A HISTORIA DE ZÉ MINGUTA
Zé Minguta, era um caboclinho muito simples e acanhado, mas era bem conhecido por todos naqueles lado, não por ser trabalhador ou qualquer outro legado mas sim pela vagabundice, que diziam do pai havia herdado. Chegava cedo no boteco e por lá passava o dia, e todo freguês que entrava, uma dose de cachaça ele pedia, e uma vez embriagado, com todo mundo ele bulia, só quando a noite chegava, catando frango, pra casa ele ia.
Era triste a sina do rapaz, que na flor mocidade, não valia um vintém, era a mais pura verdade, não tinha estudo, não tinha nada, era um Zé ninguém, muitos até o maltratava e ele sempre dizia amem, pois um homem em tal estado, nem brios na cara tem.
Assim era o Zé Minguta, filho da Dona Izolina Benzedeira, mulher de muita garra e famosa parteira, e não havia na região viva alma, que queira ou não queira, á Izolina não tivesse acorrido nas horas das pasmaceira, o que fazia ser muito querida, pela região inteira, a ponto de que todos relevassem, de Zé Minguta, a bebedeira.
Izolina era uma viúva que teve um filho só, ela e o Zé Minguta viviam numa pobreza de dar dó, não tinham sequer um gato, pra puxar pelo rabicó, viviam num sitiozinho, embrenhado nos cafundó. Dona Izolina , era uma mulher de muita fé, não só nas reza que fazia, pra bota os doente em pé, mas vivia sempre dizendo: Dia destes se Deus quizé, Ze minguta há de apruma e arruma uma boa muié! Muitos faziam chacota, vejam o amor de mãe como é.
Vai dai que certo dia correu pelo bairro um relato, o Ze Minguta diziam ás mas línguas, tornou-se um homem de fato, que havia deixado de ir à venda, isso não era mero boato, restavam aos curiosos saber, a razão de tal ato; mas não demorou muito para que chegasse a informação: O Ze Minguta havia sido picado pelo bicho da paixão, estava caído de quatro pela filha do Tunicão, um forte sitiante, sistemático e de muita opinião, cujas terra divisava com as de Minguta lá no alto do espigão.
A noticia chegada, trouxe aos crentes novo alento, ainda bem que o Jovem Zé Minguta tinha tomado tento, já não se via ele embriagado, dormindo pelo relento, embora muitos duvidassem de Minguta tal discernimento, mas noticias que chegavam, confirmavam seu comportamento. Diziam todos que o romance tímido, aos pouco foi se arranjando, Tunicão era enérgico e uma ordem ao rapaz logo foi dando, se é queres a mão da minha filha, trate de ir se aprumando, deixe de ser vagabundo, torne-se um homem honrado e si fizer alguma besteira, vai ser mal o resultado, lhes capo e jogo os bagos, que pelos cães serão devorado, pois não quero ser avó, de um filho abastardo.
Com a chance que lhe foi dada, ele tomou outro caminho, transformou totalmente, como da água pro vinho, mudou de modos, mudou de vida, diziam até que ficou aprumadinho, e que junto com Rosalinda, formavam um belo casalzinho. A fé que a mãe tinha em Deus e Nossa Senhora, trouxe novo alento a vida daquela bondosa senhora, pois o socorro vem a tempo, pra quem crê nunca demora, mais feliz continuou no oficio que tinha desde outrora, pois via o filho querido, bem tratado nora, e sonhava com os netinhos, correndo terreiro afora.
Já com o casório marcado, Zé minguta vai a vila, ela fica em casa, morrendo de medo de uma recaída, Ze Minguta passa a venda, mas não toma nenhuma bebida, sinal que o rapaz, tinha mesmo mudado de vida e o vendeiro curioso, puxa uma conversa descabida, mas dá com os burros n´água e fica com a cara desenxabida, quando Zé Minguta percebendo, dá-lhes respostas bem sabida.
__ Sumiu! Como ocê tem andado Zé?
__ Andado com os meus Pés, Ué!
__ Por onde tens andado, Ocê pode me falá
__ Pisando na terra, inda num aprendi vuá
Sem resposta esperada pra matá sua curiosidade, o negocio foi enviar a viola no saco e espera outra oportunidade, do caboclinho nada pode retirar, esta é a mais pura verdade, Zé minguta mesmo na caipirice, encontrou dignidade, quem diz que a fé não remove montanha é porque nunca passou por necessidade, até hoje lá no bairro todos conhecem a história de Zé Minguta e Rosalinda, que ficou pra posteridade.