Peixe ao Molho de Coco

Estava quase amanhecendo quando “Caboclo Ferreira” acompanhado do filho Izidoro chegam em casa. Eles haviam passado a noite pescando no açude do Coronel Ramiro. Num balaio Izidoro trazia o fruto da pescaria, eram aproximadamente 30 quilos de peixes entre traíras e curimatães, que seriam divididos entre Ferreira e o Coronel Ramiro, naquela Semana Santa.

Minervina, mulher de Caboclo Ferreira já estava acordada aquela hora da manhã, acabara de fazer o café num fogão de lenha, Pai e filho tomam o café, em seguida Ferreira arma uma rede no alpendre da casa, antes de deitar-se faz a seguinte recomendação para a mulher:

- Mulé to morrendo de sono, vô drumi e não me acorde prú nada nesse mundo !

Enquanto Ferreira se acomodava na rede para dormir, Minervima tratava de escolher os peixes, separando os maiores para o Coronel. Depois da escolha feita, passou a tratar os peixes que seriam consumidos no almoço.

Lá pelas dez horas da manhã Caboclo Ferreira ainda dormia no alpendre da casa, quando Minervina se aproxima da rede e passa a chama-lo:

- Caboclo, oh Caboclo, acorda home ! Falou a mulher

balançando o punho da rede.

- Acorda home de Deus !

Depois de várias balançadas finalmente Caboclo acorda, abre os olhos e aborrecido por ter sido acordado, passa a gritar para a mulher:

- Danada nun falei que nun era pra me acordá ! Que

mulesta tu qué mulé ?

- Eu to precisando de coco prá butá no peixe !

- Onde eu vô arranjá coco aqui mulé ?

- Na vazante do Coronel Ramiro !

- Mulé tu ta casada cum eu a mai de vinte ano, tu já viu

eu me atrepando em pé de coco ?

- Mai eu to precisando do coco ! E é prá já home !!

- Apois, eu não vou buscá coco não !

Minervina ficou danada da vida por não ter conseguido os cocos, então passou a maquinar um meio de ferir os brios do Caboclo Ferreira, então:

- Ferreira, tu em vei de calça devia era ta com a minha saia,

apois home que é home se atrepa em pé de coco !

Aquelas palavras foram demais para Caboclo Ferreira, ele mete os pés da rede e vai até a trás da porta da sala, apanha uma foice e sai correndo em direção a vazante do coronel Ramiro onde haviam vários pés de coco. Minervina logo atrás seguia os pass0s do marido.

Quando Caboclo chegou a vazante escolheu o mais alto dos coqueiros para subir. O coqueiro tinha uns vinte metros de altura, da metade até o topo tinha uma acentuada inclinação para a esquerda, sua projeção lá em baixo ficava exatamente em cima de um lajeiro.

Caboclo Ferreira enfia o cabo da foice no cinturão e passa a subir no coqueiro numa rapidez de uma lagartixa. Quando Ferreira chegou ao topo da de garra da foice e passou a derrubar tudo que encontrava pela frente, eram: palha, folhas, coco verde, coco seco, enfim tudo que estivesse a seu alcance, enquanto lá em baixo Minervina gritava:

- Ta bom Caboclo Ferreira! Tu vai vendê coco home ?

Ferreira não escutava o que a mulher estava falando, seus brios foram feridos, ele queria mostrar prara Minervina que também era “Macho”.

Quando o coqueiro estava praticamente pelado, Ferreira viu um único coco que ficou pendurado numa galha, mesmo de cabeça para baixo numa tentava alcançar o coco, naquele desespero Ferreira perde o equilíbrio, para não cair segurou numa das folhas do coqueiro a quase vinte metros do chão.

Lá em baixo, Minervina desesperada vendo o marido naquela situação, passa a gritar:

- E agora Ferreira, Cuma tu vai dessê ?

- Quando eu cansá tu vai vê “Cachorra da Mulestra” !

Minutos após Caboclo Ferreira despenca la de cima sobre o lajeiro. Na queda fraturou uma das pernas e os dois braços, mas estava de peito lavado, “Ninervina agora sabia que estava casada com cabra muito “MACHO”. . .