado pelo pai, ele abriu mão de tudo que lhe coubera, exigiu apenas um cavalo de sela e algumas mudas de roupa, nada mais.
Era cleptomaníaco, e cometia pequenos furtos. Roubava objetos como vara de ferrão, torquês, martelo, canivete, chicote, coisas insignificantes, pegava de um, e o doava, a outro, ao primeiro que encontrasse pela frente.
Respeitador e prestativo,exceto essa sua mania, nunca souberam de qualquer deslize que o desabonasse perante a sociedade. Estava sempre pelas estradas tangendo gado para os fazendeiros, sem nenhuma remuneração. Também não se sabe se lhe faltara nada, aonde chegasse tinha cama e comida.
Gostava de uma varinha de perobinha com ferrão para tanger o gado. Uma beldade dessas seria para ele o melhor presente. Certa vez cortei uma a margem do córrego da extrema, e a preparei com a intenção de lhe presentear.
Levou um tempo, ela guardada em minha casa. Um belo dia ele apareceu estava de passagem para uma de suas temporadas na fazenda do sô Pedro Araujo, ou Pedro Gato, com queiram.
--Bom dia ti Carro, há quanto tempo -, eu guardei esta varinha para lhe dar, e o senhor não aparecia!
--Acontece Nego que eu perdi minha minha mula, e demorei um tempo até que me arranjassem esse pangaré!
--Mas o que aconteceu-, sua mula ,foi picada de cobra e morreu?
-- Que nada Nego ela sumiu chão adentro!
--Como sumiu chão adentro tio Carro, caiu num buraco!
--Quase isso Nego, eu tava passando La pela mata do doutor Miguel na fazenda da ressaca, Vi um Tatu canastra cavando na beirinha da estrada,tentei arrancar o bicho do buraco, não consegui, amarrei a mula no rabo dele, e fui à fazenda arranjar um enxadão para arrancar o bicho, quando eu voltei, vi só o rabo da mula abanado lá no fundão da terra, era uma vez uma mula, fiquei a pé um tempão Nego!
Agora, essa varinha veio em boa hora, faz tempo que o Pedrinho do sô Pedro me pediu que arranjasse uma varinha para ele tocar os bezerros, eu vou levar ela a ele, você concorda?
--A vara é sua, tio Carro faça dela o que bem querer!