AS VOLTAS QUE O MUNDO DÁ
Na vida ha muitos causos e fatos,
do qual fazemos meros relatos
e nem sequer tiramos lição.
Se inventados ou realidades,
Trazem em seu bojo, verdades
que servem para nossa reflexão
O causo que abaixo descrevo,
aconteceu de fato num enlevo,
levado por uma tradição malvada.
A Região donde o fato foi ocorrido,
um lugar ermo, deserto esquecido,
parecia terra por Deus, amaldiçoada.
Da civilização ficava bem distante,
um povoado pobre e insignificante,
para a economia deste grande pais.
Alem do que, nem estrada tinha,
quem pra lá ia ou quem de lá vinha,
só fazia em lombo de animais.
Alem de tudo, a fama que o denegria,
é que naqueles cafundó existia,
um puteiro conhecido em toda região.
Pelas pessoas de bem era renegado,
um grande santuário do pecado,
que acolhia os filhos da perdição.
As meninas donzelas de família,
se nos entremeios da vida se perdia,
era o costume do povo antigo.
Sem ressentimento, sem choro nem ais,
eram expulsa de casa pelos pais
e lá na zona que buscavam abrigo.
São muitas as histórias contadas,
de famílias que foram desgraçadas,
em nome de tão cruel tradição.
Pois por orgulho de toda família,
de forma alguma, um pai permitia,
em casa, uma filha em tal situação.
Foi neste antro de perdição,
embrenhado em meio ao sertão,
que o milagre da vida aconteceu.
Veja como a vida se desdenha,
uma inocente donzela ficou prenha,
numa prova de amor que deu.
O namorado um grande covarde,
deu nos pés no primeiro alarde,
não cumpriu com o prometido
Deixou a menina só, desamparada,
sem o namorado, inocente a coitada,
contou aos seus pais o acontecido.
Pra família não ficar falada,
expulsa de casa, desesperada
e ao puteiro a menina recorreu.
Como o costume do lugar,
aquela casa sem questionar,
com presteza a menina acolheu.
Era uma menina de pouca idade,
estava ainda na puberdade,
mas assumiu com garra o erro seu.
Trouxe ao mundo um belo menino,
mas por força do cruel destino,
ao dar a luz, a pobre mãe morreu.
A morte da pobre menina,
a quem Deus, pra vida predestina,
foi um simples acontecimento.
Ninguém chorou sua partida,
nem os pais que lhe deram a vida,
tiveram este nobre sentimento
Por sorte momentos antes,
com desespero em seu semblante,
A amiga Alice confessou baixinho.
Disse o nome do pai da criança,
pediu segredo e com confiança,
que cuidasse de seu filhinho.
Tomadas por maternal sentimento,
ou pela emoção do momento,
o menino foi pelas damas adotado.
Era um ambiente austero à vida,
mas uma vez a morte vencida,
a adoção foi seu grande legado.
Naquele ambiente pecaminoso,
o menino crescia forte e viçoso,
e por todos era paparicado.
Mas com faltas de recursos do lugar,
o menino não podia estudar,
cresceria analfabeto o coitado?
Vivendo naquele ermo perdido,
um lugar pobre, desprovido,
de escola ou outra tipo de educação.
Contando com os recursos do oficio,
se desdobrando em sacrifício,
tomaram uma firme decisão.
Mandaram então o menino,
para uma instituição de ensino,
na cidade, longe daquele rincão.
Foi numa escola matriculado,
o menino parecia muito esforçado,
aprendia com rapidez a lição.
Bem depressa o tempo passou,
muita coisa por lá mudou,
e o menino se tornou homem honrado.
Sua história ficou para traz,
pois agora aquele belo rapaz,
é um médico conceituado.
Desde o seu nascimento,
até o presente momento,
o menino só trouxe alegria.
Transformou aquele puteiro,
e ao lugarejo por inteiro,
levando a paz e cidadania.
Ate aquele antro de perdição,
perdeu o sentido, a razão,
de ser tão amaldiçoado.
Um dia chegou a estrada,
aquela terra abandonada,
era agora um promissor povoado.
Tinha, igreja, tinha escola e posto,
e muitos até faziam gosto,
de morar num lugar tão bonito.
A triste estória do rapaz,
era coisa que ficou para trás,
muitos diziam ser um mito.
Mas nem tudo estava esquecido,
o passado foi revolvido,
com uma moça que ali chegou.
Era uma jovem senhorita,
corpo esquio, muito bonita
que do rapaz se enamorou.
No começo um namoro banal,
embora formassem um belo casal:
a enfermeira e o doutor
O relacionamento tornou serio,
já não era nenhum mistério,
estavam envolvidos pelo amor.
A Alice, velha dama do Puteiro,
casou com um fazendeiro,
e foi embora daquele lugar.
E como mudado de vida tinha,
era raras as vezes que vinha,
visitar o seu antigo lar.
Mas foi numa destas visita,
que teve a graça bendita,
de conhecer a famosa donzela.
Mas ficou de queixo caído,
quando ficou esclarecido,
filha de quem era ela.
Sem delongas e sem receio,
chamou as colegas e sem rodeio,
revelou o segredo guardado.
As madames ficaram apavoradas,
com triste tragédia anunciada,
Para um namoro tão desejado.
Chamaram o rapaz de lado,
e tomando todo cuidado,
fizeram a triste revelação.
E pra seu descontentamento,
ele soube naquele momento,
que da noiva, ele era irmão.