O CAIPIRA E O FRUTO PROIBIDO

Meu conterrâneo João coitado era o segundo filho de uma mãe solteira, nasceu numa época que a mulher enfrentava um preconceito doentio. Se caísse na desventura de se engravidar sem se casar, comia pão que o diabo amassou tamanha era a discriminação e o preconceito.

Jovita criou seus dois filhos com o milagre que toda mãe excluída o faz. O mimo e o carinho de mãe.

Deus sabe como foram as dificuldades. Época em que nem se falavam em linha de pobreza, provando que as autoridades detentoras do poder não dava a mínima para os pobres.

João o coitado cresceu lavrando a terra, mas talvez por ser criado subnutrido não rendesse muito no trabalho foi sempre rejeitado. Tinha dificuldade em arrumar trabalho e com isso era taxado de preguiçoso. Aprendeu a arranhar um violão e fazendo dupla com o irmão que não chegou a ser um gênio, mas teve um bom desempenho como tocador de bandolim, conseguiu com essa aventura amolecer e arrancar suspiros do coração das caboclinhas, que sem muita opção de lazer caíam de amores pela dupla.

O mais velho como tinha mais intimidade com o trabalho se deu razoavelmente bem na vida, construindo uma família mais bem estruturada. Mas o pobre João Coitado teve mais amargura que alegria, casou com uma moça criada sem mãe, filha de um carpinteiro grosseiro e xucro faltaram à pobre mulher orientação e carinho materno, com isso ela não tinha nenhuma iniciativa como dona de casa.

Embora sendo cortejado por várias pretendentes, João Coitado casou virgem, o caipira teve sua primeira experiência com esposa também virgem. Como diz o ditado popular, quem nunca comeu mel de abelha, quando come se enlameia. Foi o que aconteceu com o casal. Provaram do fruto proibido e acharam que estavam realmente no paraíso, não tinham hora nem limites para praticar o ato, era em casa, no trabalho, carpindo roça, aonde ele ia, ela ia atrás não importava o local, se não tivesse uma moita, donde se podia se esconder deitava no descampado mesmo.

João Coitado passou a não trabalhar imaginando que poderia viver apenas de amor. A mulher dava um jeitinho ia à casa do pai e por lá se alimentava, voltava pra sua casa revigorada e querendo mais. Até que o marido subnutrido e defasado de tanto praticar sexo, pirou de vez. E começou a delirar. Numa tarde qualquer estava ele debaixo de uma tremenda chuva deslizando os pés no chão com uma peneira velha na mão usada como se fosse e um volante, urrando imitando um caminhão atolado, tentando subir a rua, quando da janela de sua casa uma senhora o abordou:

-- Que isso Joãozinho vem pra dentro, fuja da chuva criatura!

-- Dona veja se tá pegando a traseira pra mim!

--Vem pra cá homem de Deus você adoece!

-- A dona não entende do artigo o jeito é descer da boleia e conferir!

-- Pataráto, pataráto, pataráto, vou buzinado pra casa to morreno de sodade da muié-, tiau viu dona!

Querendo resolver o problema na base do chicote o sogro, por ser um homem violento teve de ser contida, pela autoridade local que os conduziu a delegacia, onde foram orientados a procurar um tratamento médico para o João Coitado. Feito isso o medico recomendou apartar o casal durante um bom tempo. Deu certo trabalho, foi necessário o sogro armado de espingarda, manter uma vigilância acirrada sobre a filha, só a devolvendo depois que o genro estava completamente curado, e após juras e promessas de conter seu apetite sexual.

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 02/09/2013
Reeditado em 02/09/2013
Código do texto: T4463060
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.