O CAIPIRA E AS FORMIGAS

Uma das espécies de seres viventes mais organizadas que existe na face da terra são as formigas. Não há um produtor rural que não as conheça e que já não tenha enfrentado sérios problemas com elas, dissipando suas plantações.

La pelos idos de 1966 ao adquirir nossa propriedade rural, minha esposa e eu, trabalhamos duro quase interruptamente, tentando cumprir nosso compromisso financeiro contraído na construção de nossa residência e em tudo de mais necessário na dinâmica da vida rural.

Não bastassem as intempéries climáticas frustrando nosso objetivo, vinham às pragas que destruíam a lavoura, dentre elas as formigas. Essa sempre foi à pior tamanha é sua organização preservando sua posteridade.

Comemos o pão que o diabo amassou, para custear nossos trabalhos não por falta de mão de obra muito abundante no extinto povoado do Picão, que situava próximo de nossa residência, faltou mesmo foi o poder aquisitivo para o custeio. Nenhum recurso por parte do governo como atualmente existe. Mas graças a Deus com perseverança e muito trabalho vencemos com dignidade.

Trabalhávamos durante o dia de sol a sol, enquanto as formigas a noite de lua a lua. Tirando-me o sono com tanto prejuízo causado por elas.

Vendo aquela luta para combatê-las, um danado de um idoso que fazia parte da turma que m nos prestavam serviço, me falou:

-- ingrassado ieu to veno ocê nessa peleja cas fumiga, e ieu tenho um jeito de caba quessa praga baratim, baratim, judei dimais o pai mata fumiga presse mundão tudo praí afora.

--Que isso seu Pedro conta outra a gente nunca sabe quando o senhor fala sério!

--socê num cridita prigunta pressa veiarada daqui, mode cevê si num falo verdade, essa fazenderada dessa redondeza tudo gostava dimais do pai mode quel acabô cas furmigas prestudo.

--Issé é segredo ieu num insino pra quarque um não mais procê qui ta mim ajudano mim dano sirviço ieu vô ti insino Cê vaivê num sobra ua fumiga mode i conta o causo. Manhã ieu vô trazê um tiquim do remédio procê isprementá, a dispois ocê memo pode fazê ele, é facim, facim. só tem um trem é ua simpatia ieu ixijo é ocê num insina pra ninguém sinão invés das fumiga morrê eza vai é omentá.

Não botei fé nenhuma na prosa do velho, uma vez que ele era brincalhão e safado pra caramba. No dia seguinte, no horário almoço, o safado tirou do bolso uma cornicha de pó de fumo e me entregou.

--Pra quê isso seu Pedro?

--É o rapé procê mata as fumiga cunforme ti prumiti,

--ocê pega mei tijolo, ôh inté um pedaço de caco de teia, ocê vai ponhá nu triu das fumiga bem na saída do fumiguero sameia um tiquim de pó de fumo quando as bichim sai eza vai cherá o pó na hora qui eza ispirrá eza vira de costa mode o ispirro quez deu, bate a nuca no mei tijôlo ô nu caco da teia morri tudinhu num iscapa ua pra contá prazota assim cu meu pai cabô cas fumigada desse mundo véi sem portera!

--Seu Pedro dê graças a Deus do senhor ser mais velho qui eu uns sessenta anos sinão o senhor ia apanhar até urinar nas calças!

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 22/07/2013
Reeditado em 22/07/2013
Código do texto: T4398565
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