TEIAS DA VIDA

TEIAS DA VIDA

EU CORRIA PELAS RUAS

POR TODAS ELAS

CONHECIA PESSOAS, CASAS, CACHORROS;

EMBRENHAVA-ME PELAS VIELAS

ESTREITAS E SUJAS,

MUITAS ALMAS ALI VIVIAM

HOMENS BRIGAVAM DE FACAS,

MULHERES BUXUDAS, TÃO JOVENS,

OUTROS APENAS BEBIAM

ENQUANTO AS VIDAS SE-LHES ESVAIAM.

EU BRINCAVA ENTRE ELAS,

AS RUAS, QUE ME GUIAVAM;

EU CONHECIA AS NORMAS

O VALOR DE TODAS AS PEÇAS.

AS MULHERES AMAVAM

OS HOMENS TAMBEM SONHAVAM,

CRIANÇAS QUERIAM FESTA

QUERIAM LAPIZ E PAPÉIS,

OS CÃES LADRAVAM

MAGROS E MISERÁVEIS.

ENTRE FOME E MISÉRIA;

ENTRE AQUELAS VIELAS,

CORRIAM VIDAS

COMO SANGUE NA ARTÉRIA,

AS MULHERE BUXUDAS

PARIAM VIDAS PEQUENAS,

ALGUMAS DELAS IRIAM CRESCER

BRINCAR E SONHAR

COMO EU...

OUTRAS, PORÉM, IRIAM MORRER

AINDA MUITO JOVENS,

POIS AO INVÉS DE BRINCAR

APRENDIAM A ROUBAR...

APRENDI A ANDAR POR ELAS

VIELAS SUJAS E APERTADAS,

APRENDI A AMAR, A BRIGAR,

A SONHAR, A APANHAR,

ACOSTUMEI A PERDER, A CAIR,

MAS NUNCA DEIXEI DE LEVANTAR,

QUIZ MUITAS VEZES FUGIR

MAS O CORAÇÃO QUER AMAR,

ALGUMAS DELAS, ENTRE AS VIELAS;

PEDEM-ME PARA FICAR.

MEU CORAÇÃO TÃO APERTADO,

ENTRE PARTIR OU FICAR

COMO PODEREI ESQUECER

O MUNDO QUE ME VIU CRESCER?

O BEIJO QUE ME FEZ SONHAR

O SEIO QUE ME DEU PRAZER?

SE HOJE TENHO MEDO

NÃO É DO QUE POSSA ME ACONTECER,

MAS É DO QUE EU POSSA VER,

POIS, JÁ VI MUITOS JOVENS PERDIDOS,

HOJE EU NÃO QUERO SOFRER.

NADA DO QUE TENHO, QUERO PERDER.

ESSE TEMPO JÁ PASSOU

NÃO QUERO MAIS VOLTAR,

MEU AMOR O TEMPO LEVOU,

FOI-SE O TEMPO DE BRINCAR,

MAS ALGO AINDA RESTOU;

O DESEJO DE AMAR.

Gabriel de Oliveira
Enviado por Gabriel de Oliveira em 17/03/2007
Código do texto: T415736