Faça-me um favor.
Todos esperam que a morte venha apenas na velhice, todos panejam nascer, crescer, viver várias histórias hilárias, apaixonar-se, casar-se, ter seus filhos e só então morrer. Entretanto nem todos têm a oportunidade de realizar esses planos, alguns têm suas vidas interrompidas por causa de acidentes, outros por doença incurável e outros por puro desleixo que é o meu caso.
Sou um homem ainda jovem de vinte e oito anos, estou internado em um hospital nas ultimas, ninguém que me falar isso, mas sinto que não verei o dia de amanhã, tenho certeza que morrerei esta noite, pois a cada movimento que faço sinto-me mais fraco e a certeza de minha partida é mais evidente.
Pensando nisso levantei-me de meu leito, sendo obrigado a fazer um esforço imenso, rastejei-me até o banheiro, chegando lá, parei diante do espelho, eu estava ofegante, meio zonzo olhei para cama e pensei:
- Estou só o bagaço, caminhei menos de cinco metros e pareço estar mais cansado que alguém que correu uma maratona.
Depois de pensar nisso comecei a observar meu rosto, então vi as marcas, as cicatrizes causadas pelas minhas escolhas e tive a certeza que todas as escolhas que fiz durante minha breve vida acabaram comigo, Meu rosto estava quase irreconhecível e atordoado com as lembranças disse com uma voz fraca e agonizante:
- É sou um jovem, porém velho decrepito na beira da morte, mas não posso me arrepender de tudo que fiz, pois mesmo que curta, minha vida foi ótima, cheia de mulheres, tabacos, álcool, uma totalmente desregradas, uma típica vida de Boemia que foi simplesmente incrível.
Ir até o banheiro foi difícil, mas retornar até a cama foi um sacrifício muito maior e quando enfim sentei-me na cama, toquei uma campainha que tinha por ali, foi quando uma enfermeira entrou correndo e perguntando:
- O que aconteceu, algum problema?
- Não senhorita, mais quero lhe pedir um favor, posso?
- Ah, sim, se for possível eu o ajudo.
- Pois bem, é simples, peça aos meus pais para virem aqui conversar comigo.
- É só isso?
- Aham.
A enfermeira saio e pouco depois meus pais entram no quarto, minha visão já estava muito turva, minha respiração mais pesada, certamente era consequência do esforço anterior e graças a isso não pude distinguir seu foi meu pai ou minha mãe que pergunto se eu estava bem, mas como isso não vinha ao caso, juntei todas minhas forças restantes, olhei para eles com um leve sorriso de satisfação e disse aos dois com uma voz ofegante:
- Pai, mãe... chamei-os aqui... para que eu possa me despedir de vocês... não quero vê-los chorando então espere eu ir.... pois quando nasci... eu é que chorava e vocês sorriam... não intendia nada... hoje quando eu me for... sei que vocês choraram... mas eu estarei sorrindo... e continuarei sem intender nada...
Um breve silêncio se fez no quarto, enquanto meus olhos perdiam seu brilho e a imagem de tudo sumia em minha mente, fui capaz de sorrir e perceber o choro de pesar de meus pais.