O PAPA LANCHE EM VELÓRIO

Na minha idade e neste mundo louco em que vivemos nada mais me surpreende. Há tempos que o impossível passou a ser possível. Viver sem trabalhar, por exemplo, se virando de todas as formas é a coisa mais possível e normal atualmente. Tem gente que nunca trabalhou se quer um dia na vida, e aparentemente vive em melhor situação de muitos que vivem ralando.

O natal é uma das melhores, ou talvez a melhor época, para se atuar como penetra. Após o natal recém passado eu soube de mais uma artimanha para se dar bem, pelos aproveitadores nas modalidades de boca livre. Ser penetra em velório.

Um elemento desses vacinados contra o trabalho, e que se considera já filho de nossa terra, embora não o seja, entrou em nosso estabelecimento portando uma sacola decorada com figuras natalinas, cheia de iguarias. Puxando assunto eu disse a ele:

--Você se deu bem, o papai Noel foi generoso com você? Com aquele seu tradicional sorriso amarelo ele retrucou:

- Generoso que nada eu suei para conseguir isso!

Você suando, quando? Já me disseram que o dia que você suar no trabalho tem qualquer coisa errada, inclusive que se isso acontecer, seu suor poderá curar até peste de unha em vaca velha!

Ta duvidando de mim? Eu fui de penetra num velório, que nem sei que defunto era, no arremate dei uma mão carregando os equipamentos funerários, me deram o que sobrou do lanche. Foi bom com isso aprendi mais uma forma de me dar bem. Dar uma mãozinha no fim dos velórios e ganhar o que restou do lanche.

Quem ouviu seu relato ficou esconjurando.

--Cruz credo eu não tenho coragem de comer isso sei La se esse morto vem à noite me cobrar!

--Ah quem já viu morto voltar morreu vai direto para o buraco, debaixo daquele montão de terra, não sai de jeito nenhum! - Essa foi sua resposta.

Mas afinal de contas o que podemos esperar de um ser humano capaz de manter sua mãe morta por mais de vinte dias amarrada a uma cadeira, tentando mumificá-la com aplicações de formol?

Esse é um episódio, que ocorreu com esse elemento, no final de fevereiro e inicio de março de 2009 deixando nossa comunidade aterrorizada.

Enclausurado em sua residência ele passou treze anos sem que ninguém o visse. Só a mãe aprecia em publico afirmando que ele estava no Rio de Janeiro sua terra natal.

Quando a mãe, que era cliente no mercado, já enfraquecida pelo peso da idade, e portadora de uma cardiopatia, foi impossibilitada de se locomover para efetuar suas compras, ele apareceu solicitando-as pelo telefone, exigindo a entrega em seu domicilio.

Estranhei ao receber seu telefonema, preparei seu pedido e fui pessoalmente entregá-lo, não tive permissão para entrar por tanto não o vi. Ela me recebeu com a porta entreaberto, fez o cheque com grande dificuldade. Foi a ultima vez que a vi. A parir daí, ele, aparecia na porta levava o cheque a ela La dentro, não permitia ao entregador entrar na sala. Até que passou ele próprio assinar o cheque uma vez que era conta conjunta. Ninguém percebeu que ela poderia estar morta. Quando ele viu seu intento em secar o corpo da mãe, frustrado procurou um agente funerário para providenciar seu sepultamento. A polícia foi acionada pelo agente e o prendeu.

Surgiram as mais variadas opiniões para justificar o ocorrido. Seria ele um psicopata-, ou apenas um psicótico necessitando de tratamento? Na oitiva policial, ele justificou amar a mãe demasiadamente e não queria perdê-la, mas na verdade, todas as evidências indicavam o mesmo fator; ele nunca trabalhou e pretendia manter o corpo da mãe escondido para continuar recebendo seu beneficio do qual era dependente.

O pai ao saber do falecimento da ex-esposa tentou resgatá-lo. Embora decepcionado com seu procedimento quisesse o acolher, mas logo percebeu ser perda de tempo.

" Leia na categoria crônicas 10º texto da página 03 PSICOSE O FILHO QUE TENTOU MUMIFICAR A MÃE "

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 30/12/2013
Reeditado em 30/12/2013
Código do texto: T4630737
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.