A CADELA QUE VISITA O MORTO NO CEMITÉRIO

Ao falecer em janeiro de 2011, o saudoso tijolo o alcoólatra mais popular e cômico que conhecemos, deixou um imenso vazio em nossa terra, não só aos seus conterrâneos, mas também aos dois mais fiéis amigos, seus guardiões. Um casal de cachorros, que durante anos perambularam pelas ruas de nossa comunidade, o acompanhando na sua peregrinação, atraídos pela comida cedida a ele, por seus conterrâneos,e que era divida com eles. Os animais que o adotaram como seu dono, o defendiam de uma maneira incrível de unha e dentes. Bastasse alguém tocá-lo eles avançavam o defendendo. Uma atração aos seus colegas que varavam as noites em suas bebedeiras, molestando os animais, simulando uma agressão ao tijolo, simplesmente para irritar seus dois guardiões.

Talvez nenhum amigo ou mesmo seus familiares tenham ficado tão tristes e sentido tanto sua morte, como esta sua dupla de amigos, seu casal de cachorros. Desolados ficaram a perambular pelas ruas a sua procura uivando na solidão da noite, por um longo tempo. O cão não se sabe por onde anda, mas a cadela permaneceu, na rua defronte ao bar do casal que cuidou do seu dono em seus últimos momentos de vida, e que acabaram a dotando. Uma vira lata amarela de médio porte que passou frequentar os velórios ocorridos após sua morte, e os acompanhando até o cemitério. Conforme pude comprovar esta semana por ocasião do sepultamento de um meu parente e amigo, por sinal muito bem quisto na comunidade o nosso estimado Zé do Elpidita.

Ao chegarmos ao cemitério uma senhora apontado para a cadela me chamou atenção para o acontecimento:

---Veja ai a cadela do tijolo, ela participa de todos os velórios e os acompanha até aqui, observe e veja ela vai direta a sepultura dele.

- Imaginei que ela estivesse blefando, e a segui, ela entrou no cemitério e realmente foi à sua sepultura abaixou o focinho farejou com se estivesse procurando algo em todo o entorno da cova, cheirou uma pequena cruz que a identifica, e voltou fazendo o mesmo percurso. Comentei com alguns dos presentes, vários entre eles afirmaram já terem observado o seu procedimento.Tivera todo

o ser humano este sentimento de gratidão e fidelidade, como tem um cão.

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 29/07/2013
Reeditado em 29/07/2013
Código do texto: T4409691
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