O SANTO E O CABRITO
Um caboclinho muito simplório e humilde vivia entregue as sua paixão de criar cabras. Embora de família distinta da região, era desleixado, não cuidava bem do corpo, vivia todo molambento mas, apesar da sua aparente demência, tinha um fé muito grande em São Benedito, padroeiro do bairro em que morava.
Vai daí que certa época tudo começou a dar errado no seu criame de cabra, talvez até pela falta de higiene do chiqueiro, tanto é que algumas morreram, outras acabaram perdendo a cria e o negocio parecia ir de mal a pior quando o rapaz, fervoroso que era, fez uma promessa ao santo.
__ “Ah meu São Binidito, se o sinhô cura minha cabrinhas, ano qui vem ti dou di presente o mais bunito cabrito qui tive no meu cabritá”
Promessa feita, o negocio agora era esperar e crer para ver.
Neste meio de tempo, um doutor veterinário passou que por lá, vendo a precariedade da criação e vendo o desatino do criador, deu algumas orientações de manejo e higiene que o menino seguiu conforme suas capacidade de execução, porem foi o suficiente para que o plantel melhorasse.
Já bem próximo a festa do santo padroeiro, ele lembrou da promessa feita e achou oportuno levar o presente prometido ao santo, escolheu do rebanho o cabritinho mais sadio e vistoso para a oferenda e, amarrando um corda em seu pescoço levou quase que arrastado até a capela onde, aos pés do santo pronunciou palavras de agradecimento e ofereceu o animal a imagem, insistindo para que ela pegasse a oferta, porem por mais que insistisse logicamente que a imagem permaneceu calada. Como o santo nada falou, ele decidiu deixar o cabrito mesmo assim, pois promessa era promessa e se não fosse cumprida, todo o seu rebanho poderia sofrer as consequências de uma maldição do santo, assim amarou o animal aos pés da imagem, se despediu do santo e saiu da capela
Tendo distanciado alguns metros da capela, derrepente ouviu-se um barulho e o berro do cabrito, olhando para traz viu o animal que assustado com alguma coisa, saiu correndo de dentro da capela levando a imagem de São Benedito arrastado na ponta da corda e foi então que rindo do que via, na sua santa inocência exclamou:
__ Ai negão orgulhoso, na hora qui eu ofereci ocê num quis pegá, né! agora tá ai, correno atráis, néé!.