AS CASCAS DE BANANAS

Na sua infância viveu embrenhado em meio ao árido sertão do nordeste onde o que se via era só desolação em meio a caatinga seca, ossada de animais mortos vitimados pela cruel estiagem que abrasava a região onde se via a vida minguar dia após dia e a fome assolava e vitimava todo ser vivente.

Fugindo a cruel seca, deixaram este mundo cruel e desumano para traz, vieram para terras do sudeste, onde a chuva abundante lhes dava o sustento para si e sua prole e de certa forma, aculturado ao novo modo de vida, acabou por esquecer as dificuldades sofridas ainda na infância pois, desde que vieram para este paraíso, as dispensas sempre estavam abarrotadas de mantimentos e a fome era coisa do passado que raramente eram lembrada.

Mas já diziam os antigos que tudo nesta vida passa, os bons tempos se foram, uma serie de infortúnios acabou acometendo o pobre homem e sua família de tal forma que abundancia se tornou em escassez, a tulha abarrotada se esvaziou de vez e o homem se fartava com bananas colhida na pequena propriedade mas isso o deixava perturbado, pois temente a Deus que era, sempre pedia para que fome não batesse a sua porta mas somente contava com as bananas para alimentar a si e sua família.

Certo dia caminhando por uma estrada rumo a cidade que distava alguns quilômetros de sua pequena propriedade, levava consigo o propósito de conseguir comprar alguns alimentos para si e sua família e, devido a viagem ser ser longa, também levava a tiracolo uma bela penca de bananas, na medida em que a fome atacava, retirava uma banana da velha mucuta de pano de saco de açúcar, comia-a e jogava a casca para traz de si.

Após devorar uma meia dúzia delas, olhou para traz e viu um outro homem que caminhava ao seu encalço e a cada casca de banana por ele descartada, o outro afoitamente, as catava e comia na ânsia louca de matar a fome.

Foi então que ele compreendeu a grandiosidade daquele Deus que ele confiava, podia não ter fartura como de costume, mas nunca deixou faltar banana para alimenta-lo.

Maciel de Lima
Enviado por Maciel de Lima em 09/03/2014
Reeditado em 09/03/2014
Código do texto: T4721119
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