TEIAS DA VIDA
TEIAS DA VIDA
EU CORRIA PELAS RUAS
POR TODAS ELAS
CONHECIA PESSOAS, CASAS, CACHORROS;
EMBRENHAVA-ME PELAS VIELAS
ESTREITAS E SUJAS,
MUITAS ALMAS ALI VIVIAM
HOMENS BRIGAVAM DE FACAS,
MULHERES BUXUDAS, TÃO JOVENS,
OUTROS APENAS BEBIAM
ENQUANTO AS VIDAS SE-LHES ESVAIAM.
EU BRINCAVA ENTRE ELAS,
AS RUAS, QUE ME GUIAVAM;
EU CONHECIA AS NORMAS
O VALOR DE TODAS AS PEÇAS.
AS MULHERES AMAVAM
OS HOMENS TAMBEM SONHAVAM,
CRIANÇAS QUERIAM FESTA
QUERIAM LAPIZ E PAPÉIS,
OS CÃES LADRAVAM
MAGROS E MISERÁVEIS.
ENTRE FOME E MISÉRIA;
ENTRE AQUELAS VIELAS,
CORRIAM VIDAS
COMO SANGUE NA ARTÉRIA,
AS MULHERE BUXUDAS
PARIAM VIDAS PEQUENAS,
ALGUMAS DELAS IRIAM CRESCER
BRINCAR E SONHAR
COMO EU...
OUTRAS, PORÉM, IRIAM MORRER
AINDA MUITO JOVENS,
POIS AO INVÉS DE BRINCAR
APRENDIAM A ROUBAR...
APRENDI A ANDAR POR ELAS
VIELAS SUJAS E APERTADAS,
APRENDI A AMAR, A BRIGAR,
A SONHAR, A APANHAR,
ACOSTUMEI A PERDER, A CAIR,
MAS NUNCA DEIXEI DE LEVANTAR,
QUIZ MUITAS VEZES FUGIR
MAS O CORAÇÃO QUER AMAR,
ALGUMAS DELAS, ENTRE AS VIELAS;
PEDEM-ME PARA FICAR.
MEU CORAÇÃO TÃO APERTADO,
ENTRE PARTIR OU FICAR
COMO PODEREI ESQUECER
O MUNDO QUE ME VIU CRESCER?
O BEIJO QUE ME FEZ SONHAR
O SEIO QUE ME DEU PRAZER?
SE HOJE TENHO MEDO
NÃO É DO QUE POSSA ME ACONTECER,
MAS É DO QUE EU POSSA VER,
POIS, JÁ VI MUITOS JOVENS PERDIDOS,
HOJE EU NÃO QUERO SOFRER.
NADA DO QUE TENHO, QUERO PERDER.
ESSE TEMPO JÁ PASSOU
NÃO QUERO MAIS VOLTAR,
MEU AMOR O TEMPO LEVOU,
FOI-SE O TEMPO DE BRINCAR,
MAS ALGO AINDA RESTOU;
O DESEJO DE AMAR.