Fuzuê na Festa do Halloween
A Múmia, o Drácula, um Fred Krueger e um bando de mortos-vivos dançavam o créu, o tchan e o tchetchere tchêtchê. O Lobisomem bebia cuba livre e ponche. Já um sujeito de capuz preto e máscara do filme Pânico atacava de Red Label com Redbull entremeados a doses de Jurupinga.
A atração era Juca Pitoco, lenhador de bonsai, um anão em carrara esculpido o cantor Belo (ou escarrado e cuspido). Juca Pitoco era lindo e belo como o pagodeiro Belo. Tingira a cabeleira de ruivo, passou gel cola, vestiu um macacãozinho e virou o Boneco Chucky.
- Olhem lá, o Brinquedo Assassino fazendo o quadradinho de oito, gritou Iara, fantasiada de Morticia, da Família Adams, de repente, ela girou sobre os calcanhares, tremelicou os ombros, puxou a barra da saia e soltou uma gargalhada ruidosa, assombrosa, tenebrosa, horripilante (idem a gargalhada que encerra o clipe de Thriller, do Michael Jackson), porém numa versão em voz feminina.
- Quanto perna-de-calça, hehe! Quanto macho bonito, hahaha! Exclamou rindo sua risada medonha. Arrancou o cigarro da mão do Coringa do Batman, cerrou a guimba com os dentes e a cuspiu longe. Deu uma longa baforada no marlboro sem filtro. E uma longa, longa risada.
O jogo de luz que a equipe de Dj's instalou lançava feixes de luz estroboscópica - é o clarão daquele pisca-pisca que parece nos deixar em câmera-lenta, tudo em sincronia com o globo luminoso rítmico que alternava suas cores acompanhando o batidão funk.
- Que isso Iara? Que isso Morticia? Perguntou um carinha fantasiado de Eddy, o mascote dos metaleiros do Iron Maiden. O morto-vivo que ilustra a capa dos álbuns dos metaleiros.
- Ah, seu broxa, aqui não tem Iara. Eu sou a Pombajira Sete Ventos, hahuhahahuhuhaha!!! Aquela gargalhada Thrilleriana.
Com as mãos na cintura se dirigiu aonde estava o Jack da Lanterna, a famosa abóbora do Halloween. Na mesa, envolvendo crânios de plástico, estendia- se como enfeite, uma bela guirlanda de rosas vermelhas. A 7 Ventos apanhou a mais vistosa e prendeu numa madeixa de seus cabelos negros (mais negros que a asa do morcego).
Os Dj's obedeceram quando ela fez um sinal para que parassem a música. Rodou o salão com a mão na cintura, fazendo caras e bocas, bebendo champanhe e tragando marlboro sem guimba. De repente, não mais que de repente, estancou, gargalhou e cantou o ponto:
"Pombajira quer tomar chochô
Pombajira quer tomar chochô"
E só foi embora quando trouxeram chochô para ela bebericar (depois de horas para descobrirem que chochô era banha de óleo de coco).
*Inspirado no samba 'Pombajira Halloween', de Nei Lopes e Ruy Quaresma.
*Inspirado no samba 'Pombajira Halloween', de Nei Lopes e Ruy Quaresma.