´LAVAR A ÉGUA

A origem de a expressão lavar a égua, como tantas outras existentes, poderá até ser aceitável. Segundo contou-me um guia turístico semana passada por ocasião de minha visita a cidade de Tiradentes. Contou-me ele, que segundo reza à lenda, nas minas de ouro os escravos misturavam o ouro garimpado ao barro argiloso, e besuntava as crinas das éguas, à noite eles lavavam os animais recolhendo o precioso metal, roubando-o desta forma de seus senhores. Assim nasceu a expressão lavar a égua.

No fim da semana passada tive a oportunidade em visitar a terra natal do celebre mineiro José Joaquim da Silva Xavier (Tiradentes). Mártir da inconfidência mineira cujo sonho de liberdade consumou-se com sua trágica morte na forca.

No trajeto de São João d’El Rei a Tiradentes entre a serra São José e o Rio das Mortes, viajamos de carro em um trecho da estrada real, calçado de pedras, iniciando em santa Cruz de Minas até Tiradentes. Viajamos apreciando a bela paisagem incluindo uma cachoeira que despenca no topo da serra, e que leva o nome de cachoeira bom despacho como explicou o vigilante. No local existe um marco, entre tanto outros demarcando a estrada real, rota dos tropeiros e colonizadores que transpuseram os montes e serras daquela histórica região em busca de seus sonhos. Perguntei ao guarda responsável pela vigilância ambiental da área, mas ele não soube me explicar à origem do nome da cachoeira bom despacho.

Tiradentes, cidade de doze mil habitantes, cuja economia gira em torno do artesanato e do turismo. É admirável o respeito mantido pela tradição histórica de seus conterrâneos cultuando sua memória, como o filho mais ilustre que morreu sonhando com a liberdade. Entre os seus casarões preservados está a casa onde ele nasceu e viveu boa parte de sua vida e sonhou com a liberdade. Dentre as igrejas que também contam histórias, a de São Benedito construída a noite com o clarão da lua pelos escravos que eram proibidos de frequentar a igreja dos brancos, e durante o dia trabalhavam construindo a igreja dos ricos. A maior riqueza do acervo sacro está no interior da igreja dos brancos com as obras do mestre Ataíde discípulo de aleijadinho.

Tiradentes é o berço da liberdade com sua tradição e suas lendas, vale à pena conhecer este memorial histórico, sua paisagem e sua dinâmica que nos remete ao passado, e nos faz recordar as salas de aula quando falávamos da colonização, no quinto do ouro imposto por Portugal, num traidor de nome Joaquim Silvério dos Reis num poeta que contemplou as estrelas entre as grades de uma prisão clamando em versos seu destino para sua amada Barbara Eliodora. E tantas outras lembranças, cujas origens vão se perdendo no tempo, e estão escritas em suas ruas em seus casarões e estabelecimentos comerciais expondo o que há de mais belo em sua arte artesanal.

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 16/04/2013
Reeditado em 17/04/2013
Código do texto: T4243727
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