UM CONQUISTADOR BARATO QUE PAGOU O PATO

DOM JUAN O CONQUISTADOR BARATO PAGOU O PATO

Aconteceu lá pelo inicio dos anos cinqüenta, do século passado, Bom Despacho, com sua simplicidade engatinhava humilde sobre suas três colinas. Nada de luxo casas simples, gente pacata e ordeira com seus costumes de aldeia. Nossa cidade era uma camponesinha de tantas chaminés coreto na praça de ruas descalça. Aonde todos se conheciam s e se respeitavam mutuamente, fundamentados em tradicionais princípios morais. Apareceu para atuar em uma repartição publica um funcionário esnobando grandeza e superioridade, como se fosse o dono do pedaço, exibindo seu doutorado frente à humildade de nossa gente. Metendo-se a dom Juan, e querendo conquistar uma bela jovem, esposa de um dos mais conceituados cidadãos de nossa terra, acabou dando com os burros n’água, pagando o pato pela sua ousadia.

O meliante ao se dirigir ao seu trabalho na instituição publica a qual chefiava, passava sob um dos poucos prédios de dois andares existentes na cidade. Ele assediava a bela jovem jogando-lhe suas piadinhas e gracejos de mau gosto, tentando conquistá-la. De inicio sem perceber suas intenções educadamente, ela respondia suas saudações, mas logo que percebeu sua intenção passou a evitar estar à janela no horário de seu trajeto. Ele não se deu por vencido e postava abaixo de sua janela aguardando sua presença. Não suportando mais o assédio. Ela confessou ao marido o que vinha ocorrendo.

Obteve a seguinte orientação do esposo:

-- Da próxima vez você o convida a subir para tomar um cafezinho-, vamos lhe dar uma lição, que ele jamais esquecerá como se meter com a mulher do próximo.

- Naquela época o café era no bule, não havia os recipientes térmicos atuais. À tarde como o combinado, ao passar ele cheio de expectativa, aceitou o convite e subiu a escadaria.

Ela o recebeu cordialmente o conduziu a assentar à mesa da copa. Numa chaleira o café fervia. Numa bandeja uma pilha de jornais picados e uma bucha paulista recém colhida.

--Um momento senhor vou servir o café exclamou ela.

Colocando a chaleira sobre a mesa e demais ingredientes ela diz:

--Venha amor a mesa está servida, venha nos fazer companhia temos visita!

- De um quarto saiu o marido com seu revolver trinta e oito na mão e disse;

--Boa tarde, amigo! Que tal comer este recorte de jornais e tomar este café que minha esposa lhe preparou com todo carinho?

--Talvez o amigo aprecie mais a bucha paulista ela está ima delicia! Esteja à vontade, aqui é comer ou morrer--, sirva a ele meu bem!

Na mira do revolver sem alternativa embuchado com os jornais ele se queimou o suficiente para desaparecer de forma misteriosa abandonando o emprego e nunca mais foi visto na cidade.

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 22/04/2013
Reeditado em 24/04/2013
Código do texto: T4253316
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