A ONÇA E A JUSTIÇA
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Recontando Contos Populares
Uma onça caiu numa cova bem funda e não podia mais sair de lá. Passou uma raposa e a onça pediu à raposa:
— Tira-me daqui!
A raposa respondeu:
— Isso não faço não, se eu te tiro daí, tu me comes.
A onça implorou a raposa, que perguntou:
— O que me fazes se te tiro daí?
A onça respondeu:
— Te faço justiça.
— Então, tu não me comes?
— Não, eu te faço justiça.
A raposa, então, pendurou o rabo no buraco e a onça segurou-o. E assim a onça saiu do buraco.
Mal a onça se viu livre, quis comer a raposa. E esta lhe disse:
— Ora, que justiça é esta?
A onça replicou:
— Eu tenho direito de lhe comer, pois estou com fome.
A raposa:
— Isto não é justiça, vamos procurar justiça.
Então, foram andando e passou um cachorro. Perguntaram a ele o que é justiça e contaram o caso. Então, o cachorro disse:
– Coma o que tem.
E a raposa falou:
— Então, coma ele, que é mais gordo do que eu.
Mas o cachorro pulou a cerca que estava perto e a onça não pôde agarrá-lo.
A onça e a raposa continuaram a procurar alguém que dissesse o que é justiça. Nenhum animal, porém, sabia dizer com certeza.
Então, viram pulando um sapo e indagaram dele o que é justiça. Ele declarou que precisava ver como foi a situação. A onça aí pulou dentro do buraco para mostrar como foi. E o sapo disse:
— A justiça está nisto; a onça fica onde está e a raposa segue o seu caminho.®Sérgio.
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Nota sobre o texto: Esta história foi contada por um preto velho, Lúcio Lenis, originário de Leopoldina, Estado de Minas Gerais, e residente em 1961, em Ribeirão Claro, Paraná.
Agradeço a leitura do texto e, antecipadamente, qualquer comentário.
Se você encontrar omissões/erros (inclusive de português), relate-me.